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O comício 2. Duas horas de aquecimento para só 30 minutos com os dois candidatos tucanos

Esta (nem sempre) humilde página de internet estava presente sábado à tarde, no Largo da Locomotiva. Foi tentar ver (e ouvir, e anotar) o que os jornais, talvez, não tenham oferecido aos leitores nesta segunda-feira (na nota anterior, a notícia publicada por A Razão). Pelo menos esse era o nosso objetivo. Meu e do colaborador do site, Leonardo Foletto. Acompanhe, agora, o relato dele, exclusivo pra você:


“Um pouco mais que duas horas

Já são 16h, passados 30 minutos do horário previsto para começar a cerimônia que, pela primeira vez, traz o candidato do PSDB à presidência da república, Geraldo Alckmin, a Santa Maria. O largo da Locomotiva não está cheio; bandeiras amarelas e azuis tremulam ainda tímidas, ônibus apinhados de militantes chegam pela Avenida Presidente Vargas, o equipamento de som montado do lado do palco toca duas músicas incessantemente (o jingle da candidata a governadora Yeda Crusius e o de Geraldo Alckmin), e o calor do meio da tarde, pelo menos por enquanto, incomoda.

As poucas sombras são disputadas, os vendedores ambulantes circulam a toda hora vendendo água, refri e cerveja, enquanto que os que vão chegando se “armam” para o comício, buscando adesivos e bandeiras com os dirigentes de partidos presentes (o PSDB, obviamente, tem o predomínio natural das bandeiras, mas também o PTB, o PMDB e até o PDT marcam presença). Os que não parecem sentir tanto o calor são as crianças, que, em grande número, correm pelo largo como se estivessem em casa. São elas também as que mais procuram apetrechos dos candidatos – o que só parece confirmar a tese de que elas estão ali só para se divertir mesmo.

Ao lado do palco, no lugar onde os convidados vão chegar, um homem já de idade, vestido como um político – calça, sapato e camisa social – sai de seu carro com um enorme rolo com adesivos e, quando vê um guri sem camisa junto de sua família, não titubeia: “Vamos botar um adesivo nesse peito”, e cola um no peito nu do jovem, que olha para baixo e sorri, feliz com o seu mais novo brinquedo. A família silenciosamente agradece, e o homem continua distribuindo os seus presentes, não importando a quem, pois mesmo quem ainda não vota, um dia votará.

Por volta das 16h30 saem as primeiras palavras do alto-falante. Ao contrário do que a maioria imagina, é apenas para anunciar que o candidato em 10 minutos estará em Santa Maria. A desanimação no largo é temporária; logo, o primeiro a falar – representante da juventude do PSDB de Santa Maria – abusa do tom exaltado nas palavras, e a agora já multidão presta atenção, mais por estranhamento e expectativa do que qualquer outra coisa. Alguns minutos depois e alguns gritos exaltados são ouvidos; não é o candidato chegando, mas sim a reação indignada das pessoas provocada pelas palavras “ladrão” e “sem-vergonhas”. Para os que estão ali, não é preciso dizer a quem as palavras se referem.

Por volta das 17h o calor começa a diminuir, o sol já fica encoberto pelas nuvens, que prenunciam uma chuva para breve. Mas o breve talvez não parecesse ser tão breve, já que nem 10 minutos depois os primeiros pingos começam a cair. O espaço logo em frente ao palco, desprotegido, fica vazio, e as marquises dos prédios ao redor superlotam; alheios a chuva por uma grande cobertura de lona branca, os políticos locais e regionais discursam, gritam, caminham, tentam animar a multidão com palavras de repúdio aos dois outros candidatos, por “coincidência” do mesmo partido. Nem meia hora depois a chuva cessa quase por completo, e as por volta de 1300 pessoas (estimativa da Brigada Militar) presentes vibram quando, às 17h50, quem elas esperam finalmente chega.

Em uma van branca, descem Geraldo Alckmin e Yeda Crusius, escoltados pelo vereador santa-mariense Jorge Pozzobom e por um punhado de deputados recém-eleitos e dirigentes partidários. Soltam-se fogos de artifícios, a multidão vibra e balança as bandeiras. No embalo, o agora deputado estadual Mano Changes, do PP, pega o microfone e faz o que sabe de melhor, agitar, como se estivesse num show da Comunidade Nin-jitsu. Enquanto isso, Yeda e Alckmin vão se ajeitando no palco, a esta altura lotado de políticos, fãs e militantes. Pozzobom, o anfitrião da tarde, conclama ainda mais a multidão usando o seu já tradicional discurso exaltado, que para leigos parece até que ele está brigando de faca com um gaudério num bolicho de campanha.

Yeda começa a falar. Nem 10 minutos depois, às 18h10, é a vez de Alckmin. A multidão é incitada a gritar “Alckmin, Alckmin”, mas não consegue; fica com o “Geraldo, Geraldo”, mais fácil. As bandeiras abaixam, a pedido da multidão, que quer ver o candidato. Mas não são todos que conseguem vê-lo, porque, é o que se comenta, o Alckmin parece ser bem mais baixo ao vivo. Às 18h20, ele embarca na mesma van branca e se despede de Santa Maria.”

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