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“Albano por Albano” – por Carlos Costabeber (de Albano Marcos Bastos Pepe)

Em 2008 conheci o Professor Albano, quando o mesmo se tornou cliente da Superauto.

Dali pra frente, nos tornamos bons amigos. Afinal, nascemos no ano da graça de 1948 e somos professores universitários.

Mas as semelhanças terminam por aí, pois Albano, Doutor em Direito e em Filosofia, nascido no Recife, é um intelectual brilhante. Com ele, estou aprendendo sempre, pois seus conceitos seguidamente quebram meus paradigmas.

E, em qualquer roda de amigos, o apresento como “o último comunista vivo” (que eu conheço!!!)

No sábado, tomando uma cervejinha bock, provoquei-o a escrever um texto com o titulo: ALBANO POR ELE MESMO.

Abaixo, segue sua lavra!

Albano por Albano

Sábado, fim da manhã de um dia primaveril. Sentado ao lado do amigo Carlos Costa Beber tocando conversas sobre o mundo da vida, escuto uma proposta afetiva: Albano, escreva um texto de no máximo cinqüenta linhas para dizer de Albano, pois pretendo publica-lo e, cá estou eu a tentar costurar letras, palavras, frases, que possam falar daquele que sou, que pretendo ser ou daquele que pensam o que sou?

Penso-me como um animal da espécie homo sapiens sapiens conforme classificação cientifica consagrada. Mas o que é ser o animal que logo sou?

Sei, de início, que sou das espécies que habitam este planeta Gaia, o animal que detêm a palavra, a linguagem. Sei, portanto que sou de uma espécie capaz de reter memória, lembranças e esquecimentos. Sei, que somos (a espécie humana) capazes de construir sua própria história ao reter o passado ancestral, pensar o momento atual e ousar projetar o futuro (aquilo que pode acontecer ou não) e, neste aspecto sei que contamos com tecnologias desenvolvidas que nos remetem a alguns passos adiante no espaço-tempo ao qual estamos confinados enquanto indivíduos, enquanto subjetividades.

Somos assim, únicos dentre os animais terrestres a interferir na Natureza, modificando-a, no mais das vezes violentando-a, para, desta maneira, construímos nosso habitat, nossa morada planetária. Os demais animais vivem dos indicadores instintivos inscritos desde sempre em seus DNAs. Evoluem, adaptam-se ou não mimeticamente ao entorno, aos ecossistemas de suas espécies e do bioma existente.

Portanto, me entendo como membro de uma espécie já em conflito com seu modo de ser.

Não tenho acesso ao real, apenas às representações possíveis que faço através da linguagem e das ferramentas que produziram minha morada humana. Uso meus sentidos para perceber um mundo desde sempre anunciado como “já pronto”, como já definitivo, cabendo tão somente a mim adaptar-me e “ser feliz”, conforme os modelos em voga.

Meu olhar para o outro da minha espécie é determinado por uma inscrição ancestral da desconfiança, pois ele de algum modo (assim me ensinaram) ameaça os meus “projetos de vida e de felicidade”. Esta insociabilidade só é num primeiro momento vencida pelas elações simbólicas que me fazem recepcioná-lo, normalmente atravessadas pelo “contrato ocial” e pelas leis emanadas do Estado, que “garantem” minha individualidade e a realização dos acordos sociais consagrados. Neste estado de coisas, me resta a solidão e as terapias consagradas que também afirmam “garantir” minha sociabilidade.

Mas, como animal que pensa e que detêm a linguagem, como animal “racional” que sou, a despeito de algumas opiniões, disponho dos genes também inscritos em todos os animais: o da manutenção do organismo enquanto vida, que na espécie significa viver gregariamente entre iguais. Para o homo sapiens sapiens, isto pode significar a construção da afetividade em relação ao outro, o início da compreensão amorosa, que tanto serve para o acasalamento, como para o cuidado com a prole, assim como para a amizade, para a preservação da espécie.

Ousaria dizer que a amizade (filia como diriam os gregos), significa a aceitação da alteridade, da diferença entre nós, a solidariedade, o cuidado, o afeto, assim como os valores que daí advêm. Portanto, o começo das representações éticas e morais que visam a preservação e a manutenção da espécie, assim como sua continuidade.

Tendo em minha memória ancestral tais significantes, procuro dispor em meus atos, o compromisso e a responsabilidade para com a comunidade humana, para as demais espécies existentes, assim como para as demais manifestações da Natureza planetária que é meu legado enquanto vivente. Esta é uma opção, sem pretensões de verdade, tão somente um mergulho radical na vida, em nome da vida.

Albano Marcos Bastos Pepe

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Um Comentário

  1. Tive a oportunidade de ter como professor esse grandioso mestre que é o Dr.Albano Pepe e sou privilegiada também de trabalhar com este visionário empreendedor que é o Carlinhos Costabeber. Só me resta agradecer a Deus por ter essas pessoas em minha vida e parabenizar ao Claudemir Pereira por dar este espaço a personalidades que engrandecerem nossos conhecimentos.
    MARIANE OPPERMANN

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