Santa Maria e a farsa permanente do transporte coletivo – por Giuseppe Riesgo
“É inaceitável que continue sendo tratado como um problema secundário...”

Em pleno 2025, Santa Maria segue refém de um sistema de transporte coletivo falido – e o mais assustador é que ninguém parece disposto ou capaz de oferecer uma solução concreta. A cada ano, a cidade assiste ao mesmo roteiro previsível: paralisação de motoristas e cobradores, prejuízos à população, notas protocolares da prefeitura, criação de comissões na Câmara, promessas vazias de “diálogo” e, ao final, nenhuma mudança estrutural. Um teatro kafkiano que se repete sem vergonha.
A crise mais recente é apenas mais um capítulo da crônica anunciada. A defasagem entre a tarifa cobrada e a tarifa técnica já era conhecida pela prefeitura desde o início do ano. O valor oficial é R$ 6,85, mas a passagem foi mantida artificialmente em R$ 5. A diferença é, claro, bancada pelos cofres públicos, resultando num prejuízo e improvisação na busca de recursos para fazer a cobertura.
E o que faz a administração municipal diante desse abismo fiscal e logístico? Nada. Não previu os subsídios no orçamento, não estruturou um plano de requalificação do sistema, e agora finge surpresa diante de um colapso anunciado. Pior: joga a responsabilidade no colo das empresas e dos trabalhadores, como se a concessão do transporte público não fosse, por definição, de responsabilidade do poder público.
É inaceitável que, em uma cidade universitária, com dezenas de milhares de estudantes e trabalhadores que dependem do ônibus diariamente, o transporte coletivo continue sendo tratado como um problema secundário, resolvido no grito, no improviso e na base do “depois a gente vê”. A solução não está em empurrar com a barriga ou jogar a bomba para a próxima gestão.
É urgente repensar o modelo, buscar parcerias com a iniciativa privada, revisar contratos, modernizar a bilhetagem, repensar rotas e estudar formas alternativas de financiamento. Mas, para isso, é preciso coragem. O que se vê hoje é uma cidade à deriva, onde um serviço essencial virou refém da omissão e da falta de planejamento.
Já passou da hora de parar de fingir que está tudo sob controle. Não está. E enquanto a classe política continuar tratando a mobilidade urbana como um problema menor, Santa Maria seguirá andando para trás – ou melhor, esperando o ônibus que não vem.
(*) Giuseppe Riesgo é secretário de Parcerias da Prefeitura de Porto Alegre e ex-deputado estadual pelo partido Novo. Ele escreve no site às quintas-feiras.
Resumo da opera. O que decidirem para mim esta bom. Assunto só serve para observar e dar risada. Parece um filme preto e branco de Moe, Larry e Curly Joe.
‘Não previu os subsídios no orçamento, […]’. Claro, se prever subsidio no orçamento tem que prever receita. Dai, mesmo o orçamento sendo peça de ficção, a conta não fecha. Alas, criaram um ‘Observatório’ que na teoria era fiscalizar, mas na prática é fingir que não vê e dar selo de qualidade para apresentar à população. Patotinhas.
‘E enquanto a classe política continuar tratando […]’. Classe politica de SM é incompetente e sabe disto. O calculo é o mesmo em todo lugar, ‘quantos votos posso ganhar ou perder nesta parada’.
‘O que se vê hoje é uma cidade à deriva, […]’. Hoje? Há decadas! É só marketagem. Não precisa fazer nada, é só distribuir verba de publicidade e fazer parecer que algo importante está acontecendo. Afinal, nas patotinhas são todos ‘amiguinhos(as)’.
‘[…] repensar rotas […]’. Na hora de mudar rotas o pessoal do Cabidão pensa ‘é agora que eu se consagro!’.
‘[…] buscar parcerias com a iniciativa privada, revisar contratos, […]’. Existe um mantra agora, todos os problemas publicos serão resolvidos por parcerias publico-privadas (lato sensu)’. Iniciativa privada quer prestar serviço e obter remuneração do capital. Simples assim. Quer lucro. As vezes é melhor não se meter com o poder publico, há outras formas de ganhar dinheiro. Politicos desovando responsabilidades na iniciativa privada, esta é a verdadeira narrativa.
‘É urgente repensar o modelo […]’. Pois então. Transporte e transito da urb já poderiam estar sendo simulados em computador. Infelizmente não existem faculdades na região para produzir o software ou engenheiros para orientar a criação. Alas, sinaleiras são instaladas na base do chute. Pessoal da baixa testosterona ainda quer diminuir a gravidade dos acidentes diminuindo a velocidade media. Não seria problema se também pensassem no fluxo.
‘A solução não está em empurrar com a barriga ou jogar a bomba para a próxima gestão.’ Vide cheias em POA. Ainda tem criticas. Dudu Milk foi para os Paises Baixos tirar foto, é verdade. Pessoal por lá lida com o assunto há decadas. Pessoal do IDH tem competencia. Mas é majoritariamente teorica porque obras contra cheias não saem por aqui há decadas.
‘[…] e na base do “depois a gente vê” […]’. Tudo funciona assim. Vide supermercados aos domingos. Quando se instalou o problema deveriam ter negociado. Alguma coisa como ‘supermercado de plantão aos domingos’ na base do rodizio. Agora já se instalou uma base de ‘lojas de conveniencia’. Mesmo durante a semana pequenos mercados tem movimentação maior que os supermercados muitas vezes. Final de mes a coisa muda, mas daí é a carestia.
Aldeia tem um problema sério, muitos ‘intelectuais’ de esquerda e muita gente do juridico dando pitaco. Alugum(a) imbecil andou sugerindo que ‘os empresarios não querem baixar a margem de lucro, por isto a passagem é cara’. Pois bem, conselho aos empresarios, entregar as linhas, liquidar a empresa e ir procurar outra area. Ou procurar um banco, aplicar o dinheiro e viver de renda. Algum(a) imbecil vai dizer ‘háááá, mas e os empregos, o transporte da cidade, blá, blá, blá’. Empregos não são problemas do empresario. Contrato dele é transportar pessoas, não gerar emprgos. Transporte publico é responsabilidade do poder publico. ‘Háááá, mas a “consciencia social!”. Consciencia social é o K7.
Em alguns horarios poderiam ser utilizados micro-onibus ao invés de um dos grandes?
‘É inaceitável que, em uma cidade universitária, com dezenas de milhares de estudantes […]’ a população subsidie a meia passagem favorecendo inclusive quem não tem necessidade. Que tal um desconto de 25% ao invés de 50%? E, para quem comprovadamente necessitar 50%?
‘[…] não estruturou um plano de requalificação do sistema […]’. A lenda que corre na urb é que os onibus tem que ter poltrona reclinavel, serviço de bordo, onibus de 10 em 10 minutos e ar condicionado. A passagem tem que custar 50 centavos ou, preferencialmente, ser de graça.
‘[…] e o mais assustador é que ninguém parece disposto ou capaz de oferecer uma solução concreta.’ Incluindo o autor.