Artigos

Pai – por Débora Dias

No próximo domingo comemoramos o Dia dos Pais. Entendo racionalmente que é mais uma data comercial, mas emocionalmente não tem como não pensar no meu pai. Mesmo que saibamos que essas datas são para aquecer as vendas no comércio, a grande maioria das pessoas acaba por se render e comprar alguma coisa para a pessoa que está sendo “celebrada” na data.

O meu pai, Alvarino Gomes Dias, nasceu em Panambi, no dia 9 de novembro do ano de 1936 e partiu com 71 anos, há quase quatro anos; a dor da ausência está amenizada, mas jamais inexistente; dos dias em que ele esteve quase ausente devido ao Alzheimer. Procuro não recordar,  porque o pai que tenho em minha memória, o que viveu por 69 anos de forma lúcida,  não tem nem resquícios do que ele foi em seus dois últimos anos de vida. Ele era alegre, falante, atualizado em tudo, sempre com muitos planos, esse era meu pai.

Quanta falta ele me faz, sinto saudades do seu sorriso largo, das gargalhadas quando contava alguma piada ou inventava alguma brincadeira; sinto falta da escuta, de como ficava atento ouvindo sobre meu trabalho logo que entrei na polícia, ficava encantando, sorrindo com os olhos; sinto falta de tomar chimarrão na varanda de nossa casa em Passo Fundo, chimarrão com a água na chaleira, jamais na garrafa térmica porque ele dizia que o mate ficava “lavado” e ponto. Isto me faz falta demais.

O meu pai foi um homem que nos educou severamente, “nos moldes antigos diria”, tanto eu como minha irmã mais nova, mas ao mesmo tempo, sempre brincou conosco, nos deu bons exemplos, cuidava de nossos estudos. Quando me lembro dele, do que nos dizia, do que falava a minha mãe sobre nossa educação, constato como ele era contraditório, acho que era a “contradição do amor” (se isto existe). Ele era machista, tinha em sua mente bem definidas tarefas de homem e de mulher, papéis distintos aos dois, mas quando se tratava de mim e da minha irmã o discurso era outro, completamente diferente. As regras dele não serviam para nós, que deveríamos ser independentes, jamais pensar em casamento como forma de crescimento pessoal ou profissional, etc.

Interessante, meu pai.

Hoje penso que gostaria muito de dar mais lucros ao comércio se ele estivesse aqui. Mas, a vida é assim, nós passamos, mas o amor fica para sempre. O amor que ele nos deu ficou bem guardado como um grande tesouro que nos conforta a cada lembrança de sua ausência.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

4 Comentários

  1. A saudade de pessoas especiais nunca se dissipa. Com o tempo ela se transforma em uma doce lembrança. A dor vai dando espaço às alegres recordações. Só assim e possível superar a perda daqueles que amamos. Faz aproximadamente 20 anos que meu AMADO PAI partiu e até hoje lembro do seu cheiro, da textura delicada das suas mãos, do seu sorriso tímido, mas repleto de uma sinceridade que até hoje nunca percebi em outro rosto. Eu te amo pai! Ainda bem que eu tive a oportunidade de dizer isso infinitas vezes, quando estavas aqui neste plano. Feliz dia dos pais!

  2. Meu avô era exatamente assim! É vôzinho, a tua ausência dói, eu não consigo explicar a falta que você me faz. O teu sorriso continua sendo a minha inspiração, mas, essas lágrimas (inevitáveis) não são de fraqueza porque não foi isso que tu me ensinou!

  3. lembrou-me do meu velho Pedro Favorino Palmeiro Ferreira, pai…o bom da saudade é que o tempo nos aproxima das boas lembranças. Parabéns Débora! Ab, Vitor Hugo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo