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(E)leitor – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

A Coluna Pesqueiro, Zero Hora de sábado, trouxe o artigo O leitor, esse desconhecido, de autoria de Luís Augusto Fischer. Intrigante o texto, que me conduziu a escrever sobre o tal leitor (aquele que se ocupa, que tem o hábito, gosto de ler – você aí, neste instante).

Em que pese declarações e manifestações externadas, ainda sobre o aumento do número de assentos na Câmara de Vereadores de Santa Maria, contornou opiniões diversas sobre a postura da imprensa ao tratar o assunto. Há quem tenha dito que a imprensa manipulou e conduziu o debate em oposição ao acréscimo de vereadores.

Neste contexto, arrisco-me à tênue temática que aproxima aquele que lê, daquele que vota, aqui denomino (e)leitor. Não é genialidade alguma concluirmos que textos refletem a ideia de quem escreve, repassam fatos, expõem opiniões a quem os lêem. Já em tempos remotos, os então manifestos eram textos escritos que reforçavam ideologias, que vendiam ideias. Os textos destinam-se, sob pena de perder seu objeto, em sua essencialidade ao leitor.

Por certo, não sejamos ingênuos, os textos ensejam (por que escreveríamos?) a conquistar os leitores, instigá-los a opinar. Concordando ou não aos escritos, que sejam os leitores amantes das letras, reveladores dos sentidos das escritas. Agora, eu não quero leitores emburrecidos pelas linhas que escrevo.

No artigo em comento, Fischer destaca que escrever criativamente é se dirigir a esse ser inefável. O mesmo repito nestas frases, o senhor leitor de agora, que corre os olhos por estas palavras que estou escrevendo – que escrevi, pois enquanto lê, estou no passado, quando estava apertando teclas para compor estas frases aqui – é o mesmo eleitor, que julga, que forma convicções sobre aquilo que lê, sobre quem se escreve, e também sobre quem escreve.

Amor e ódio; conquista e renúncia; partidas e chegadas; gostos e desgostos; risos contidos, gargalhadas largadas; indignação… Sentimentos possíveis no que se desvela em frases e parágrafos. Relação, poder temido, entre quem, a quem, e de quem se escreve.

Contextualizando nosso sujeito, o (e)leitor é objeto da imprensa e da política. Os sujeitos desta, por sua vez, temem as letras da imprensa. Não querem, tais como livros amontoados em estantes, caírem no abandono do (e)leitores.

Infelizmente, muitas vezes, há quem agradeça que o (e)leitor esqueça o dito em texto. Lamento que o (e)leitor tenha memória curta, por outro sim, quando não abandona o texto, esquece o lido. Mas, confesso, acredito que há textos obscuros, creio também que o leitor tenha senso crítico e saiba separar o joio do trigo, o texto que tenta amarrá-lo daquele que possa libertá-lo.

Eternizou Rui Barbosa, a imprensa é a vista da nação, por ela se acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe mal fazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça. Aqui eu digo: a solução perpassa pelas atitudes dos sujeitos (e)leitores. Precisamos saber o que lemos e quem elegemos. (E)leitor, esse inefável sujeito, é quem define a vida de um texto, a sobrevivência de um discurso.

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3 Comentários

  1. Parabenizo Vitor Hugo, pela escolha do tema e pela maneira que mostrou-se preocupado com os atuais acontecimentos em nossa cidade, aos quais nos resta este alerta como forma de precaver futuros escritos que não condizem com a realidade e assim evitando prejuízos em razão da compreensão do “texto” lido, será que queremos ser considerados bons ou maus (e)leitores?
    Um forte abraço.

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