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Ibsen. O retorno de um dos mais brilhantes deputados da história política recente do Brasil

Ibsen Pinheiro é promotor de justiça aposentado. Considerado brilhante, do ponto de vista intelectual, mas – como ele mesmo diz – sem poder político. Tanto que, embora “de grande expressão pessoal”, acabou enfrentando um calvário, em 1994. Vítima de erros, inclusive de jornalistas (que trocou 1 por 1 milhão e ferrou o deputado gaúcho), acabou perdendo o mandato, por decisão de seus pares, que o mandaram pra casa na cambulhada do escândalo dos anões do orçamento.

 

Depois de uma passagem pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, conquistou 76.165 votos de gaúchos que acreditaram nele, retornou a Brasília, à Câmara dos Deputados, pelo mesmo PMDB em que estava há uma dúzia de anos.

 

Por toda a conjuntura pessoal e política que o cerca, não poderia ser diferente o discurso – o primeiro, depois do retorno – que fez na semana passada, na tribuna do parlamento. Emocionante, foi o menos dos adjetivos utilizados para qualificar as palavras de Ibsen.

 

É sobre isso, e muito mais, a reportagem e a entrevista conjugadas, feitas pelos jornalistas Edson Sardinha e Fábio Lino, que está sendo publicada pelo site especializado Congresso em Foco. Vale a pena ler. É quase (se não for) um documento. Acredite. E acompanhe:

 

 “Ibsen: “Precisamos aprender a dizer não”

De volta à Câmara 13 após sua cassação, Ibsen diz que a Casa virou “prisioneira do impasse e das minorias” e só vota “irrelevâncias”

 

O gabinete no nono andar do Anexo IV é o mesmo, o distintivo parlamentar de ouro, recebido das mãos do velho Ulysses Guimarães, também. Assim como o motorista e a assessora. De volta à Câmara quase 13 anos depois de ter sido cassado pelo Plenário, o deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) diz viver uma espécie de “replay” em sua carreira política. De novidade mesmo, aponta, só o resultado do aprofundamento de uma velha crise institucional: a da representatividade do Parlamento. “A Câmara perdeu a capacidade de dizer não”, avalia.

 

Para Ibsen, a Casa presidida por ele durante o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992, virou “prisioneira do impasse e das minorias”, uma fábrica de “irrelevâncias” legislativas. Alvos de crescentes críticas da opinião pública, os deputados não conseguem aprovar propostas capazes de melhorar o país porque não têm força suficiente para contrariar interesses, considera o peemedebista.

 

“Cada minoria (partido) é prisioneira de todas as minorias organizadas do país. Isso produz ou impasse ou unanimidade pelo irrelevante. São as duas coisas que acontecem no plenário”, afirma.  O deputado exemplifica: “É possível fazer uma reforma da legislação trabalhista com este Plenário? É possível fazer uma reforma da Previdência? Não, porque é preciso contrariar interesses. O presidente da CUT arquiva a reforma previdenciária com uma entrevista”.

 

Na avaliação dele, o atual modelo de eleição dos deputados – com voto no candidato, financiamento privado de campanha e formação de coligações partidárias – “privatiza” o mandato parlamentar e impede a formação de uma bancada que represente a maioria da Casa, gerando um permanente clima de instabilidade política.

 

“Se você tiver uma instituição com balizamento sólido, você elege um delinqüente e ele se comporta aqui como um lorde. No atual sistema, você elege um monge e ele vira aqui um mensaleiro”, diz.

 

O único caminho para mudar esse cenário, indica, é a aprovação de uma reforma política que institua, de imediato, o voto em lista partidária, e não mais no candidato, e o financiamento público de campanha. E, num segundo momento, o voto distrital. “No regime democrático, as minorias se expressam livremente, mas a maioria governa. Sem maioria, você estabelece a insegurança”, observa.

 

O ocaso de Collor

 

Insegurança essa, afirma ele, responsável pela queda dos ex-presidentes Getúlio Vargas, Jânio Quadros e Fernando Collor e que ronda até mesmo o atual aparente cenário de tranqüilidade do presidente Lula em seu segundo mandato. “Governo que se desgasta, por exemplo, perde a maioria. Ela está cimentada no momento do presidente. Esse momento se mantém? Quem sabe? A economia se mantém?”

 

Quase 15 anos após a queda de Collor, Ibsen avalia que não foram exatamente os atos de corrupção identificados pela chamada CPI do PC que derrubaram o então presidente, mas o seu “relacionamento político inadequado”. “Não foram os desvios de conduta, porque esses houve piores antes e depois. Foi o mau relacionamento [de Collor] com as forças políticas dentro e fora do Congresso. Isso é visível”, afirma…”

 

SE DESEJAR ler a íntegra clique aqui.

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