O jornalista e escritor Eric Nepomuceno tem 64 anos. Veterano, portanto. E respeitado, muito respeitado. Entre os seus, mas não apenas. Foi correspondente, pelo Jornal da Tarde, na Argentina. E na Espanha e no México, pela Veja – quando ela ainda era uma revista. Trabalhou na Rede Globo e também no Jornal do Brasil. Hoje, escreve artigos e reportagens no Brasil, Espanha, México e Uruguai e em jornais como El País, de Madrid, e Página 12, de Buenos Aires.
Pois bem. É de Nepomuceno o artigo-reportagem do qual você tem um trecho (com o devido “link” para a íntegra) logo abaixo – e que foi publicado originalmente no sítio Carta Maior. Fala de um momento histórico: 7 de dezembro de 2012. Nesse dia, o todo poderoso grupo Clarin – que, comparativamente, para os argentinos, é até maior que a Globo, para o Brasil – terá que se desfazer de vários canais de TV aberta e a cabo, além de um naco de suas emissoras de rádio. Esperneou. Jogou sujo – como nos tempos em que cresceu, à sombra da sangrenta ditadura argentina. Mas a cidadania e a lei venceram. Com apoio da Suprema Corte argentina.
Leia com atenção e tente fazer a relação com o Brasil. Não é difícil, acredite. O discurso dos grandões da mídia brasileira é exatamente o mesmo, talvez até pior. E mais: como seria bem mais democrática a difusão de informações por aqui, se… Bem, confira você mesmo, a seguir:
“Argentina: o que há por trás de um jornal chamado Clarín…
…Vale a pena recordar como atua o grupo Clarín, fervoroso defensor do sacrossanto direito à liberdade de expressão. Sua prática, na defesa desse credo, é no mínimo esdrúxula: controla 56% do mercado de canais de televisão aberta e a cabo, e uma parcela ainda maior das emissoras de rádio; manipula contratos de publicidade impedindo que os anunciantes comprem espaço na concorrência; e, como se fosse pouco, ainda briga na Justiça para continuar exercendo o monopólio da produção e distribuição do papel de imprensa no país.
Não se trata de discutir o conteúdo – incrivelmente manipulado, aliás – dos meios de informação controlados pelo Clarín em todas as suas variantes. Trata-se apenas e tão somente de discutir até que ponto é lícito que um determinado grupo exerça semelhante controle sobre o volume de informação que chega aos argentinos.
Diante desse quadro, é fácil entender que o que fez o governo de Cristina Fernández de Kirchner é, para o grupo Clarín, algo inadmissível. Afinal, além da intervenção na fábrica Papel Prensa, fazendo com que o Estado assumisse o controle da produção, distribuição e venda de papel a jornais e revistas, o governo baixou uma lei, aprovada pelo Congresso, que dividiu o espaço da transmissão de televisão aberta e fechada em três partes iguais.
Um terço desse espaço permanece em mãos de grupos privados, como o próprio Clarín. Outro terço passa a ser dividido entre emissoras públicas (nacionais e estaduais), e o terço final passa a emissoras que estarão sob controle da sociedade civil, através de organizações sociais. Quem está atuando além desses limites terá de abrir mão de licenças e concessões, que na Argentina – como no Brasil – são públicas.
Além disso, quem for dono de canais abertos não poderá ser dono de distribuidoras de canais a cabo numa mesma região. O grupo Clarín tem superposição de canais abertos e fechados…”
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Rede Globo e grupo Clarín, tudo a ver! Inclusive o crescimento nas sombras das ditaduras.
Que inveja da Argentina! Generais na cadeia, nacionalização da YPF, lei de meios.
A CPI do Cachoeira, além de desmascarar alguns demotucanos e pepessistas, deveria parir uma lei para regulamentação da mídia.
Seria muito bom pra nosso país.