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TRAGÉDIA. Não, não é um filme, nem aqueles jovens eram soldados, se emociona nossa cronista de cinema

Não é dia de crônica. Esta vem na quinta-feira. Mas a nossa cronista da área, a jovem jornalista Bianca Zasso não resistiu. E escreveu isso, que você lê a seguir:

Isto não é um filme – por Bianca Zasso

Parecia um campo de batalha. A frase é de impacto, mas o que se viu foi muito pior. Quando se vai para um campo de batalha, nossos corpos e mentes estão alertas e o medo é uma constante. Os soldados, por mais patrióticos que sejam ou que tragam um sorriso no rosto na hora de se encaminharem para o combate, sabem que as chances de não voltarem são grandes.

Os jovens que morreram no incêndio ocorrido na boate Kiss, na madrugada deste domingo, em Santa Maria, não eram soldados; eram animados estudantes em busca de diversão. Saíram de casa com esperança de uma festa divertida que, em breve, virariam uma boa lembrança. Não voltar para casa não estava nos planos.

Hoje não tem filme aqui neste espaço reservado para que eu expresse a minha opinião. Simplesmente porque não há ficção que abrande o que aconteceu com centenas de famílias na cidade e de outras regiões do estado e do país.  Ficam os meus sentimentos a todos os parentes e amigos das vítimas e também o desejo de fé, seja ela qual for, pois é o que nos sustenta em momentos como este, onde atos e palavras não curam por completo.”

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2 Comentários

  1. Fabrício Carpinejar

    Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu?

    TRAGÉDIA EM SANTA MARIA

    Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. / A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. / Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa. / A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013. / As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada. / Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa. / Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio. / Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda. / Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência. / Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa. / Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram. / Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo? / O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista. / A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados. / Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro. / Mais de duzentos e trinta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos. / Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal. / As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso. /Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu. /As palavras perderam o sentido.

    Fabrício Carpinejar, poeta gaúcho

    Publicado na capa do Globo de hoje.

  2. Nesta manhã de janeiro fico a pensar em uma outra manhã de janeiro de 1975 em fui recebida pela nossa querida UFSM como uma de suas calouras e Santa Maria como uma mãe carinhosa recebendo essas gurias e guris desde a encosta da serra até as barrancas do rio Uruguai que é o meu caso.Lembro dos meus sonhos:Um país sem ditadura,sem racismo, sem descriminação,conhecer Machupicchu,a Bahia e tantos outros lugares.Sonhava ver o Chico Buarque cantar ao vivo e me formar e dar aulas e tantos outros sonhos.Neste janeiro depois dessa catástrofe que levou tantos jovens fico pensando qual seria o sonho desses jovens? Eu concretizei muitos dos meus sonhos e fico pensando nesses jovens que não tiveram tempo de cumprir essa jornada. Nesse momento só resta orar por eles e seus familiares.

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