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O trabalho docente e o sistema do capital – por Luiz Carlos Nascimento da Rosa e Andiara Dewes

Para entendermos, de modo concreto, como vem instituindo-se, na prática, o trabalho do professor, faz-se necessário pensar no modelo de sociedade em que este profissional vive. A Escola, O Professor e o Trabalho Docente são uma expressão viva da sociedade de classe que surgiu com a revolução burguesa e o desenvolvimento do capital. O sistema do capital adentra aos muros da escola e imprime neste espaço sua ideologia. A escola capitalista é, necessariamente, funcionalista. Prepara indivíduos para aceitar e perpetuar processos competitivos que são inerentes a lógica do capital. A escola do capital prepara os sujeitos para o mercado das trocas; fundamento e essência do mantra capital.

Bem da verdade, o capital transformou a Educação em mais uma valiosa mercadoria. Basta pensarmos na importância que a indústria cultural exerce no interior da escola e na vida de professores e alunos. Livros e manuais didáticos, enquanto mercadoria, direcionam e fundamentam o trabalho do professor e a matriz curricular da escola. O professor virou um trabalhador que reproduz, em suas aulas, aquilo que a indústria cultural define previamente.

Nada na vida pode ficar fora da lógica do sistema do capital, muito menos a escola e o trabalho do professor. A escola capitalista como imagem espelhar da sociedade do capital vai impor a divisão do trabalho no mundo do trabalho do professor. A sociedade capitalista proletarizou a atividade do professor. Reproduzindo a lógica da indústria capitalista; que existem pessoas responsáveis pela concepção e planejamentos (trabalho intelectual) e pessoas que executam (trabalho manual), na escola capitalista o professor virou um executor de tarefas (trabalhador manual) e a concepção, seleção de conteúdos e sequência didática fica a cargo dos especialistas que trabalham para a indústria cultural.

Razões econômicas e o mercado das trocas, como instrumentos de manutenção e reprodução do capital ditam as normas e são cânones do modus operandis da escola funcionalista do capital. A escola do capital desumaniza os sujeitos sociais que com ela convivem, pois individualiza e prepara sujeitos eficientes, produtivos e competitivos. Prepara pessoas que possam sobreviver no excludente e contraditório tecido social capitalista.

O pensador italiano Antônio Gramsci dizia que a escola deveria trabalhar para romper com a divisão entre homo faber e homo sapiens. Isso somente será possível fora do sistema do capital. Para romper com essa perversa lógica do capital; cabe ao professor com seu conhecimento em seu mundo do trabalho fazer esta crítica da sociedade do capital.

O professor com seu conhecimento e em seu mundo do trabalho deve demonstrar para seus alunos que a Ciência e todas as formas de conhecimento possuem uma função reprodutora dentro do sistema do capital. Mas é necessário apropriar-se profundamente desta Ciência e desses conhecimentos para entender a lógica do capital e sua ideologia desumanizadora.

Karl Marx um dos maiores estudiosos da vida no capital afirmava que o concreto é concreto por ser a síntese de múltiplas determinações. Apropriar-se de forma profunda do conhecimento escolar é um dos caminhos para captar as determinações históricas que tornam contraditória, excludente e desumanizadas a vida no capitalismo.

Parafraseando Gramsci podemos dizer que o professor deve, no espaço escolar e com seu conhecimento, fazer um trabalho político para que possamos transformar as relações políticas em relações pedagógicas; a fim de humanizar as relações sociais e criar as condições para transformar o mundo e criarmos um novo momento Ético-político.

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