A foto acima, feita logo após a posse da nova Legislatura, é claro que pode ser repetida. Inclusive com os sorrisos. O que não quer dizer que a harmonia seja a mesma. Aliás, pelo menos um da imagem não é mais vereador, de lá retirado por força de decisão da justiça eleitoral. No entanto, ninguém pode prever o que vai acontecer nos próximos meses. Mas, é a aposta (ou o desejo), não haverá tantas tensões.

O fato é que a conjuntura é outra. Inclusive porque o presidente Marcelo Bisogno está, bem diferente de seis meses e meio atrás, pressionado por seus pares da base governista, e que ficaram descontentes com a atitude dele quando da ocupação do parlamento por manifestantes, durante uma semana. E que redundará na saída do Procurador Jurídico, a partir da reivindicação (aceita) dos protestantes.

Como será a partir de agora? Qual a influência dos episódios do primeiro semestre na relação interna, no Legislativo, e do PDT do presidente com o governo – onde a sigla detém, por exemplo, uma secretaria? Essas e outras perguntas compõem uma excelente entrevista feita por Marcelo Martins, do Diário de Santa Maria e publicada, na íntegra, pela versão online do jornal (na impressa, houve um resumo apenas).

Vale a pena conferir, afinal, o que disse Bisogno, que parece, não obstante as óbvias dificuldades percebidas (erradamente?) por quem está mais distante, bastante otimista. É? Acompanhe e avalie você mesmo, a seguir:

“‘O partido que não quiser o PDT está fadado à derrota…

…Ponderado ao falar na ocupação do Legislativo de Santa Maria, o presidente da Casa, Marcelo Bisogno (PDT), sustenta que as reivindicações populares são justas. E segundo ele, a escolha pela exoneração do procurador jurídico e presidente do PMDB, Robson Zinn, deu-se por ele (Bisogno) entender que “a voz das ruas” precisa ser ouvida.

Diário de Santa Maria – Qual a avaliação que o senhor faz da ocupação do Legislativo (que ocorreu de 25 de junho até o último dia 1º)?

Marcelo Bisogno – O Brasil vive um momento diferenciado e Santa Maria está incluída nesse contexto. E é preciso ter entendimento que Santa Maria, por sua história e por sua intensa carga universitária, e o fato de eles irem até o Legislativo é legítimo. Até porque lá é a Casa do Povo e as pessoas têm o entendimento de que é a Câmara o poder mais próximo do povo. Além de pautas nacionais, temos a questão local é que a tragédia de Santa Maria (em referência ao incêndio da Kiss, em 27 de janeiro). E nesse contexto, é preciso se ter respeito e sensibilidade de que se tinham, lá, os pais de vítimas daquela tragédia. Quando compreendi que eles (manifestantes) haviam colocado uma pauta como forma de deixar a Câmara, passeia entender de que se tratava bem maior do que inicialmente pensávamos. Eu senti que aquele era um processo legítimo e que aquelas pessoas queriam e, acima de tudo, exigiam uma resposta do Parlamento. A ocupação foi legítima e contou com expressiva adesão da população. Temos uma dor muito grande e que não caberia qualquer decisão precipitada. E isso cabia a mim como presidente do Poder Legislativo. E a cidade de Santa Maria me pedia e exigia que eu soubesse conduzir essa situação. Não lavei as mãos e não fui fraco ao delegar aquele impasse ao poder judiciário, com a reintegração de posse, ou com o uso da força policial. E isso só aumentaria o problema. Primei pelo diálogo e pelo entendimento em busca da conciliação. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB, seção local) também apostou conosco e atuou como interlocutor nesse processo. Uma solução imediata aumentaria ainda mais o problema. Santa Maria esperava isso da Câmara…”

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