A inflação e o Plano Real – por Daniel Arruda Coronel
Em julho de 1994, foi lançado o Plano Real como mais uma tentativa de debelar a inflação, a qual já estava em torno de 4% ao dia. Tal plano pode ser considerado como um dos mais consistentes da história republicana brasileira, visto que atacou a inércia inflacionária, através da indexação diária da economia brasileira com a criação da Unidade Real de Valor (URV).
Para o sucesso do plano, foram fundamentais a credibilidade dos agentes econômicos, a ausência de choques heterodoxos, o aumento das taxas de juros e a sobrevalorização cambial. Não obstante a isso, com a criação do Plano Real, a economia brasileira ficou presa a algumas amarras que impediram e impedem o seu crescimento econômico em prol da estabilidade econômica e financeira.
Dentre as amarras, pode-se citar as altas taxas de juros, a valorização cambial, a qual penaliza o setor industrial, as baixas taxas de investimento na economia e a dívida interna. Embora tais fatores sejam importantes para a estabilidade macroeconômica de qualquer nação, eles foram relegados a segundo plano, visto que as taxas de inflação da economia estavam relativamente baixas, contudo, aos poucos, a situação começa novamente a se deteriorar, visto que a inflação já da sinais de que está voltando.
As principais causas da inflação, indubitavelmente, estão relacionadas ao aumento desordenado dos gastos públicos, à conjuntura econômica internacional desfavorável e à perda da credibilidade dos agentes econômicos com medidas de cunho populista eleitoreiro.
Neste sentido, cabe urgentemente ao governo uma forte política monetária e fiscal visando a maior responsabilidade macroeconômica, o que passa necessariamente por uma melhor reordenação dos gastos públicos, por uma reforma tributária, fiscal e previdenciária e também por aumento das taxas de juros, o que infelizmente penaliza mais uma vez o setor produtivo.
Embora tais medidas sejam fortes e indesejáveis, são uma forma de o governo preservar o que de mais importante foi feito nestes dezenove anos do Plano Real, ou seja, a redução das taxas de inflação, fundamental para uma política estruturalista de desenvolvimento macroeconômico que colabore para um crescimento sustentável e de longo prazo com bases sólidas e que contribua para a correção das altas desigualdades econômicas e sociais que persistem no país.
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