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SAIBAM, MESTRES… Quem são, na memória deste editor, Ceci, Stelita, ‘Luiz Carlos’ e a moça do Labirinto

Não esqueci minha primeira mestra. Nem da segunda. Nem de vários, da minha infância
Não esqueci minha primeira mestra. Nem da segunda. Nem de vários, da minha infância

Os nomes de dois deles se perderam na memória. Mas não o que representaram. Para substituir, há um terceiro. E dois, ou duas, que simplesmente jamais sumiram da minha vida. Ao contrário, fazem parte dela. Inesquecíveis.

A saber.

Professora Ceci. Era como a chamávamos. Nada de “tia”. Ou “profe”. Era a professora Ceci. Mais tarde, soube, o nome inteiro era Cecília. Do 1º, 2ª e 3º anos primários. Sim, sou desse tempo – que era o da “cartilha ABC”. Mas era, sobretudo, de uma relação intensa entre os alunos e sua primeira mestra. Que me trouxe uma incrível alegria ao tornar conhecido, pra mim, o teatro de bonecos. Sim. Ela nos ensinava, no mínimo uma vez por mês, através de figuras de pano, que escondia atrás da mesa, fazendo a alegria (e o aprendizado) de todos nós, pequenos aos seis, sete e oito anos de idade.

Professora Stelita. Stelita Detoni. O sobrenome foi mais fácil de guardar. Era o mesmo de um supermercado, bem em frente ao colégio José Bonifácio. Quarto ano primário. E o contato com o canto orfeônico e as contas mais complicadas de matemática. Tornadas fáceis pela professora Stelita – que me ajudou, e muito, a passar no “exame de admissão”. Desculpa, mas isso não vou explicar, assim como o que era “pular o quinto ano”. Os mais antigos haverão de lembrar. E os mais novos… Bem, esses não entenderão. E nem precisam, nesses tempos em que o ensino fundamental tem nove anos.

E agora? Agora não lembro o nome dela, da terceira personagem deste texto. Morro de vergonha, mas vai que alguém tenha tido a mesma professora e ajude a recordar, por dever de Justiça. Foi a que fez aquele guri gostar de História pelo resto da minha vida. Como?

Imagina você, com 10 anos, no primeiro ginasial (deve ser o quinto ano de hoje), vendo aquela moça (senhora, como a chamávamos, respeitosamente) entrar na sala de aula com um novelo de lã. Dos grandões. E começava a estender os fios por entre as carteiras, a esmo, gastando-o inteiro, até chegar à mesa dela. Consegue imaginar? Pois foi exatamente assim que essa professora de raro talento, grande capacidade e imenso carinho por seus alunos explicou a história do Minotauro, aquela criatura (quase a vejo interpretando, trocentos anos depois) que habitava o Labirinto, criado por Dédalo e Ícaro, para o rei Minos, de Creta. Era a mitologia grega penetrando a sala de aula.

Tem mais um, como aquela, meu professor no ginasial. Na chamada, primeiro dia. A certa altura da lista, surge um Luiz Carlos. E aquele professor (de matemática, acredite) olhou firme para o menino e disse: “você sabe que nós temos um Luiz Carlos muuuito famoso?” E o colega, entre impressionado e curioso, perguntou: “quem?”. E o mestre respondeu: “Luiz Carlos Prestes”. E nada mais disse, nem alguém ousou perguntar. Só anos mais tarde, eu viria a saber quem era aquela figura, sobre a qual o professor não se estendeu. Aliás, entendi isso também, porque se está falando, aqui, do fim dos anos 60, e o tal Prestes (esse mesmo) estava asilado na então União Soviética.

Ambos, os professores de História e Matemática, atuavam no antigo (e hoje inexistente, sabe-se lá por que capricho das autoridades educacionais) Colégio Indústrial. E lembro do terceiro nome, citado lá no início. Ademar. Ademar Degeroni. O diretor. Sim, a gente convivia com ele, naquela escola pública de tão grata memória. Por que lembro? Por duas razões: ele me parecia (e era) simpático e me disse (porque diretor daquela época, não sei se hoje é assim, conhecia todos os alunos) que eramos conterrâneos. Ele,como eu, nascera em Gaurama, nas proximidades de Erechim da minha infância e adolescência. E, sim, mestre como poucos.

Pois bem, meus amigos leitores. Nas pessoas de Ceci, Stelita, a moça do novelo, o moço do Luiz Carlos e no Ademar, que não sei sequer se ainda estão vivos (exceto na minha memória) tomo a liberdade de homenagear todos os professores, neste 15 de outubro. Eles precisam saber que sempre haverá um aluno, em algum canto, que jamais irá esquecê-los. E que isso deve honrá-los. Eles merecem. Ah, merecem!”

EM TEMPO: a imagem que ilustra esta nota foi “roubada” da página no Feicebuqui, da professora Martha Najar, uma das coordenadoras do sindicato da categoria, em âmbito municipal.

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Um Comentário

  1. Claudemir,tuas lembranças reavivaram as minhas.
    Professora Traude que com todo o carinho colou o bibelô que eu levava de presente e ao escorregar no pátio espatifou. Colou e colocou sobre sua mesa.
    Professora Carmem que estimulou, junto com minha mãe, o meu apreço pela leitura.Belas lembranças!!!!

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