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1 ano e outros dias – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Já se foi um ano do texto que intitulei Somos (todos) vítimas e naquelas linhas escrevi que quando oramos aos céus, ou mesmo no cantinho, aos gritos ou baixinho, sussurramos em prantos a Deus. Por que se foram? Onde estão? Quem são?

Desde 27 de janeiro de 2013 somos e seremos sempre vítimas. Não as centenas de falecidos ou ainda outros tantos feridos; somos milhares, vítimas da ausência, vítimas da saudade, vítimas do silêncio ensurdecedor.

Somos todos reduzidos e pequenos diante da morte; mas muitos foram os grandes, anônimos e gigantes que derrubaram paredes, retiraram amigos, desconhecidos, que entre fumaça e fogo se fizeram bravos. Eis os nossos heróis.

Hoje e por muitos outros dias a alma triste espera por calma, enquanto o coração do Rio Grande bate fraco, lento, dolorido pela ausência do barulho dos seus filhos, lamentamos sem saber o que somos. Somos tristes, revoltados.

Somos aqueles, sem saber da partida, deixamos de dar o ultimo beijo; somos também sobreviventes para um novo e longo abraço, o do reencontro.

Somos os lugares que passamos, as pessoas com quem convivemos, nossas lembranças, saudades e esperanças. O dia 28 de um ano atrás era de céu limpo, radiante pelo brilho do sol forte, porém nublado e escuro pelo luto dos que choram, O dia 28 de hoje também tem tempo bom, sol forte, mas um ano depois ainda há sede de justiça.

Um ano e outros dias, ainda pergunto: quando se perde a esposa somos viúvos, quando perdemos os pais somos órfãos e quando se perde os filhos, o que somos? … Hoje, mais uma vez, queria saber apenas o que dizer aos pais.

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Facebook/vitorhugoaf

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