Não à impunidade – por Daniel Arruda Coronel
Nos últimos dias, a sociedade acompanhou, estarrecida, as notícias sobre o assassinato do menino Bernardo, o qual, segundo as investigações preliminares, foi brutalmente assassinado por sua madrasta, com a leniência de uma “assistente social” e possivelmente de seu pai.
Tal caso ganhou várias repercussões devido à crueldade, à monstruosidade, à ausência de limites e aos motivos torpes e canalhas de pessoas sem o mínimo de ética, responsabilidade, senso de justiça e respeito aos diretos dos outros, que agiram com tamanha vilania e crueldade contra uma criança, matando-a com injeção letal e enterrando-a.
Desde o desaparecimento do menino Bernardo, observamos uma consternação em várias cidades do RS e um forte mutirão nas redes sociais buscando encontrar o garoto com vida, porém, o que jamais poderia passar pela cabeça da sociedade é que os culpados por esta crueldade eram pessoas que tinham o dever moral e ético de zelar pela saúde, integridade e bem-estar de Bernardo. Os resultados preliminares das investigações até o momento indicaram que o menino sofria várias privações por parte de sua madrasta, sem oposição de seu pai.
Quando observamos crimes como este, ficam as perguntas: por que isto? O que faz o ser humano ter uma atitude tão primitiva e inescrupulosa? No presente caso, a resposta é a ganância e a busca ao dinheiro e à boa-vida, sem o trabalho sério, em detrimento dos valores éticos e morais, contudo, o que mais choca e revolta a sociedade é que, devido à cultura patrimonialista do país, em pouco tempo, os culpados por esta aberração estarão na rua, quiçá como “bons samaritanos” arrependidos e defensores da ética, da moral e dos bons costumes.
Enfim, não podemos lamentavelmente trazer o menino Bernardo de volta, mas devemos ser vigilantes para que este crime não fique impune, que os culpados sejam punidos com rigor e para que, a partir deste caso, as autoridades, a mídia e a sociedade civil organizada busquem uma ampla reformação no sistema penal brasileiro, extirpando os resquícios patrimonialistas e burocráticos que impedem que verdadeiros monstros fiquem por longo tempo na prisão como forma de tentar pagar pelos seus atos e ações.
Existe uma citação que expressa toda esta nossa situação, no Brasil e em grande parte do mundo e que deveria ser refletida e considerada para melhora de toda a nossa sociedade ……
"O que mais me preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons."
Marthin Luther King