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A fé remove dívidas – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Por outras vezes já escrevi aqui, em diversas perspectivas, sobre o fenômeno do superendividamento – causas, legislação, mínimo existencial, tratamento e prevenção. Curiosamente, dias atrás, deparei-me com texto publicado sob a orientação do professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), meu querido amigo Diógenes Faria de Carvalho, intitulado A superação do Superendividamento pela Fé. Eis um ponto de vista oportuno!

O texto relata práticas de um grupo de pesquisa que tem por objeto de estudo o superendividamento do consumidor, especificamente a sua superação viabilizada pelo conforto psicológico proporcionado pela fé.

Neste sentido, a divisão da história econômica da humanidade contempla três grandes momentos: a era da troca imediata, a era da moeda e, na contemporaneidade, a era do crédito. Uma acelerada mudança de comportamento tem alterado o perfil do consumidor brasileiro – compra-se automóveis em 80 parcelas, passagens aéreas em 48 prestações, imóveis em até 30 anos. Uma vantagem contraditória e cercada de armadilhas. Mais do que uma oportunidade, um desafio.

O crédito aos consumidores vulgarizou-se. A ilusão do poder aquisitivo, posto pelo crédito, reflete no aumento do endividamento do consumidor, que junto aos produtos e serviços, passa a adquirir dívidas, consubstanciadas no apelo publicitário de felicidade ao alimentar o ideal de necessidade, transpondo-se ao consumo, agarrando-se ao consumismo.

Entre os resultados da pesquisa o texto em comento compreende que os fiéis buscam na comunidade religiosa, com suas novenas e ritos, um suporte psicológico sob a forma de “conforto espiritual”. Eles têm fé na superação do superendividamento, mas não creem que a fé seja a origem da superação (…) encontrando na história de Santa Edwiges uma projeção da motivação que necessitam para se valerem de seus próprios recursos a fim de se recuperarem do superendividamento. Frente a uma sensação de impotência e de estagnação social, eles buscam força na história da santa.

A pesquisa ressalta que as pessoas admitiram não comparecer à igreja apenas para pedir intercessão, amparo e proteção à santa, mas também para agradecer o alcance de condições de transposição do superendividamento ou a simples tomada de consciência do problema, o que elas consideram “bênçãos”.

Pois bem, a fé em si não remove dívidas como sugeri no título, mas permite um conforto, a busca da solução com menos aflição… responde-me quando eu clamar, ó Deus da minha justiça! (Salmo 4)

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Facebook/vitorhugoaf

Referência: CARVALHO, Diógenes Faria de; SILVA, Frederico Oliveira; LIMA, Marina Carneiro. A superação do superendividamento pela fé. Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo – Vol. IV. 2014

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