Elvis em aquarela – por Bianca Zasso
Toy Story não é só um ótimo filme da produtora Pixar em parceria com a Disney, mas é também um marco na história do cinema de animação. Woody, Buzz e sua turma foram os primeiros personagens a aparecerem na telona com o que, naquele tempo, era uma verdadeira revolução. Os cenários digitais e a computação gráfica passaram a permitir que os animadores criassem cores mais vibrantes e cenários mais inovadores.
O resto da história todos nós conhecemos. Nunca mais um filme de animação foi o mesmo. Mas como tudo nessa vida é um ciclo, uma forma de se destacar na multidão pode ser um breve olhar para um passado não muito distante.
Vou explicar: com a chegada das inovações digitais, os traços delicados dos personagens clássicos da Disney, desenhados e coloridos à mão, perderam espaço. A garotada havia se apaixonado pelos novos superpoderes do cinema. Só que os diretores Dean DeBlois e Chris Sanders embarcaram na contramão e assumiram o risco de contar uma história se valendo da boa e velha aquarela e do trabalho artesanal. Assim nascia Lilo e Stitch, hoje um clássico.
A trama segue os padrões Disney de misturar fantasia com dramas bem humanos. A pequena Lilo é uma solitária garotinha que mora com a irmã mais velha numa ilha do Havaí. Sua diversão se resume a brincar com sua boneca de pano Xepa e ouvir discos do Elvis Presley. Aliás, Lilo é louca pelo Elvis. Mas sua paixão será dividida quando surgir em sua vidinha sem graça Stitch, que passa a ser seu bicho de estimação. Lilo pensa que ele é um cachorro.
Só que ele é uma alienígena. É o ponto de partida para várias confusões e situações engraçadas e encantadoras, bem ao gosto do público. Seria mais um filme da Disney, não fosse seu apuro artístico na criação das praias havaianas, o que colabora para que o espectador entre no clima praiano e se divirta ainda mais. Os cenários em aquarela parecem saídos daqueles quadros que nossos país tinha em casa, sempre reproduzindo algum lugar paradisíaco.
A escolha do Havaí como pano de fundo da história não é à toa. Elvis fez alguns de seus filmes mais conhecidos lá e seu show mais conhecido também foi gravado na famosa ilha. Algumas canções de Aloha from Hawaii estão presentes na trilha sonora do filme. Uma oportunidade e tanto para pais fãs do rei do rock apresentarem o moço aos seus pequenos. Cantorias à parte, Lilo e Stitch é um clássico que foge dos padrões.
Ao invés da princesa frágil, uma órfã roqueira. Príncipe? Não, mas um ET companheiro e um tanto agressivo. Parece besteira falar isso em tempos de reinvenção dos contos de fada e crianças nada ingênuas. Mas Lilo e Stich, mais do que dar a personagens clássicos uma visão moderna, apresenta um universo novo para as crianças. Nem só de castelos vivem os sonhos e há magia no mar, para além da floresta encantada.
Bonito de ver, engraçado e tocante, Lilo e Stitch pode ser a porta de entrada para outros filmes, para um novo olhar. Sou do time que defende que adultos devem acompanhar seus filhos ao cinema não só por obrigação, mas por prazer. Desfrutar do filme tanto quando a criaturinha da poltrona ao lado. Além de descobrir o que encanta essa nova geração, pode-se nascer um novo laço. Discuta com o seu filho o que ele gostou ou não no filme, pergunte qual filme ele quer assistir e não trate apenas como “desenho” um trabalho árduo que necessita de centenas de pessoas para ficar pronto.
A grande mensagem de Lilo e Stitch é a força da família. Qualquer família. Num país como o nosso, onde ainda tem gente que perde tempo defendendo que só pode ser considerado casal uma dupla formada por um homem e uma mulher, é um grande recado. Padrões existem para serem quebrados. Mais importante que o número ou o sexo das pessoas, está o amor. E quem vive sem ele?
Lilo e Stitch (Lilo and Stitch)
Ano: 2001
Direção: Dean DuBlois e Chris Sanders
Disponível em DVD
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