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VESTIBULAR. Decisão da UFSM não foi ‘na calada da noite’, diz Burmann, em artigo. AQUI você lê de graça

Burmann: “..De 10%, de 20%, de 30%, de 50% ou de 100% sempre foram uma possibilidade.
Burmann: “..De 10%, de 20%, de 30%, de 50% ou de 100% sempre foram uma possibilidade.

Como se sabe, desde quinta-feira, o Diário de Santa Maria tem um limite (só 20 textos por mês) para leitura gratuita na sua versão online. Na sexta, publicou um artigo exclusivo do reitor da UFSM, Paulo Burmann, em que ele defende a posição tomada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – que acabou com o concurso Vestibular já neste ano.

Se você ainda não excedeu o limite imposto pelo jornal do grupo RBS, pode lê-lo direto na fonte (AQUI). Mas, se por acaso já esgotou sua minguada cota mensal de leitura gratuita, o sítio o reproduz pra você, na íntegra, a seguir. A foto é de Feicebuqui. Acompanhe:

Pela equidade de oportunidade de acesso ao ensino superior

Entre tantas manifestações na última semana, muitas delas marcadas pela emoção e pela necessidade de reagir a algo nem tão novo assim, dirijo-me à comunidade no sentido de tranquilizar a população, especialmente os estudantes que estão na expectativa conquistar uma vaga na universidade. Digo a todos que compreendo e aceito como legítimas todas as manifestações, mesmo aquelas que não foram adequadamente medidas e até mesmo aquelas que apelaram desproporcionalmente para os sentimentos mais sagrados de uma população inteira.

Reafirmo que a decisão tomada pelo CEPE foi tempestiva, adequada e madura, visto que este assunto já era objeto de debate em vários espaços educacionais ou não há, pelo menos, 5 anos. Não identifico qualquer prejuízo presumido pelo fato de a decisão ter sido tomada “às pressas” – basta olhar para o cenário nacional: das 59 universidades federais, 57 já adotavam parcial ou totalmente o SISU. 

Ademais, não estou tratando de uma decisão tomada “na calada da noite” ou resultante de “conchavos”. Estamos inaugurando um modelo de gestão que passa ao largo do populismo falacioso e, mais longe ainda, do caudilhismo fisiologista. Trabalhamos com a verdade e com o compromisso com a democracia e com a educação no seu sentido mais amplo. Falei sobre isto no período eleitoral e tornei a falar a partir do início de janeiro à imprensa e aos Conselhos Superiores da UFSM.

Por cuidar dos interesses dos estudantes, vínhamos anunciando que a UFSM utilizaria a nota do ENEM, mesmo antes do período de  inscrições, porque este modelo já era praticado pela UFSM (20% da nota do Vestibular seria completada com os escores do ENEM). O ingresso aos cursos da área de Tecnologia no novo campus de Cachoeira do Sul, em agosto próximo, também ocorreria através dos escores do ENEM, neste caso, 100%. Além disso, a inscrição ao ENEM é compulsória para estudantes do ensino médio.  

Por decisão do CEPE, a administração da UFSM promoveu, pelo menos, 4 fóruns de discussão sobre o tema, divulgados amplamente nos veículos de comunicação. Lamentavelmente, o tema despertou pouco interesse. Poderia ter havido mais debate? Certamente que sim, mas foi o possível dentro do período entre uma sessão e outra do CEPE.

O debate sobre a adesão ao SISU estava aberto, esteve aberto sempre. Todas as possibilidades, de 10%, de 20%, de 30%, de 50% ou de 100% sempre foram uma possibilidade.

Considerando que os sistemas de ensino superior na América Latina têm cobertura que varia de 8% dos jovens de 20 a 24 anos no Brasil; 14% na Colômbia; 16% na Argentina; 18% no México e 22% no Chile, fica muito claro que novas estratégias precisam urgentemente ser adotadas por aqui.

Estamos tratando de uma decisão que visa o benefício e inclusão dos estudantes, sejam eles gaúchos ou não, de escola pública ou não. 

É do conhecimento público que os estudantes de escola pública representam a maior parcela da comunidade estudantil do país. No entanto, basta olhar para dentro das universidades federais para constatar que muitos deles não têm acesso a universidade pública planejada, construída e sustentada pelo dinheiro público (do total de 5,95 milhões de estudantes matriculados no ensino superior, 4,43 milhões provêm da rede privada e 1,52 milhões estão da rede pública). Portanto, urgem medidas que proporcionem a correção destas distorções. Evidentemente que devemos estabelecer como meta prioritária recuperar a qualidade do ensino público, processo tão longo quanto aquele que o levou a este patamar. Paralela e emergencialmente  precisamos de medidas que coloquem todos os estudantes em igualdade de condições na disputa. 

A composição regional do quadro de estudantes da UFSM é a seguinte: 24% de Santa Maria, 29% de outros Estados da Federação e 47% das demais regiões do Estado do RS (incluindo todos os Campi da UFSM). As Universidades que adotam o SISU na proporção de 100%, como a UFSM vai adotar a partir de agora, tem entre 85 e 95% dos seus estudantes do seu próprio estado. Portanto, esta preocupação quanto ao caráter regional, na forma como foi alardeada, não constitui motivo para qualquer insegurança, meus caros estudantes.

Agora, imaginar que estudantes de outras regiões do Brasil viriam a Santa Maria “roubar” vagas dos nossos estudantes é, no mínimo, ofensivo e desrespeitoso para com os estudantes daqui, que, segundo esta análise perversa, indicaria que somos detentores de qualidade inferior, o que, definitivamente, não procede. Nós precisamos melhorar a autoestima de toda uma comunidade, mas, certamente, isto não ocorrerá desqualificando o preparo dos nossos jovens. 

O estudante sempre foi e seguirá sendo a razão de existir da universidade. Sem ele não há Ensino, Pesquisa e Extensão. É por respeitarmos o aluno na sua totalidade que estamos empenhados em garantir a melhor assistência possível. Seja ela – nesse primeiro momento – para esclarecer dúvidas e tranquilizar o estudante de que esse novo processo de ingresso traz inúmeras vantagens, seja – num segundo momento, quando ele ingressar na nossa instituição – prestando toda assistência estudantil necessária: moradia, transporte e alimentação. 

O vestibular não foi extinto – o processo de seleção foi aperfeiçoado no sentido da qualidade e da justiça. Este é o compromisso da UFSM enquanto houver necessidade de fazer seleção para ingresso no ensino superior.

Meus caros estudantes – continuem sua preparação – tal qual o vestibular, o ENEM avalia conteúdos que seus Professores ensinam e que vocês dominam – os conteúdos do ensino médio.

Estamos aguardando por vocês na UFSM.”

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6 Comentários

  1. E no aniversário da cidade tinha gente que dizia que a população daqui era cosmopolita.
    A decisão saiu do bolso, óbvio. Se não fosse assim, não teria gerado tanta celeuma. E os alunos tiveram prejuízos sim, os conteúdos do vestibular são mais abrangentes que o ENEM e o estilo de prova é diferente.
    E depois vem a mentalidade "ilha da fantasia". Aumentaram as inscrições para o ENEM e a causa só pode ser a adesão da UFSM. A reserva de 30% das vagas da UFRGS e adesão de outras ifes não entra na conta.

  2. Excelente posicionamento do Reitor. É impensável que o bairrismo impere em Santa Maria, como querem os políticos locais, os cursinhos e a pseudo-elite dominante.

  3. Lendo os comentarios acima, percebo que apenas uma infima parcela da população Santamariense sem vinculo ativo com a UFSM sabe realmente como se deu a decisão pela adesão total ao SISU. Como parte do corpo academico, por interesse e por acreditar ser preciso, acompanhei de perto todos os debates e processos relativos a tal acontecimento, e, creiam, a "situação" de Santa Maria foi tambem avaliada – e digo o seguinte: nada vai mudar para nossa cidade.

    A Universidade é de Santa Maria, mas principalmente de sua comunidade academica, e essa decisão trara – alem de varios novos alunos com as vagas que serão aumentadas em muitos cursos – mais investimentos em Pesquisa e Infraestrutura, tão necessarios hoje em nosso Campus.
    Estamos tornando o processo seletivo mais democratico e aberto, ofertando educação de qualidade a um maior numero de jovens.

    P.S.: como sempre, o presente sitio se mostra uma excelente fonte de informação.

  4. Falou muito bem o Reitor. Em defesa da educação pública e do ensino superior para todos, especialmente daqueles que historicamente foram excluídos. Será que a manutenção dos privilégios de uns vale mais que os direitos de muitos? O que se está pretendendo com ampliação de cotas e fim do vestibular é buscar a igualdade de oportunidades. Ademais, a decisão foi do CEPE que acatou a proposta do DCE. Não se poderia esperar algo diferente do Reitor do que defender as decisões da instituição. O texto escrito por ele mostra que além de defender, ele compreende a importância da decisão tomada.

  5. Sinceramente, essa cidade já viveu um dano beeeem maior, mas hoje a maioria parece estar nem aí, tocando sua vidinha pequena adiante…

  6. Qdo uma autoridade tem que se explicar é pq algo não está bem. Como não vê prejuizo? E o q foi acordado com as Escolas? Com os cursinhos? Um dia planejam uma coisa e no outro mudam e vem agora invocar cenário nacional,,,Pq trataram então uma coisa e não cumpriram? Não ve prejuízo, pois deve estar em outro mundo…caloteiros e salafrários é que agem dessa forma, como tratantes e sem palavra…A Justiça deve restabelecer essa insensatez com danos morais e tudo mais…

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