DEPOIMENTO. Ela fará muita falta. Daqui a pouco, a cidade se despede de Maria Zaira Silveira de Grandi

Daqui a pouco, às 10 e meia da manhã, no cemitério jardim Santa Rita de Cássia, onde está sendo velada, será sepultada a empresária, advogada e minha amiga Maria Zaira Silveira de Grandi – diretora presidente do jornal A Razão e da rádio Santamariense.

A doutora Zaira (como eu e muita gente a chamávamos) morreu na manhã desta sexta-feira, depois de enfrentar, com muita coragem e por longo tempo, uma enfermidade das grandonas. Mas nunca se encolheu, que isso não fazia parte da índole dela. Bueno, posso garantir que vou sentir saudade. Inclusive das brigas. Ou especialmente delas – que tornava ainda mais forte os nosso laços de solidariedade e parceria. Mas vou sentir saudade, especialmente, da sua coragem de enfrentar as adversidades.

A pedido do Zé Mauro, meu amigo e editor (que me substituiu no posto já vão fazer 10 anos), escrevi um texto. Foi meio na corrida, como normalmente é, no jornalismo diário, e ainda mais pelas condições em que me encontrava e ainda me encontro. Mas, enfim, foi o que consegui fazer e que a edição impressa deste final de semana deve estar trazendo.

O texto? Este, que você lê a seguir, sem qualquer correção (que, espero, tenha sido feita na redação), e que foi feito do fundo do meu coração:

“Cobrança permanente e respeito à pluralidade, marcas nobres e fundamentais de uma guerreira

 “Careca, por que você não noticiou…”

“Careca, tenho uma pauta pra ti…”

Não vem ao caso o que “não noticiei”. Nem a pauta “sugerida”. O que conta, aqui, é o fato. No último contato com a Dra Zaira, em que as duas frases foram ditas por ela, mais uma vez percebi o que já sabia há mais de 30 anos: estava diante de  uma mulher atenta ao mundo e às pessoas que a cercavam. Mesmo que, no meu caso, afastado do quadro funcional do jornal há 10 anos, mantendo apenas a coluna Observatório aos finais de semana, não era raro receber ligação com sugestões de assunto para abordagem. Sem falar nos pitos cordiais, em que o apelido “careca” sempre aparecia, quando discordava de algo. Ou, às sextas, quando me chamava para conversar em sua sala. Qualquer coisa. Da política às relações pessoais, valia tudo.

Mas, penso, o mais importante recordar, nesse momento, era sua extrema coragem de enfrentar as circunstâncias nem sempre agradáveis do empreendedor. E, especialmente, num ramo tão competitivo quanto a mídia. Jamais esmoreceu. Com seus erros e acertos, que é da natureza humana, mas sempre em frente. Uma guerreira, como bem escreveu, em rede social na tarde desta quinta, a colega Clotilde Gama.

Do ponto de vista pessoal e profissional, um agradecimento: a valorização da minha atividade e do meu trabalho. Nem sempre concordava com o que era publicado. Aliás, nem era rara a discordância. Mas o respeito e, sobretudo, o entendimento de que os contrários mereciam também espaço e que a pluralidade era fundamental para o jornal, sempre se fizeram presentes.

É isso o que levo dela: o respeito ao trabalho dos outros. E a sua coragem para enfrentar qualquer adversidade. Vai fazer falta, ah, vai.”