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Assim funciona o ‘gêime’ – por Márcio Grings

A cadeira que usa para teclar no PC está praticamente se desmanchando. Pagou caro por aquele troço e já não vale um tostão furado. Detonada aos extremos. Impraticável voltar a se espreguiçar nela. De todo modo, aprecia o rangido dos parafusos e a forma como se equilibra em frente ao teclado. Soa como se fosse uma espécie de exercício de paciência. Em cinco minutos a coluna começa a doer. Faz parte do jogo.

Clica no site do banco e dá uma checada na conta bancária. Entrou no vermelho. Nada de novo sob o sol. Mais dia, menos dia, ‘tava escrito que ia acontecer. E rolou de novo. Na verdade, ele não está preocupado em retornar à negatividade. Já desceu os degraus dos mais diversos modos. Vira e mexe o sinal de alerta apita. Só que atualmente ele caga pra situação e segue no mesmo tranco. Não muda absolutamente nada. Continua bebendo a mesma marca de cerveja e fazendo as coisas de sempre. É que no atual estágio que se encontra julga ser impossível alterar o prumo ou interferir no movimento de translação da sua vidinha.

Segue atrasado e desligado de tudo. Principalmente com obrigações básicas de qualquer pessoal normal. Por exemplo, uma lâmpada que precisa ser trocada no corredor continua lá, inoperante. Usa uma vela para iluminar a peça quando precisa de algo na estante. Conta setenta e quatro camisetas no guarda-roupa. Usa apenas umas oito ou nove, o resto fica no roupeiro mofando. Isso é um exemplo típico de desperdício. Tem cerca de mil e quinhentos discos de vinil, porém, não escuta dez por cento desse montante. Por que será que insiste em ouvir “Dark Side of the Moon” dezenas de vezes?  “Hunky Dory” do Bowie, por exemplo, foi tocado só pela metade. Ano que vem vai partir pro Lado B desse álbum do camaleão. ‘Tá decidido. “Decisões com deadline a serem cumpridos em um prazo mais extensivo sempre são tão confortáveis”, suspira aliviado, enquanto recoloca o Pink Floyd de sempre no bojo do turntable.

Nos últimos dias, a fome parece ter desaparecido. Vai até o limoeiro e apanha um limão. Espreme o suco numa caneca de metal enferrujada. Despeja o líquido goela abaixo antes mesmo de tomar o desjejum, que novamente será abortado. Nada como um antibiótico natural circulando pelo organismo. Em consequência, resolve que novamente vai enforcar o almoço. Concluiu que a humanidade desperdiça seu tempo nesse lance de comer nos horários pré-determinados. Muita merda indo pro esgoto e pouca substância aproveitável que sirva para encaixar em algo produtivo na cabeça.

Resolução da semana: precisa começar a fumar. Lembra do Zippo prateado aprisionado no ostracismo de uma gaveta, hum…

Parece que finalmente aquelas faíscas e chamas ardentes terão uma utilidade prática.

“Hollywood, o sucesso!”, baita slogan.

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