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EXCLUSIVO. Valdeci credita desempenho menor a pulverização de votos. E acha “cedo” para tratar 2016

Uma preliminar, como diriam os amigos advogados: o sítio enviou questões aos três deputados eleitos e com domicílio em Santa Maria. Paulo Pimenta, deputado federal, foi o primeiro – e o resultado da entrevista foi publicado semana passada. O mesmo aconteceu, na terça-feira, com os deputados estaduais Valdeci Oliveira e Jorge Pozzobom. O segundo ainda não enviou as respostas, que serão publicadas quando chegarem. Dito isto…

O deputado Valdeci Oliveira (PT) respondeu perguntas acerca do desempenho dele (e de seu partido) no pleito de outubro, a relação das correntes internas petistas, a conjuntura atual e futura (o comportamento em relação ao próximo governo estadual) e também sobre a sucessão municipal – especialmente por ter seu nome citado como preferencial de outras tendências partidárias.

A seguir você confere, na íntegra, as perguntas feitas e as respostas dadas e poderá fazer o próprio julgamento. Acompanhe:

Valdeci, na festa da sua reeleição, em 6 de outubro. O futuro? Ele acha que ainda é cedo...
Valdeci, na festa da sua reeleição, em 6 de outubro. O futuro? Ele acha que ainda é cedo…

Uma avaliação do resultado eleitoral do deputado: que teve uma redução no número de votos locais e totais, em relação a 2010. E a que se deve essa redução?

O PT adotou a tática de pulverizar as candidaturas a deputado estadual em Santa Maria e região nesta eleição. Foi uma estratégia democrática e legítima, mas que acabou por diluir os votos dos simpatizantes do partido e, de certa forma, reduzir o potencial eleitoral e político do PT na eleição a deputado estadual. Em 2010, fui o único candidato petista da cidade e fui o mais votado da história das eleições proporcionais locais, o que foi simbólico para o PT santa-mariense. Nesse ano, houve, pelo menos, outros dois nomes locais do partido, fora os regionais. Em 2014, com a tática de mais candidatos nossos, o PSDB, que apresentou apenas um nome, foi o partido que mais fez votos na eleição a estadual no município. Outro fato que também merece destaque foi a ampliação de candidatos pelas demais siglas. Chegamos a ter mais do que o dobro de candidatos de Santa Maria em 2014 em relação a 2010. Dentro desse cenário, extremamente competitivo, comemoramos a votação local, mesmo com a redução existente.

O resultado eleitoral desfavorável das candidaturas majoritárias – de Tarso Genro ao Piratini e Olívio Dutra ao Senado – e a redução da bancada estadual para a próxima Legislatura, a que se deveram, no seu entendimento?

Primeiramente, é importante dizer que o PT reconhece a vitória de Sartori, ao contrário do que acontece no país, onde se promove um irresponsável e antidemocrático movimento de promoção de um “terceiro turno”. O PT, mesmo derrotado, completa 20 anos de disputa do segundo turno no RS, o que não é pouco. Sobre o resultado, lembro que o gaúcho tem a tradição de não reeleger governadores. O fato de termos enfrentado um forte sentimento antipolítica nessa eleição, também prejudicou o Tarso. O Sartori, ao contrário da linha do PT, adotou uma linha de campanha essencialmente emocional, a qual praticamente não apresentou propostas ou planos concretos à população.  No Senado, a disputa foi taco a taco contra um candidato que passou mais de 30 anos exposto no principal programa televisivo do RS e cuja linha de atuação, por vezes, alvejava a política e os atores políticos. A redução da bancada estadual era esperada em função da criação de novos partidos políticos, de 2010 para cá, cujos representantes conquistaram cadeiras nesse último pleito. Também precisamos considerar o fortalecimento da nominata de partidos que atuam no mesmo campo político do PT. A companheira Manuela D’Avila, que é tradicionalmente uma campeã de votos nas eleições proporcionais, fruto do bom trabalho que realiza, concorreu a estadual e foi decisiva para eleger quatro deputados na sua coligação. Mesmo assim, o PT ainda conta, folgado, com a maior bancada da Assembleia pela quinta eleição consecutiva, o que é motivo de orgulho para nossa militância e nossos dirigentes.

Na maior parte da atual Legislatura, o senhor foi líder do governo. Isso significou algum desgaste para sua atuação e o contato com as bases eleitorais? Ou foi benéfico? E mais: agora, como oposição, qual o foco de sua atuação, no parlamento?

Pode ter havido algum desgaste setorial, em função do líder ser o primeiro a defender os projetos do governo, sejam eles simpáticos ou não externamente. Mas não me arrependo. Eu tenho orgulho da confiança que me foi depositada pelo governador Tarso e pelos colegas de bancada durante três anos. Ser líder é uma deferência pessoal e um orgulho, para a cidade e para a região. Como oposição, serei um fiscalizador atuante, mas não farei pirotecnia parlamentar. Também não me furtarei ao diálogo construtivo com a situação quando estiver em questão o desenvolvimento do Estado e da Região Central.

Até que ponto as divisões internas do PT (e suas correntes, todas representadas em Santa Maria) se refletiram no resultado eleitoral?

Entendo que não refletiram. Acredito que houve união delas no processo eleitoral em torno de Dilma, Tarso, Olívio e das candidaturas proporcionais. As correntes internas fazem parte da história do PT, mas não podem estar, nunca, acima do partido.

O deputado Paulo Pimenta, em entrevista ao sítio, deixou claro ser o senhor o candidato preferencial à Prefeitura, em 2014. Como o senhor vê essa manifestação e o que pretende fazer em relação ao pleito local?

Sempre é bom receber reconhecimento. Eu e o Pimenta somos companheiros de luta  há quase 30 anos. No entanto, dessa vez, eu não fui o mais votado em Santa Maria na eleição. O PT também tem no Pimenta um grande quadro, extremamente preparado e qualificado. O fato é que ainda é muito cedo pra falar em nomes pra 2016. Partido tem que centrar o foco agora em avaliar os resultados das urnas. Depois tem de estabelecer um projeto para Santa Maria, pois o modelo atual não atende os anseios da comunidade. Após isso, parte-se para discussão de nomes e de uma aliança competitiva com os partidos aliados. 

Como o senhor vê o momento atual da política santa-mariense e, particularmente, a ação da prefeitura (de oposição) e da Câmara de Vereadores?

A comunidade, de forma geral, está insatisfeita com o trabalho da atual administração municipal. Isso ficou nítido no processo eleitoral, quando tivemos a oportunidade de conversar com a população de todas as regiões de Santa Maria.  São queixas muito pesadas em quase todos os setores. Isso refletiu, inclusive, na votação dos candidatos a deputado que representaram o governo municipal. Registre-se: todos tinham bom potencial eleitoral. Sobre a Câmara, entendo que cumpre o papel importante de fiscalizar e apresentar as demandas da comunidade. Porém, observo que os próprios vereadores, seja da situação ou da oposição, recebem pouca atenção e retorno daquilo que encaminham ao município. Os vereadores não são chamados ou são pouco chamados a colaborar na resolução dos problemas locais. A bancada do PT cumpre o seu papel, apesar de toda dificuldade existente de fazer parte da minoria.

Faça as considerações que desejar, e que eventualmente não foram abordadas acima:

Quero agradecer muito a comunidade santa-mariense e da Região Centro pela nossa reeleição. O mesmo agradecimento dirijo aos nossos militantes que foram, mais uma vez, fundamentais na conquista de apoios. Vamos trabalhar ainda mais pra retribuir essa confiança, sempre com diálogo franco, simplicidade e, principalmente, mãos limpas.”

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2 Comentários

  1. PROJETO:Santa Maria precisa se reerguer, um dos entraves foi a questão muito triste da tragédia da KISS, da sensação de impunidade, do "destrambelhamento da máquina" e dá manipulação da gestão atual. Uma tentativa de se salvar as margens da deficiência de um projeto democrático que atenda as necessidades básicas, como saúde e educação. Santa Maria precisa de um projeto que atenda em primeiro lugar a participação democrática, não é mais possível conduzir uma cidade, um estado e um país se não houver correlação com a estrutura da constituinte nacional de 1988; em que a nação rege suas normas.Sem isso, o resultado são tragédias, desgastes, mal funcionamento do bem estar social, o descontentamento que acabará gerando uma outra revolução sabe-se lá de qual modo, ou para o bem ou para o mal.Mais uma vez parabéns ao deputado Valdeci Oliveira que mantém a estrutura democrática respeitando os governos eleitos pelo voto. Longa vida a democracia.

  2. O conceito de democracia no PT é diferente. No da maioria, dentro dos limites da lei nenhum assunto ou manifestação são proibidos.
    Obviamente, os indivíduos que acreditam que o Brasil é maneta não concordam. Por que maneta? Tem só extrema direita, a extrema esquerda é invenção da imprensa golpista.

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