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Segurança das Escolas – por Marcelo Arigony

E algumas medidas que podem ser tomadas pela comunidade escolar

O recente ataque em uma creche no Estado de Santa Catarina ligou o sinal de alerta com relação à segurança das crianças e adolescentes nos estabelecimentos escolares.

Também estamos vivenciando uma enxurrada de notícias falsas relacionadas a ataques em escolas.

As informações chegam por todos os meios, de forma desencontrada, e muitas vezes fantasiosa. Tudo justificável. Não consigo imaginar nada mais importante do que a vida e a saúde das nossas crianças.

Devemos todavia nos conscientizar de que, ao comentarmos e replicarmos notícias como essas, estamos prestando um desserviço.

A difusão de boatos, ameaças – e até de fatos verdadeiros – gera muito mais malefício do que prevenção. Cria-se uma histeria coletiva, prejudicando as relações sociais, sem falar na possibilidade de estar-se acionando gatilhos, induzindo intenções do mal em pessoas que tenham predisposição para esse tipo de atitude.

No suicídio – embora haja teorias novas que proponham a discussão pública como modo de prevenção – historicamente não divulgamos, não propalamos os eventos morte, exatamente para não induzir ou fomentar ideias suicidas preexistentes.

Da mesma forma precisamos agir nos casos de violência em escolas.

A participação do cronista, há alguns anos, do programa “Papo de Responsa”, da Polícia Civil, na Escola Medianeira (Foto Arquivo Pessoal)

Os eventos precisam ser comunicados às forças de segurança e às direções dos estabelecimentos, que precisam agir profissionalmente e com transparência frente à comunidade escolar, mas sem propalar para além do necessário às medidas de prevenção.

Para finalizar, trago um compilado de medidas que podem ser tomadas pela comunidade escolar, visando à segurança nos estabelecimentos:

Controle de acesso: câmeras de segurança, crachás, roletas, reconhecimento facial, portões com fechaduras; exigir identificação de todos para entrar na escola.

Mindset: treinamento de funcionários. As escolas não precisam ter segurança armada, mas é imperioso que tenham funcionários bem treinados no perfil de agente de segurança, que estejam em condição de identificar sinais de perigo e enfrentar situações de emergência. Poderia-se pensar na contratação de policiais aposentados, cuja mentalidade é voltada para a segurança, e a identificação de riscos ocorre com naturalidade.

Monitoramento de mídias sociais: a segurança escolar precisa trabalhar com inteligência, fazendo constante monitoramento das mídias sociais dos alunos, em busca de ameaças, comportamentos inadequados, ou quaisquer anomalias.

Comunicação aberta: transparência na comunicação entre alunos, pais, professores e funcionários da escola, criando um ambiente confortável para relato de qualquer comportamento suspeito.

Programas de prevenção: desenvolver programas com relação ao trato da violência e bullying, visando desenvolver comportamentos adequados e habilidades para resolução de conflitos sem violência. Desenvolver programas relacionados à saúde mental dos alunos, como a promoção de resiliência e autocontrole.

Identificar e ajudar alunos em risco: vítimas de bullying, comportamento violento, etc., e providenciar encaminhamento, aconselhamento, terapia, intervenção médica.

Reforço na segurança durante eventos escolares, como shows, jogos de esporte, atividades extracurriculares, etc.

Coesão: desenvolver uma boa interação com a comunidade local, especialmente os pais e as forças de segurança, que precisam fazer parte das atividades escolares, formando um grupo coeso e forte.

Plano de contingência para emergências: ter um plano de ação, planejado e treinado, sistema de alerta para notificar imediatamente os professores, funcionários e alunos sobre uma ameaça, acionamento das forças de segurança, evacuação rápida, medidas de resgate.

Promover a cultura da segurança: campanhas de conscientização e treinamento de segurança regular para alunos, professores e funcionários.

(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.

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8 Comentários

  1. Para tomada de decisão são necessarios dados. Por aqui são considerados desnecessarios. O que não se sabe é adivinhado no ar condicionado. Utopicamente poderiam, via SUS, examinar as crianças que entram no ensino fundamental. Fonoaudiologas, oftalmologistas, psicologos(as). Reavaliação periódica. Sim, porque o córtex pré-frontal é responsável pela tomada de decisão e moderação do comportamento social. Termina de se desenvolver lá pelos vinte e poucos anos.

  2. ‘[…] promoção de resiliência e autocontrole.’ De que jeito se o discurso oficial é que todos são vitima de alguma coisa? Plano para emergencias é de lei, protocolos estabelecidos e treinamentos regulares. Como se fosse um incendio. Evacuação rápida só se for na patente, iriam mandar as vitimas como ovelhas para atacantes? Campanhas de conscientização não funcionam. Não sei se funcionaram algum dia.

  3. Transparencia na comunicação é coisa de nefelibata. Platitude. Querem fazer intervenção na maioria porque não conseguem lidar com as exceções. Bullying é a resposta pronta. Muitos não sabem do que se trata, primeiro chute é bullying. Pré-adolescente em SP, familia de comercial de margarina. Num belo dia mata os pais (que eram PM’s) e comete suicidio.

  4. Falar é fácil, só o Instagram tem 2 bilhões de usuarios no mundo e quase 100 milhões no Brasil. Existe o pensamento mágico de que ‘basta mudar o algoritmo’. Como se as empresas tivessem uma capacidade infinita de processamento. Alas, para quem não faz nada tudo é fácil. ‘Ah! Mais se quiser existir no Brasil vai ter que mimimi’, sem problema, eles saem. Alas, é por isto que os vermelhos querem a ‘regulamentação’, pressionar as empresas para fazer o serviço sujo deles. Os ataques são só pretexto. São capazes de criar uma redes social estatal, o ‘Instabosta’.

  5. Mindset (que palavra bonita!) no lugar de mentalidade. Texto ficou muito mais ‘técnico’ com isto! Vermelhos e liberais têm horror a idéia de guarda armada nas escolas. No caso de Blumenau se existisse uma pessoa assim, um policial aposentado (mais de 50 anos), conseguiria parar um sujeito mais jovem com uma machadinha? Utilizando o ‘mindset’, o poder da mente? Até Padre Lauro desconfiaria da possibilidade.

  6. É direito e é divertido dar palpite. Sim, porque segurança de instalações é uma disciplina que tem especialistas. Nesta hora os espertos fake abundam e os verdadeiros não aparecem. Cracha não resolve. Alguem teria que verificar. Cameras, ainda que não sejam baratas, tudo bem, mas reconhecimento facial não sai barato e é necessario um banco de dados. Que também não sai de graça. Alguns falam em portas rotativas como as de banco. O que faz lembrar algumas escolas caindo aos pedaços por aí.

  7. Há um esforço vermelho para imitar o que aconteceu nos EUA também. Constituição estatui que ‘é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;’. Por lá o governo pressionou as empresas de redes sociais e ‘terceirizou’ a censura. Provado, vide ‘Twitter files’. Funcionários mais do que colaboraram. Muitos entraram nas cias via ESG, governança ambiental e social. ‘Precisamos aumentar a diversidade’. Coloca-se a tampa na panela e não demora a fervura começa a tentar derrubar a mesma. É deste jeito, criando uma sensação de injustiça, que gera os Trump da vida. Juntando com a podridão do sistema politico é tudo de bom.

  8. Hummmm…. Existe um movimento orquestrado na esquerda (mais um) a respeito da ‘desinformação’, das ‘noticias falsas’ e do ‘discurso de ódio’. Quem diz o que é ‘desinformação’, ‘noticias falsas’ e ‘discurso de ódio’? Os vermelhos? Sim, porque todo discurso contra o governo, conservador ou considerado de direita pode ganhar o rótulo. Simples assim.

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