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Mais que ‘design’… – por Luciana Manica

Fui positivamente surpreendida com o Seminário Internacional de Desenho Industrial ocorrido na PUCRS nos dias 01 e 02 de dezembro. Voltar a sua universidade é sempre uma enxurrada de recordações. Mesmo com salto 15 adentrando nos paralelepípedos, carregada com o velho e bom chimarrão, o ótimo astral dentre os arvoredos, pássaros e novos prédios me reportaram ao passado.

Antes de entrarmos na viagem proporcionada pelo seminário sobre desenho industrial, também chamado de design, vamos ao conceito: desenho industrial é a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, em escala industrial. Ou ainda, o design preocupa-se com o lado estético do produto, com sua aparência, caracterizada por suas cores, linhas, materiais, etc. Uma estampa original de um tecido ou aquela aplicada em um conjunto de louça, pode ser protegido por design!

Essa tutela se dá com o depósito do desenho no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e pode se estender até 25 anos, depois cai em domínio público e todos podem usufruir da criação. O seu registro exige originalidade e novidade absoluta!

Voltando à palestra, os temas abordados permitiram ao ouvinte passear mundo afora. Recordei da minha monografia de conclusão de curso: – O mundo fashion na propriedade intelectual: a ótica das legislações brasileira e italiana e alguns cases nos quais tive o prazer de trabalhar e agora estavam ali como exemplo na telinha!

Mas não foi só isso, o palestrante da Grendene mostrou por que essa empresa nacional é destaque global! Atualmente com lojas nos diversos cantos do mundo disseminando melissinhas por aí. Isso se deu porque os irmãos Grendene, dantes vendedores de cesta de garrafão, numa viagem à França, viram um sapato de cordas diferente e pensaram: – isso também podemos fazer em plástico! E hoje são exemplo mundial de design de sapatos neste material, supostamente contraindicado para o fim ao qual lhe destinaram com êxito.

Outro case foi a empresa Riva, de Caxias do Sul, com seu slogan poderoso: Riva. Brazilian. Luxury. Design. Essa empresa tem aliado inovação com design. Para ter o seu reconhecimento no Brasil, teve que seguir o caminho inverso e dificultoso. Ser exemplo no exterior, em feiras internacionais, ganhar muitos prêmios, para então fazer com que o design agregasse valor ao seu produto no mercado interno. Resumo: os encantadores objetos acabam desfilando lá fora, sendo raros por aqui.

Mais! Estampado ficou que o desenho industrial tem sido o diferencial na hora da compra! Os designers têm captado exatamente o que o consumidor quer, atingindo nichos específicos de mercado, por meio de pesquisas e análises do perfil do cliente, fazendo-os optar por esta mercadoria e não aquela. Exemplo clássico são os smartphones: Samsung x Iphone. Ambos muito versáteis, úteis e com funcionalidades avançadas. Na hora da compra, qual que a mocinha leva? O rosa estampado, é claro! Não foi a tecnologia que a fez optar, e sim, algo atrativo no produto, daí o poder do design.

A justificativa da falta de prestígio do design de um produto, que além de torná-lo atrativo, muitas vezes é usado para permitir a acessibilidade e melhorar a ergonomia dos instrumentos e mercadorias que usamos no cotidiano, advém de diversos fatores: a constante luta para o reconhecimento da profissão de Designer (PLC 24/2013), a falta de informação ou de empreendedorismo dos empresários, preocupados com outros setores, o que os leva a deixar de investir no design como diferencial para seus produtos.

É triste saber que o Brasil está dentre os países mais premiados do mundo em design, mas são raros os empresários que conseguem obter o lucro dessa fama. O design não é mera decoração, está na pauta das principais revistas e jornais. A Apex-Brasil tem hoje programa de investimento para incentivar a exportação do Design Brasileiro, o qual se destaca agregando inovação e sustentabilidade. Infelizmente, carece o respeito à profissão, devendo-se ceder o devido lugar aos designers nas empresas, inclusive como gestores, e deixá-los criar e agregar valor aos produtos. Assim, até os empresários passarão a consumir design!

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