KISS. Afinal, por que festa para lembrar os 2 anos da morte dos 242 jovens? Eitcha coisa difícil de entender!
O amigo Athos Ronaldo Miralha da Cunha está entre os que melhor escreve em Santa Maria. Tem larga produção publicada, em antologia ou sozinho. E também tem um BLOGUE – o “Que mal lhe pergunte”. Nele, que pena, escreve mais espaçadamente.
Mas não é só isso. O Athos pensa. Acredite: exercitar o bestunto não é tarefa fácil. Se fosse, muitos a cumpririam. E, ao pensar… Bem, aí surgem textos bastante interessantes e lúcidos acerca das coisas da cidade (e do mundo). É dele o que você lerá abaixo. E, para não ficar em cima do muro sobre o tema tratado (os dois anos da tragédia da Kiss), o editor já antecipa: assina embaixo. Sem qualquer reparo. Acompanhe:
“Uma festa para os jovens da Kiss
Numa situação dessas, de uma tragédia que vitimou 242 jovens, a expressão da dor e da saudade pode ser feita das mais variadas formas. Não devo julgar as crenças e as descrenças que envolvem um sentimento de perda. É, praticamente, impossível nos colocarmos – nós que não tivemos familiares na tragédia – na posição de um pai ou de uma mãe que teve a vida de seu filho, prematuramente, ceifada. Nesses dois anos sempre procurei entender e compreender todas as manifestações dos familiares, por um motivo muito simples: nunca tantos jovens morreram num espaço curto de tempo numa cidade do Brasil. Algo sem precedentes na história e rogamos para que jamais se repita.
Eu sou da opinião que nenhum excesso praticado por um pai deve ser condenado porque eu não sei do que seria capaz se tivesse no lugar de algum deles. Na verdade não houve excesso de manifestações e atitudes, acho que caminhamos para um excesso de impunidade e um excesso de esquecimento. A tragédia da boate Kis não pode ser transformada, apenas, em um toldo na praça com fotos dos jovens. Para superar essa dor precisamos de algo mais e esse algo mais se resume em uma única palavra: justiça.
Na adianta querermos escamotear e o poder público – as três esferas que constam na cidade, principalmente a municipal – fazer de conta que está tudo bem. Em Santa Maria não está tudo bem. Santa Maria não foi e não será mais a mesma depois daquele 27 de janeiro.
No próximo 27 de janeiro fará dois anos daquele fatídico amanhecer. O domingo mais triste. O dia em que o Brasil e o mundo choraram por Santa Maria. E nesses dois anos ninguém foi condenado. Ninguém perdeu seu cargo. Ninguém foi demitido. Ninguém foi responsabilizado. Quantos anos, ainda, aguardaremos pela justiça?
O próximo dia 27 será um dia de reflexão. Introspecção e recolhimento. No poema “Veterano” do saudoso Tocaio Ferreira tem um verso que diz: “Repasso o que tenho feito, para ver o que mereço”. É um momento de refletirmos sobre a vida, repassarmos o que temos feito e ver o que merecemos. Nós ficamos e temos o compromisso de manter a memória viva desses 242 jovens.
Como escrevi no começo, procuro entender e compreender todas as manifestações. Mas tem um detalhe: uma festa numa boate no dia 27 para homenagear as vítimas, fica difícil de entender. Deve ser os inexplicáveis mistérios que existe entre o céu e terra.”
PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.
Respeito a opinião do Athos , mas ninguém a não ser os pais que perderam seus filhos tem o direito de fazer ou dizer algo que realmente reflita o seu sentimento. Quanto a atividade que será promovida pela ASSOCIAÇÃO AHH MULEKE, veja bem esta associação não representa todas as vítimas e sim três.Desta forma somente estas três famílias têm o direito de manifestar-se sobre esta atividade, as demais manifestações são meras opiniões sem nenhum valor e consequentemente não devem ser levadas em consideração.Outro fator, que como não dá IBOPE, e talvez não interesse a estas pessoas é o fato de metade da renda desta atividade ser revertida para instituições de caridade. Mas é claro que para os fofoqueiros de plantão isto não tem importância, o que importa realmente é a polêmica, o desentendimento, a desavença. É muita falta do que fazer.
Parabéns Athos, por traduzir o que nos acompanha por dentro!
O principal remédio não conseguimos fornecer às vítimas: JUSTIÇA .
Comentei recentemente que como PAI de uma vítima e uma sobrevivente,não devo explicação a ninguém dos meus atos. Quanto ao Sr Athos,escrevi pessoalmente por respeito,pois com CERTEZA não sabe e ROGO a DEUS nunca saber o que é perder um FILHO. Mas já que mais uma vez destacam seu escrito, acredito que ELE mesmo me ISENTA de "CULPA" pois diz no seu TEXTO de maneira categórica que " Eu sou da opinião de que nem um excesso praticado por um PAI deve ser CONDENADO porque eu não sei o que seria capaz se tivesse no lugar de algum deles" bom meu EXCESSO é fazer uma FESTA PARA LEMBRAR MEU FILHO e isso ninguém muito menos quem não sabe a DOR tem direito de OPINAR ou CONDENAR, segundo não é uma FESTA para HOMENAGEAR A TRAGÉDIA,nunca nesses dois anos falei em nome dos 242, só de meu filho e mais dois jovens que pertencem a Associação Ahh… Muleke! E Essa tão falada Festa já existe só que resolvemos fazer uma NOITE pela PAZ,pela segurança em eventos sem brigas,nunca falamos em festa de Homenagem,coisa que uma IMPRENSA SENSACIONALISTA E TENDENCIOSA o fez. Aprendi com meu Avô " A dar um Boi para não entrar numa briga mas uma boiada para não sair". Já foram feitos Shows dos mais variados lembrando o dia 27 e nunca vi ou li ninguém,OPINAR ou CONDENAR. Quanto ao titular dessa coluna "Jornalista" Claudemir Pereira, O Sr. não tem que ENTENDER,precisa é respeitar um PAI e se preocupar com coisas mais CONCRETAS. Acho que Santa Maria ainda não viu um PAI cometer excessos e rogo a DEUS para isso nunca ocorrer,não cutuquem ou mexam com quem está quieto. Respeitem pelo menos minha FAMÍLIA já que a mim a muito perderam o RESPEITO e poucas pessoas é claro, não me veem como PAI, mas sim onde trabalho! Como disse o PAPA FRANCISCO a HUMANIDADE precisa ser mais HUMANA, e não fazer ou dizer aos outros ou dos outros o que não gostaria que fizessem ou falassem de si.Grande Abraço!
OPINIÃO DO SÍTIO: ao editor não cabe contestar, apenas respeitar. Que é a norma pessoal e profissional do titular desse espaço. Ponto.
Parabéns, Athos, pela coragem de escrever sobre o tema. Entendo que Justiça é o que nós queremos e que uma festa em homenagem às vítimas, francamente, é difícil de entender. Mas escutando os meus alunos – jovens que perderam parentes, amigos, que convivem com sobreviventes, que frequentam as casas noturnas da cidade e que entendem essas casas como parte do seu roteiro habitual -, escutando essa gurizada, me parece que é uma forma deles lidarem com as perdas e os temores provocados pelo incêndio fatídico.
como pai de vitima sinto que o autor esmiuçou as entranhas de cada pai e expressou exatamente o que cada um na sua consciência tem guardado ,parabéns a ele pois soube extrair cada sentimento que aperta todos os corações destas família "quanto a festa ? não sei como definir quem quer festejar uma data como esta?"
Parabéns ao autor pela lucidez.
Sofri a emoção dessas perdas…, angustiei-me pela dor dessas famílias e vivi a saudade especial de um menino querido…
Aguardo que a JUSTIÇA se faça, mas lembrá-los numa festa, não sei se essa seria a melhor estratégia…, melhor que todos "gritasse as suas dores", numa marcha silenciosa e pungente, onde a saudade de todos eles, pudessem se fazer revigoradas através das lágrimas que nos libertaria dessa dor que nos atinge à alma…, para depois então, todos nós em uníssono, pudéssemos gritar por JUSTIÇA JÁ!
Como brindá-los numa festa se a dor nos queima as veias, como?