Eternidade – por Liliana de Oliveira
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Prolongar a vida indefinidamente sempre foi um dos desejos mais antigos da humanidade. Por isso, encontramos num determinado tempo histórico a busca pela pedra filosofal que garantiria o elixir da longa vida. Alimentamos em nós o desejo por viver indefinidamente ou eternamente. Vemos a medicina prolongar a vida humana, a ciência cogitar a hipótese de congelar e “preservar” corpos humanos recém-falecidos para reanimá-los na posteridade. A ideia de viver para sempre parece permear o imaginário humano.
Creio que desejamos viver eternamente porque não queremos nos desvencilhar daqueles que amamos, queremos terminar nossos projetos, queremos ler todos os livros, fazer todas as viagens. Não queremos envelhecer e morrer. Não queremos sofrer a ação do tempo.
Na eternidade não existe passado, presente e futuro; a eternidade transcende o tempo. Tudo é presente, tudo sempre é. Reconhecendo nossa humanidade nos reconhecemos mortais. Reconhecemos nossa finitude e a passagem do tempo em nós. Reconhecemos que nem sempre seremos. Será então que ao desaparecer, desaparece toda nossa existência? Onde fica tudo aquilo que ouvimos, vimos, pensamos e amamos? Tudo desaparece com nosso desaparecimento ou tudo está para além de nós mesmos?
Gosto de fotografias antigas e de histórias de família. Tenho em casa uma parede com fotografias de família. Quando olho a fotografia da minha avó materna que sequer conheci, reconheço que carrego alguns traços dela em mim. Quando olho para a foto de casamento dos meus pais, me reconheço no sorriso da minha mãe. Outro dia, uma amiga minha, ao ver as fotos na parede me disse que não gostava de ter fotografias de mortos em casa. Sorri e disse a ela que não estavam mortos. Hoje essas pessoas estão todas vivas em mim. Vivas nos meus traços herdados, no meu modo de ser, no meu modo de me constituir e viver.
Outro dia cantarolava um samba que adoro e minha irmã falou que era uma música que ouvíamos muito em casa e que minha mãe gostava muito. Talvez por ser muita pequena na época, não me lembrava disso. Mas adorei saber que a música segue sendo cantada e que minha mãe vive em nós. Desconfio que estejamos mais vivos nos outros do que em nós.
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