Um projeto de resolução da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados garante ao próprio presidente da Casa o PODER de escolher o secretário de Comunicação Social dente os deputados no exercício do mandato. Isso mudou uma tradição louvável de nomear para o cargo um servidor técnico de capacidade comprovada, tornano o cargo, na prática, de natureza política.
Ato contínuo, Eduardo Cunha, que se reconhece como evangélico, entre outras coisas, e até participou de cultos (noticiados pela Agência Câmara de Notícias) exclusivos para eles, no início de fevereiro, nomeou o deputado Cleber Verde, do PRB do Maranhão. Ele, que integra a chamada bancada evangélica e seu partido é ligado à Igreja Universal, passou a comandar toda a estrutura comunicacional da Câmara, incluídos os serviços de TV, rádio, midia impressa e internet.
Pois, na semana passada, mais uma vez rompendo a tradição de nomear alguém absolutamente ligado ao setor, Cunha nomeou a servidora Maria Madalena da Silva Carneiro como Diretora de Recursos Humanos – cargo só inferior ao de Secretário Geral da Câmara. Ela até pode ter qualidades para a função, na qual lidará com um orçamento superior a R$ 4 bilhões. No entanto, a moça, até agora, ainda que professor universitária, era a responsável pela emissão de segunda via de crachás dos servidores.
Maria Madalena é evangélica como os deputados Verde e Cunha. Este último, segundo ela, foi o “instrumento de Deus” para a sua nomeação, como relata a reportagem exclusive do portal Congresso em Foco, assinada por Fábio Góis (com foto da Agência Câmara). A seguir:
“Cunha põe evangélicos no comando da Câmara…
…O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nomeou na última semana a servidora Maria Madalena da Silva Carneiro para comandar a Diretoria de Recursos Humanos da Casa. O ato de nomeação, que seguiu para publicação na quinta-feira (19), foi obtido pelo Congresso em Foco antes de ser publicado. Ele designa Maria Madalena para exercer a função a partir da última quarta-feira (18).
Evangélica, a advogada e teóloga de formação chefiará o setor da Câmara responsável pela maior dotação orçamentária da instituição: nada menos que R$ 4,189 bilhões, segundo o descritivo “despesa com pessoal”. Ou seja, mais de 80% do orçamento da Câmara para 2015.
Do ponto de vista político, a Diretoria de RH só está abaixo da Secretaria-Geral da Mesa e da Diretoria-Geral. A primeira tem papel determinante em todo o processo legislativo. A segunda é a mais importante instância administrativa da Câmara.
Madalena disse ao Congresso em Foco que Eduardo Cunha foi o “instrumento de Deus” para sua indicação à diretoria, mas negou que sua escolha tenha caráter religioso. Professora universitária, ela diz que sua promoção é fruto de competência profissional e dos longos anos de atividade na Câmara – onde ela começou a trabalhar em 1º de junho de 1984, sempre ocupando funções relativamente modestas, e jamais exerceu nenhum cargo de chefia.
Em sua última ocupação na Câmara, o seu trabalho consistia basicamente em guardar os livros nas estantes da biblioteca. Anteriormente, era responsável pela emissão de segunda via de crachás – tarefas de complexidade muito menor que a de diretora de Recursos Humanos…”
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Preconceito e discriminação. Constituição fala que "ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa". Ninguém sabe se um kardecista ou um umbandista faz nomeações de pessoas com a mesma religião simplesmente porque o assunto simplesmente não vem à baila. A chance de um católico nomear outros católicos é bastante grande, porém não é problema.
Não sei porque, esta gritaria de alguns da mídia (sim Claudemir, você é da mídia) quando evangélicos ganham cargos. Afinal, sempre as nomeações em diversos setores da sociedade são por afinidade. Basta lembrar os Maçons, que adoram nomear os seus.
Os princípios cristãos não são os mais elevados? Devíamos bater palmas…