O RETORNO. Aliados descontentes e a CPI da Kiss a caminho da desmoralização. É o que aguarda Schirmer

Ninguém sabe de Cezar Schirmer. Liberado oficialmente pela Câmara de Vereadores para deixar o país entre os dias 10 e 19, ele viajou dia 11 e, supõe-se, tenha retornado na data aprazada, amanhecendo em território brasileiro na quinta-feira, 20 – depois de périplo pela Espanha. Não foi visto publicamente na cidade até este domingo. Pelo menos não há notícia disso, no sítio da Prefeitura.

De todo modo, presume-se que o comandante do Palacete da SUCV esteja na comuna nesta segunda-feira e receba o cargo de volta do vice, José Farret, que tocou o barco na ausência do titular. E que relatório será feito a Schirmer? Dados os exemplos recentes, é improvável que o balaio de bajuladores que o cerca beeeem de perto (os mais críticos, inclusive porque não são levados muito em conta, ficam a prudente distância) lhe conte exatamente o que está ocorrendo.

Correndo o risco, o editor toma a liberdade de dizer ao prefeito o que está acontecendo (na avaliação do sítio e de muita gente mais, inclusive entre seus apoiadores, que ele não dá a mínima):

NO FRONT POLÍTICO, a coisa está feia. Com essa história de começar o mandato (ele disse, ninguém inventou) só após a reforma administrativa e, assim que aprovada, viajar, todo mundo está pê da vida. Ainda mais que os sinais oferecidos indicam que a última coisa na qual o prefeito pensa é em alisar os partidos aliados.

Nas pastas principais, até a “caçadores de talentos” está recorrendo, na busca, por enquanto infrutífera, de atrair figurões da comuna para pastas estratégicas. Mas, até aí, tudo ok. O pessoal já estava mesmo acostumado com esse estilo e grita “em silêncio”, vamos dizer assim.

A coisa está mais complicada, no entanto, prefeito, é no âmbito do legistlativo. E nem se fala naquele enrosco do aumenta-não aumenta salário. Isso o prefeito tira de letra. Sobram cargos para oferecer, e os vereadores do governo se acalmarão. Tem sido a norma, não? E nada indica que isso vai mudar.

O que está pegando, meeeesmo, é outra coisa. Sim, o problemão é a tal de CPI DA KISS. Tem uma gravação que, a qualquer momento, virá a público. Mas mesmo os pequenos trechos disponíveis, a partir do depoimento de quem ouviu (e, atenção, não é uma invenção, tanto que está na polícia, que estuda o que fazer), já são combustível suficiente para aniquilar carreiras políticas. Consequências jurídicas são improváveis. Mas a política…

Por exemplo: já se sabe de vereador(a) graúdo(a) que confessa algo do tipo: “essa CPI não pode dar em nada”. Ou “Você não sabe que, se fulano ou beltrano for convocado, vão chegar ao prefeito?”.

Atenção, pode até não ser verdade (conceda-se, sempre, o benefício da dúvida), mas dita por alguém tão influente, como não acreditar que o episódio mais triste da história da cidade, com 242 vítimas fatais e 600 feridos com sequelas ainda imensuráveis, pode acabar com uma carreira política brilhante? Essa deve ser, mais que o secretariado, a maior das preocupações do prefeito que, supõe-se, retoma as atividades nesta segunda-feira.

EM TEMPO: o editor não falou, mas há outra questão com a qual o prefeito terá que lidar. No caso, o “Arraial do Coração”, que acontece bem em frente ao Palacete da SUCV. O local já causou constrangimento por ser o mesmo em que há a vigília dos familiares das vítimas da tragédia. E é palco, também, do início das manifestações populares dos últimos dias. Há outras previstas. Uma delas para esta terça. A festa será suspensa, como aconteceu na quinta passada e será nesta, dia 27? Bem, o Arraial já é capenga, bem diferente do que se imaginava. E foi, aliás, em 2012.