Ciberterrorismo e o nudismo de Boechat – por Luciana Manica
Divido um pouco do gostinho de São Paulo e alguns conhecimentos do Congresso Nacional de Segurança Cibernética ocorrido semana passada, na FIESP. Na mala o gostinho de viagem carregada de estudos, negócios e reencontros, o que mais esperar?
Na chegada, o fim de tarde encantador, o papo gostoso com um primo e a evidente perda de um gaúcho. Sampa converteu o parente. Só rolou “você” e nada de um “Bah!”, “mas tchê!”. No dia seguinte madruguei na Paulista, avenida mais badalada da cidade. Lá é possível visitar museus e centros culturais, encontrar um parque em meio a grandes arranha-céus, curtir o happy hour, aproveitar a noite em casas noturnas, assistir a espetáculos teatrais e sessões de cinema de variados estilos e fazer compras: tudo em um só lugar!
Mas meu compromisso era passar o dia inteiro na Fiesp, o que também foi bastante proveitoso. No evento, palestrantes dos mais variados cantos do mundo (EUA, Israel, Grã-Bretanha, Brasil) e de diversas instituições públicas e privadas do setor de segurança da informação (presidência da república, departamento militar, bancos, empresas de e-commerce e especialistas em cibercrimes). Explico: cibercrime é o ilícito cometido na fraude da segurança de computadores ou redes empresariais. Os debates foram norteados quase que exclusivamente pelo competente e espirituoso jornalista Ricardo Boechat (âncora da BandNews FM e da Band TV), que coordenou os diversos painéis.
O primeiro quadro abordou os ataques cibernéticos mundiais e as medidas preventivas e repressivas a serem adotadas. Restou difícil dimensionar o pânico de todos os países nesse quesito. A fragilidade dos mesmos diante do ciberterrorismo ficou evidente. Todos são unânimes em destacar a escalada crescente do crime organizado e o aproveitamento do mundo digital para ampliação dos ilícitos, os quais são extrafronteiriços. As palavras usadas foram claras, os malfeitores não precisam sequer de internet para fazer um estrago; um simples dispositivo eletrônico móvel (ex. pendrive) pode furtar informações, inserir vírus e arruinar com grandes projetos.
Boechat, instigando o debate, exemplificou casos de disponibilização de fotos pessoais na rede. Recordou da conhecida Lei Carolina Dieckmann (assim nomeada quando da publicação ilícita de fotos sensuais da atriz), e questionou se ele fizesse fotos do seu corpo nu e um cracker expusesse na rede de forma desautorizada. Prontamente, um ouvinte esclareceu: “Boechad, mostrar seu corpo nu na internet é um belo exemplo de ciberterrorismo”, a plateia veio abaixo!
Os palestrantes, depois dessa explicação, destacaram que o conhecimento é o bem mais valioso na Sociedade da Informação, seja ele protegido pela propriedade intelectual (patentes, segredo de negócio), quanto dados (pessoais e bancários). O patrimônio intelectual custa muito mais que as propriedades tangíveis. Essa riqueza transita pelos meios eletrônicos, daí a proliferação dos ilícitos no “mundo virtual”.
Os conferencistas também concordaram que os criminosos estão sempre na frente, são criativos e ágeis, necessitando maior rapidez por parte dos Estados nesse combate, fazendo-se necessário uma atuação colaborativa entre os mesmos, além da união dos setores públicos e privados contra o cibercrime.
A solução para combater esse tipo de ilícito seria dar a devida atenção para a educação, atentando para a conscientização e capacitação dos usuários nos mais variados dispositivos eletrônicos. Também se faz imprescindível rever a legislação, pois tem gerado sensação de impunidade. Os funcionários das empresas ou servidores deverão estar devidamente orientados para agir em ações preventivas e repressivas. E a outra máxima é que todas as empresas e instituições devem ter ciência que serão alvo de cibercrime, portanto, precisam se precaver e saber agir tão logo configurada a violação.
Em suma, todos concordaram que a tecnologia em si não é o problema, e sim, o indivíduo. O equilíbrio entre a tecnologia e os valores éticos e sociais há de prevalecer, pois “o livro de cabeceira é insubstituível, mas o tablet é uma realidade”.
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