Educação não traz felicidade – por Liliana de Oliveira
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Recentemente saiu uma pesquisa no The Health Site afirmando que “Uma melhor educação pode ajudá-lo a ganhar mais, mas não pode torná-lo muito mais feliz do que aqueles com baixos níveis de escolaridade”.
Conseguir uma boa educação pode garantir sucesso profissional, uma vida confortável, possibilidades de acesso a bens de consumo, mas não pode melhorar suas chances de felicidade na vida.
De modo geral, acreditamos que para termos uma boa condição financeira, precisamos ter uma boa escolaridade e que uma boa escolaridade nos garantirá uma vida feliz. Mas, afinal, o que estamos entendendo por felicidade?
Quanto mais tristes, depressivos e ansiosos nos tornamos, mais entendemos que precisamos consumir. Outro dia zapeando em frente à TV me deparo com o programa Além da Conta,comandado por Ingrid Guimarães, no GNT. Fiquei impressionada ao perceber que o programa é um elogio ao consumo. Programa que se passa em Miami e que sempre acompanha um convidado (celebridade) nas suas compras. Num dos programas a atriz Ingrid Guimarães com o carrinho cheio de compras afirmava que uma das coisas mais importantes para ela se sentir bem e feliz era comprar. E que comprar a fazia se sentir quem ela era.
Fiquei observando e pensando em quem era ela que só podia ser definida e explicada a partir daquilo que comprava e consumia. Diferentemente do que pensa Ingrid Guimarães, comprar não nos faz mais felizes. Mas, pelo contrário, aumenta nossa sensação de vazio existencial na medida em que compramos e quanto mais compramos mais precisamos comprar. Quanto mais compramos, mais necessidade temos. Quanto mais compramos, menos somos.
Entendo que a felicidade seja algo que todos nós perseguimos. Entendo que a felicidade seja o fim último da ação humana. Mas, acho que se repensarmos nossas vidas e resignificarmos a noção de felicidade, talvez consigamos conquistar um novo modo de existência. Se entendermos que a felicidade não está ligada a altos níveis de escolaridade, talvez possamos investir mais na infância ao permitir que nossas crianças brinquem mais.
Se entendermos que dinheiro é meio e não fim, talvez possamos trabalhar menos e viver mais. Se entendermos que consumir não diz quem somos, talvez possamos comprar menos e ser mais. Perceber que uma existência não refletida nos faz dormir melhores, talvez nos permita pensar menos e sentir mais. Invejo aqueles que dormem bem!
Olá, O BRANDO!
Quando sugiro repensar nosso modelo de felicidade não pretendo transformar o mundo numa aldeia ou comunidade hippie. Penso que podemos simplesmente refletir sobre nosso modo de vida a ponto de não confundir felicidade com escolaridade e bens de consumo. Quando refletimos sobre nosso modo de existência, podemos construir modos alternativos que potencializem nossa vida. Aqui não tenho nenhuma intenção de prescrever um modelo de vida ideal (mesmo porque não acredito nisso), mas de problematizar o modo como temos vivido. Quanto a dormir bem, minha aposta é que quanto menos pensarmos e refletirmos, melhor dormimos. Aqueles que consomem e dão sentido às suas vidas a partir daquilo que consomem, se parassem para refletir sobre o que isso significa, talvez deixassem de dormir tão serenamente.
Boa noite (de sono)!
O problema de se trabalhar sempre com médias é acabar com generalizações. Que sempre são perigosas.
A atriz mencionada associa a sensação de bem estar do consumo com felicidade. Não passam de reações bioquímicas transitórias no cérebro. Não fosse assim, alguns não advogariam o acréscimo de lítio na água potável. Atribuir um valor moral superior a um e outro é questão de visão de mundo.
Outro problema é a diferença entre educação e alto nível de escolaridade. No Brasil uma visão cartorial impera. Não raramente, diploma simboliza capacidades que não existem. Sem falar na fama que traz, em alguns casos, muito mais dinheiro do que a escolaridade.
Transformar o mundo numa grande aldeia indígena ou numa comunidade hippie muito dificilmente o tornaria num lugar melhor. Também seria uma forma de alienação. Se nada dirente ocorrer em 5 bilhões de anos, o sol engolirá a terra, mas isto é outra conversa. Acho que a humanidade não chega lá.
Crianças brincando mais, bueno, existem algumas habilidades que devem ser adquiridas cedo ou não serão. Outro problema, tratar o mundo como deveria ser e não como ele é. Sem as condições necessárias nada acontece.
Dinheiro é meio e não fim, sim, o autor de "Pai Rico, Pai Pobre" também pensa assim.
Muitos consumistas também têm existência não refletida (no texto a palavra teria mais sentido de "planejada"). E dormem como crianças. E não estão nem aí para o "vazio existencial".