Crise na saúde, até quando? – por Antonio Candido Ribeiro
Entra ano, sai ano; entra governo, sai governo e a ronha envolvendo a questão da saúde pública – dos jogos de empurra dos entes públicos responsáveis pelas providências relativas à gestão dos recursos, passando pelas filas dos postos de saúde e ambulatórios, até as macas nos corredores dos hospitais – se mantém, aqui e ali se agudiza, e faz dos usuários do sistema público de saúde reféns da demagogia e da incompetência.
Criam-se programas (aliás, “programas” não faltam), acena-se com verbas para isso e para aquilo e, no fim, o cidadão que não pode pagar um plano de saúde se vê a mercê da sorte ou do azar, que significará ser atendido ou morrer nas filas de espera por consultas, internações e cirurgias.
Mesmo os caríssimos planos de saúde não significam garantia de pronto atendimento ou de respeito às regras pactuadas com os usuários de cima para baixo, em contratos muitas vezes leoninos aos quais o interessado simplesmente adere (contratos de adesão), pois não há margem para negociação.
Portanto, do SUS – que um dia Lula afirmou beirar a perfeição – ao plano de saúde que muitos de nós pagamos, não há escapatória: sorte ou azar é que definirão a chance de conseguirmos atendimento e respeito. Alguns deles – dos planos que pagamos – não passam de sus com grife, cobram caro e atendem mal.
Mas, fiquemos no sistema público de saúde, que, filosoficamente, como concepção, admito, é ótimo, mas que, na prática, na maior parte das vezes se revela desastroso. Por isso, pergunto por que as coisas não se resolvem e, ciclicamente, se veem reclamações de quem precisa do sistema e de quem deveria prestar os serviços buscados por quem dele precisa.
Agora mesmo, diz-se que, de meados do ano passado para cá (englobando, portanto, o governo que findou em 31 de dezembro e o que iniciou em 1º de janeiro), só para Santa Maria o estado deve oito milhões de reais em recursos para vários programas gerenciados pelo município (Saúde da Família, SAMU, PIM e outros) mas que têm sustentação financeira das três esferas administrativas (União, estado e município).
Se forem corretas as informações, especialmente quanto aos valores citados, trata-se de um verdadeiro descalabro, de um desrespeito inominável que está a merecer a reação dos poderes públicos municipais e da sociedade santa-mariense, que ajuda a manter a máquina pública responsável por tornar reais os mandamentos constitucionais relativos à satisfação das necessidades fundamentais de nossa gente.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que você vê aqui é uma reprodução (sem fonte declarada) da internet.
8 milhões?! É muito ou é pouco? Lembro que a atual administração deixou de investir e ou aplicar bem mais do que isso. E o dinheiro estava aqui-à disposição. É falta de competência, mesmo. Dos amigos…
Questão de prioridades. Em terras tupiniquins, cargo público é título de nobreza. País é uma república, uma federação e uma democracia, tudo "simbolicamente". Políticos tem salários, mordomias e assessores que causam inveja a qualquer executivo de multinacional (incluindo um plano de saúde VVIP). Dinheiro gasto ali faz falta na saúde e em outras áreas. O orçamento (apesar de ser obra de ficção) dá uma medida: pouco mais de 9 bilhões, somados Camara e Senado. Para pouco menos de 600 pessoas "funcionarem". Na Suécia os parlamentares moram em kitchenette e têm que lavar a própria roupa numa lavanderia comunitária. Nem a motorista particular tem direito. Tremenda ditadura devem viver por lá, visto que "a democracia é cara". Pelo que consta, os economistas deles também são muito atrasados. Não colocam rios de dinheiro com juros subsidiados em frigoríficos e outros delírios de grandeza.
Sistema de saúde sueco? Um dos melhores do mundo.
E o SUS? No papel até parece bom. Só que na prática é insatisfatório. Defensores usam muito mimimi: depois que o cara entrou no sistema, ele funciona. Um "mas" importante. Procedimentos eletivos, exames mais complexos, tudo é problema. Culpa de quem? Dos médicos, que não trabalham quase de graça e querem ficar ricos. Pedem muitos exames. Dependem muito de tecnologia(aviso: de "culpa" até aqui trata-se de ironia).
Vai melhorar? Claro que vai. Com a cenoura na frente da carroça os burros puxam com mais vontade. É a tática dos energúmenos que só pensam no próprio bolso, na carreira política, nas próprias eleições e na agremiação partidária.