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EM PRIMEIRA MÃO. Reitoria da UFSM encaminha a ‘Comissão da Verdade’. Reunião inicial será no dia 22

Trecho do documento de nove meses atrás, que fundamentou a proposta para a UFSM
Trecho do documento de nove meses atrás, que fundamentou a proposta para a UFSM

A reitoria da UFSM decidiu encaminhar, ainda que reconhecendo o seu próprio atraso, a formação de uma Comissão da Verdade na instituição. Uma reunião foi chamada, na forma de sugestão, para o próximo dia 22, às 10 da manhgã, tendo como convidados as entidades representativas dos segmentos de alunos (DCE), professores (Sedufsm) e técnico-administrativos (Assufsm).

A criação do organismo, que já existe em várias universidades públicas do País, foi solicitada em agosto do ano passado, pela Comissão Municipal da Verdade, que tem entre seus principais integrantes a subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil, através de sua Comissão de Direitos Humanos.

Aliás, a Comissão Municipal (da qual participam também cursos da própria UFSM, entre eles o de História) não foi convidada para o encontro da próxima semana. Fonte do editor afirma que o primeiro encontro será exatamente para receber sugestões. E, dentre elas, pode estar a expansão do próprio grupo. De todo modo, nessa reunião inicial, só “gente de dentro” vai participar.

Diga-se que foi a OAB, via Comissão de Direitos Humanos, que cobrou uma posição da Reitoria, em material que você leu com exclusividade AQUI mesmo, no último dia 22 de abril, exatamente um mês antes da data do encontro agora agendado.

De todo modo, como o editor apurou nesta quinta-feira, a posição da Reitoria, em relação às entidades representativas da instituição, não é exatamente de imposição, mas de convite. Elas é que decidem se vão ou não participar.

De qualquer forma, a Comissão da Verdade na Universidade é fundamental para saber-se o que houve naquele período obscuro da história recente brasileira. Na UFSM não faltaram perseguições e punições a quem pensasse diferente do regime autoritário. Que, por sinal, até meados da década de 80, manteve, dentro dos limites do campus, uma Assessoria de Segurança e Informações, o braço da ditadura na Universidade.

Há documentos importantes que precisam ser resgatados, sem falar na memória oral a ser buscada para recompor um momento de trevas da vida brasileira, com seus tentáculos dentro da UFSM. A Comissão da Verdade pode ser o caminho único para essa necessária purgação. Ah, opinião claudemiriana: a primeira sugestão deve ser exatamente ampliar o leque de integrantes, chamando a Comissão Municipal para participar, especialmente entidades como a OAB. Afinal, a instituição UFSM e a cidade de Santa Maria se confundem. Inclusive na época da ditadura.

LEIA TAMBÉM:

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UMA COMISSÃO DA VERDADE NA UFSM (documento de 27 de agosto de 2014) – AQUI.

A COBRANÇA FEITA PELA OAB, PELO ATRASO DA UFSM – AQUI.

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7 Comentários

  1. Boa Noite Claudemir
    O parabenizo pelo comprometimento com a verdade, e a vontade de resgatar episódio tão importante quanto lamentável da nossa cidade. Gostaria de saber se esta reunião de criação da Comissão da Verdade na UFSM será aberta ao público, pois tenho interesse de acompanhar os trabalhos. Abraço

    NOTA DO EDITOR. Lamentavelmente, não tenho informação sobre a abertura ou não ao público. No entanto, sei que se trata de reunião preliminar e, imagino (e torço), os trabalhos deverão ser democratizados.

  2. A da UFSM era ASI, e foi sim uma das mais atuantes, especialmente pelo tempo em quee permaneceu ativa: lembremos que Santa Maria já era a 2a guarnição militar do país nos anos 1970. Tudo isso está documentado em dissertação meStrado defendida em setembro de 2014, na própria UFSM, que orientei.

  3. @Alto Falante está correto. Sala 521 da reitoria. Em alguns lugares era chamada ASI, noutros, como SM, era AESI. Parte dos documentos deve estar no Arquivo Nacional em BSB. Existe um artigo na revista Acervo que sugere a possibilidade.
    Ano passado saiu uma reportagem na Razão sobre os documentos e havia um boato sobre a incineração no Hospital Universitário. Outro boato é de que a Assessoria daqui seria uma das mais atuantes. Fica por conta do costume de "gargantear" bastante comum entre os nativos.

  4. Lembro que no ano de 2004, se não me falha a memória, foram encontrados inúmeros documentos dessa época, queimados atrás da reitoria. Na época o fato foi destacado nos jornais. Não consegui achar nada a respeito na internet e nem tenho os jornais, mais alguém lembra disso?

  5. Prezado Claudemir! Cada vez mais vemos o resultado positivo de um jornalismo comprometido com as relevantes questões internacionais, nacionais e locais! A Comissão de Direitos Humanos da OAB, hoje, em reunião extraordinária decidiu que exigirá um grupo aberto para apuração da Comissão da Verdade na UFSM, englobando entidades internas e externas locais, para, de fato, podermos esclarecer o assunto e trazer à tona a verdade histórica de forma global, em com fiscalização da comunidade santamariense. Por fim, quanto a sindicância informada por José Luiz de Moura Filho (então presidente da CDH-OAB à época dos primeiros pedidos), estamos entrando em contato com o Ministério Público Federal Quanto a não abertura da sindicância quanto ao desaparecimento dos documentos da ASI/UFSM! Forte abraço e parabéns pele tua busca por notícias reais e relevantes! Abraços
    Márcio de Souza Bernardes (Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RS, subseção de Santa Maria)

  6. Claudemir,
    além do pedido de criação de uma Comissão da Verdade, naquela mesma data (2014), solicitamos a abertura de Sindicância sobre o sumiço dos arquivos da ASI/UFSM, acerca do que a Reitoria também nunca se manifestou. E neste caso é ainda pior, j+a que a Lei de Acesso à Informação determina que, nestes casos, a autoridade tem a obrigação de determinar a apuração. O fato se reveste de maior gravidade na medida em que o tempo aqui é determinante para o desfecho (positivo ou negativo) do rpocedimento administrativo, pois restam poucos servidores da época ainda vivos, como é o caso do último titular daquela Assessoria, o Cel.Valdir Real de Andrade. Abs! Zeca PS: eu presidia a Comissão de DDHH da OAB na época dos pedidos, e agora estou em Coimbra/PT, para um Pós-Doc, acompanhando tudo daqui, com a ansiedade que os casos requerem.

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