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Humor?! – por Luciana Manica

Certamente é o que tem me faltado ultimamente. Andei me questionando: seria muita seriedade numa pessoa só? Sou uma pessoa de pouco riso? Falta tempo para bobagens? Talvez a resposta seria: sim, todas as alternativas estão corretas. Sejamos sinceros (com os leitores), bom humor sempre me foi escasso, para não dizer inexistente.

Ok, assumido meu lado negro (todos por sinal, até dormindo!), juro que parei para perguntar qual a “santa” criatura que consegue assistir um programa de televisão como o “Tudo pela audiência” (de auditório do Multishow), comandado por Tatá Werneck e Fábio Porchat.

luciana em cima

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Não duvido da capacidade dos âncoras de interpretação, inteligência ou qualquer outra qualidade que os mesmos possuam. Porém, ouso questionar quem, de sã consciência, consegue acompanhar o programa do início ao fim sem sentir vergonha alheia, pena, asco (do que é transmitido), revolta, repulsa, enfim.

Por certo o nome do quadro já dá a entender que a ridicularização impera. Pessoas com sobrepeso em trajes humilhantes são tidas como o alvo do beijo a ser dado pela “gostosa” (que também não passa ilesa só por ser “formosa”). Não basta a cena propositalmente degradante, as ofensas a estes estereótipos também se materializam verbalmente. Óbvio que não poderia faltar o anão, o traveco, o metido a fortão, e assim sucessivamente.

luciana

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E mais, poderíamos achar que essas pessoas se colocam nessas condições pelo dinheiro ofertado. Mas digo: não há valor que pague tanta humilhação! Juro que ao assistir supliquei pela intervenção da Corte Francesa, que certa feita proibiu um anão de participar da disputa de lançamento por um canhão de seres do mesmo porte, por ferir a dignidade da pessoa humana.

O próprio anão recorreu ao Comitê de Direitos Humanos da ONU alegando que necessitava do trabalho para seu sustento (princípio este também fundamental), mas não venceu, tendo sido impedido de voltar a passar por tamanha situação constrangedora.

Pior, não são apenas as pessoas humildes que se sujeitam. No episódio do citado programa, no qual me deparei perplexa, Adriane Galisteu tomou uma garrafada na cabeça e saiu reclamando de dor. Sim, era garrafa de estúdio, própria para encenações. Mas, pela cara, não curtiu nada!

Não pretendo agir como suposta diretora da Globo, comandando “novos especiais”, tampouco coordenar os programas da Band, como o Brasil Urgente, que lidam com preconceito, covardia e desumanidade, deixando no ar a cena até que haja tiro ou caia a tão esperada gota de sangue.

Faço apenas um apelo para a necessidade de refletirmos a qualidade do conteúdo que se vê, para não incentivarmos que momentos de concessão pública de meios de comunicação sejam totalmente desvirtuados, sem qualquer informação. Sabemos que nesses programas falta tudo (bom senso, educação, respeito, consideração com o ser humano, etc), mas jamais audiência! Devemos estar cientes, para não nos divertirmos às custas de programas com zero conteúdo produtivo e totalmente apelativos.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagens que você vê aqui são reproduções da internet.

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2 Comentários

  1. Ola Brando!

    Realmente, o caso dos anões para quem é do direito é batido, mas foi exatamente meu sentimento: chama a Corte (Francesa), pelo amor de Deus!
    No que tange ao uso de uma concessão pública (meio de comunicacao, TV), as emissoras deveriam cuidar com o que expõem, pois esquecem que têm um dever (de informar).
    E esses programas, alem de não informar, violam direito fundamental! Um horror!
    Até mais, saudações!

  2. Mais ou menos isto. O lançamento de anões foi proibido em duas cidades da França. Este banimento chegou a ONU e foi mantido. Lenio Streck vive falando do caso.
    Sem entrar na discussão sobre censura ou começar a debater sobre assuntos que não domino, lembro um cara chamado Noam Chomsky. Dentre os muitos trabalhos dele, existe um em especial que o editor vive mencionando (e não dá crédito) chamado A Manipulação do Público. É o caso da manchete na primeira página e o desmentido perdido num canto tempos depois. Outra afirmação dele é que as emissoras vendem a audiência para os anunciantes. Logo, qualquer modificação, por melhor intencionada que seja, pode levar à bancarrota econômica do sistema (este negócio de "regulamentação econômica da mídia" é pura baboseira ideológica). Outro argumento é que existem alternativas na tv a cabo, quem quiser assistir o Arte1, pode. Nos canais abertos é bem mais complicado. Informação é o que menos aparece, são 1% fatos e 99% opinião com fundo populista, ideológico ou eleitoral.

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