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O “peido-mestre” – por Luciano Ribas

Provavelmente, já vivi a metade (ou mais) da minha vida. Estou com 42 anos e, caso tudo siga o “caminho natural”, ainda devo ver a posse de uns 5 ou 6 presidentes da República, mais umas 15 ou 20 guerras serem iniciadas pelos donos do mundo, uns 30 grandes terremotos vitimarem alguns milhares de pessoas, cerca de 10 jogadores darem o pontapé inicial em Copas do Mundo e, oxalá, o Grêmio voltar a ganhar pelo menos um título relevante… Se tudo seguir o caminho natural, repito.

Como nem sempre a vida segue o roteiro que nós esperamos – e a perda de dois grandes amigos nos últimos anos me ensinou de forma dramática a veracidade disto – a necessidade de avaliar o que fizemos e que “rastros” deixamos no caminho trilhado é mais do que natural. Não, não estou com aquele sentimento de que “darei o peido-mestre”, como dizia o seu Floriano do Monte, na sua característica ironia ácida; apenas me defronto com uma verdade absoluta, talvez  a única que, ao menos por enquanto, ainda mereça esse adjetivo: a nossa finitude.

Difícil de entender e mais ainda de aceitar, o fim da vida está na origem de todas as mitologias que projetam outros destinos que não o do esquecimento, essa sentença inexorável a que está submetida quase toda a raça humana. Fugir desse destino é o motor das nossas ações, fazendo com que alguns sigam crenças que prometem vida eterna (ou a continuidade em outros “planos”) e que outros busquem “feitos” capazes de levar-lhes às páginas dos livros de história ou a ceder seus nomes às ruas das nossas cidades.

Nesse momento, porém, ao fazer esse balanço de vida (ou de “meia-vida”) estou mais preocupado com as coisas do quotidiano, com as decisões e ações que impactam nas pessoas que me cercam e que dão sentido para a minha existência. Se mais melhorei a vida delas do que atrapalhei, se mais ajudei a diminuir preconceitos do que a propagá-los, se mais combati o egoísmo do que o incentivei, se mais dividi conhecimento do que aplaudi futilidades. Em resumo, se fui mais humano do que “besta”.

Secamente, digo que não tenho conclusão e que não vou brigar por ela. Tendo a crer, porém, que o saldo é positivo. E, claro, há ainda algumas décadas para melhorá-lo… Ao menos, espero que sim.

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