Por MARCOS FONSECA
Um boato que surgiu nas redes sociais há poucos dias fez muita gente acreditar que um dos mais antigos restaurantes de Santa Maria, o Augusto, iria fechar as portas. Inúmeros clientes, inclusive de fora do Brasil, entraram em contato com os sócios-diretores, Augusto Ricardo Martins (o Augustinho) e Marco Fank, para saber se o fato procedia.
Houve até comoção, especialmente dos frequentadores mais antigos. Para alívio dos milhares de admiradores do tradicional galeto à primo canto do Augusto, a resposta é negativa. O veterano restaurante não irá fechar. “Não existe negociação, não existe data e não existe prazo nenhum”, assegura Fank.
O boato circulou a partir de páginas pessoais de santa-marienses no Facebook. Fank acredita que a confusão surgiu de um mal-entendido. Em conversas informais com clientes, os donos do restaurante já revelaram que um dia irão se aposentar. Afinal, manter aberto sete dias por semana um estabelecimento fundado há tantos anos é uma tarefa cansativa.
Apesar do prazer que o trabalho proporciona, Fank admite que é uma profissão estressante. Ele começa a rotina às 10h e só encerra por volta da meia-noite. Folga, só nos domingos à noite, quando o Augusto não abre. Depois de mais de três décadas no comando ao lado de Augustinho, Fank não esconde certo esgotamento. “Um dia, eu e o Augustinho vamos parar de trabalhar”, conta. “Não vou morrer aqui dentro”, acrescenta.
Contudo, aos 57 anos de idade, Fank acredita que ainda é cedo para se aposentar. Ele pretende seguir por muito tempo ainda à frente do negócio fundado por seu sogro, o imigrante português Augusto Martins, em 1967.
Mesmo quando os dois sócios saírem de cena, dificilmente a história do Restaurante Augusto irá terminar. Possivelmente alguém assumirá o comando e manterá viva a tradição do espaço gastronômico. Interessados não faltam. Seguidamente surgem propostas de compra. Mas nenhuma delas foi adiante até hoje. Uma das mais recentes partiu de um empreendedor de Santa Cruz do Sul. Ele queria abrir uma filial do Augusto na cidade do Vale do Rio Pardo, por meio de uma franquia do nome. Até o prédio já estava reservado. Fank e Augustinho não aceitaram.
Segundo Fank, já se pensou em criar franquias no Estado, porém seria uma iniciativa arriscada. “Pôr filial e não conseguir manter o padrão é estar fadado ao fracasso”, justifica. A estratégia de sucesso de Augustinho e Fank é manter o único restaurante aos moldes do que sempre foi. Afinal, por que mudar uma receita de sucesso que agrada ao paladar de tanta gente mundo afora? Na lista estão empresários, artistas e políticos, inclusive ex-governadores e ex-presidentes.
O galeto à primo canto é, na verdade, uma receita portuguesa
O carro-chefe do Restaurante Augusto é o galeto à primo canto. O nome se refere ao fato de o galeto servido ser bem jovem, com cerca de um mês – daí o nome, em italiano, que significa “primeiro canto”. Apesar de traduzir a maneira italiana de preparar galeto no espeto, o prato foi inventado por seu Augusto Martins, um agricultor português nativo que veio tentar a vida no Brasil aos 21 de idade junto ao pai, Manoel Martins, que aqui já vivia.
A adoção de Santa Maria como nova morada da família Martins se deu por acaso. Morador de Rio Grande, no Sul do Estado, Manoel cruzou pela região numa viagem a Uruguaiana. Gostou de Santa Maria e aqui abriu um restaurante, o Vera Cruz, na Avenida Nossa Senhora Medianeira. Para ajudar no negócio, chamou o filho Augusto para o Brasil.
Foi no Vera Cruz que seu Augusto desenvolveu a receita do galeto. Os pequenos frangos são preparados no espeto com um tempero à base de ervas finas (sálvia, manjerona, alecrim e cheiro-verde), tomate, cebola, alho, pimenta-do-reino, vinagre e sal.
Seu Augusto trabalhou com o pai por 20 anos até decidir abrir seu próprio restaurante, em 1967. Inicialmente, a galeteria ficava na badalada Avenida Rio Branco, ao lado da SUCV. Logo em seguida foi transferida para o endereço onde funciona até hoje, nos fundos de um edifício residencial na Rua Floriano Peixoto, no Centro.
Em 1985, mais de duas décadas depois de abrir o restaurante, seu Augusto repassou o comando ao filho Augustinho. O genro Marco Fank se juntou à direção em 1988. Atualmente com 88 anos, seu Augusto curte a aposentadoria em sua chácara no município de Itaara.
Com 37 funcionários, o Restaurante Augusto serve mais do que galetinho no espeto. Também há uma enorme variedade de filés, frangos, peixes e massas. O espaço atende entre 6 mil e 8 mil pessoas por mês. Somente o serviço de tele-entrega responde por 20% a 25% do faturamento, com quase 2 mil pedidos mensais.
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Coisa boa é ter história.
Dificilmente nos dias atuais, seja por funcionalismo, planejamento,e constancia, emprendedores possam alcançar uma receita de sucesso como a que tem o rstaurante Augusto,em meu primer e atual rest. intento colocar na pratica sua politica e normas e tenho de ser o cozinheiro para manter a cualidade e fidelidade de meus clientes exigentes, parabens amigos!!!
Sucessão é algo a ser pensado com antecedência. Em alguns lugares, a parte administrativa resolveu-se fácil, mas a qualidade, o padrão, visivelmente não é o mesmo de antes.