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A intolerância nossa de cada dia – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

O conceito básico vai nos dizer que intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões. Em um sentido político e social, intolerância é a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos-de-vista diferentes.

Importante que a doutrina define a intolerância como uma atitude expressa, negativa ou hostil, em relação às opiniões de outros. A wikipedia, ainda que sem conotação científica, traduz a tolerância, por contraste à intolerância, pode significar “discordar pacificamente”. Por exemplo, emoção é um fator primário que diferencia intolerância de discordância respeitosa. A intolerância pode estar baseada no preconceito, podendo levar à discriminação – racismo, sexismo, antissemitismo, homofobia, heterossexismo

Tenho talvez, na redundância possível, estado intolerante com a intolerância. O ato de tolerar não nos exige concordar, mas respeitar posicionamento diferente. Para tanto, não posso exigir um pensar igual ao meu, nem agradar quem queira que eu pense como eles. Tolerar é mais difícil que ser intolerante, aceitar a diferença é mais difícil que encontrar os iguais. A diferença é necessária, seja de opinião, de gosto, orientações religiosas, sexuais; aceitar a diferença passou a ser diferente num mundo intolerante.

A intolerância, em duas situações pontuais, e de grande repercussão me causam espanto. A publicidade dos dias dos namorados do O Boticário e o ofício da UFSM que buscava informações sobre a presença de docentes/discentes israelenses. A repercussão dos dois casos é a demonstração clara da intolerância. Em um primeiro plano, exagerada e descabida a publicidade ser analisada pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR). Com tantas publicidades abusivas que passam imunes de qualquer sanção, logo a mensagem publicitária que reconheceu a pluralidade da nossa sociedade causa tamanha polêmica. Intolerância vergonhosa!

Já o ofício da UFSM, cá entre nós, o mesmo documento poderia fazer qualquer outra solicitação, por exemplo: quantas mulheres estão entre os quadros discente/docente?; qual a faixa etária de alunos e professores?; quantos são os alunos cotistas?; etc. Imagino que conhecer a comunidade acadêmica, dados, números, são elementos necessários para pautar inclusive políticas institucionais. Tem pouco tempo, que foi divulgada a construção de casa de estudantes para índios. Poxa, oportunizar tal política só nasce a partir do momento em que se identifica e se reconhece a necessidade de acolher estudantes-índios.

Nossos tempos clamam por mais tolerância; intolerância apenas à intolerância dos outros.

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

[email protected]

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2 Comentários

  1. O autor tratou o assunto com elegância. Não se pode dizer o mesmo de alguns outros membros da comunidade jurídica da aldeia. Discordam de maneira nada pacífica da "intolerância" alheia. Vociferam. Tentam usar o argumento de autoridade: só os "especialistas" podem dar a interpretação "técnica" de determinados textos. Único problema é que o mundo não é o fórum. Advogados não são sacerdotes que intermediam a relação com os deuses e nem escribas com o monopólio da leitura e da escrita. Além disto, os contornos diplomáticos do assunto ainda sugerem um terceiro tipo de linguagem.
    Memorando pedia "informações". Provável resposta é o que importa. Poderia ser um sim ou um nada consta. Ou poderia ser uma lista com número de passaporte, dia de chegada e dia de saída. As informações poderiam até não ser repassadas, fica no terreno da suposição.
    Em seguida vem o pessoal que quer minimizar o ocorrido. Nem todo israelense é judeu. São 75% da população, qualquer judeu que migrar para lá ganha a nacionalidade no aeroporto praticamente (alás, não são só alemães e italianos que têm dois passaportes na gaveta no RS). O restante são árabes na maioria e não me parece que trabalhariam numa empresa de defesa que supostamente desenvolveria tecnologia para usar no conflito que lá existe.
    São os "interésses" como dizia Brizola. Não conheço alguém que não os tenha.
    O memorando foi adulterado. Sim, foi. Mas não foi a versão adulterada que foi a difundida lá fora. Mostrar a adulteração seria mostrar a propaganda.
    E a repercussão? Nada pequena. Blogs divesos em Portugal, México, USA, etc. Em Israel também repercutiu.
    http://www.haaretz.com/news/world/.premium-1.659860

  2. A grande maioria dos "pregadores de tolerância", não quer tolerância. Quer mesmo o silêncio dos discordantes, em se tratando de certos temas. Explico: Se eu posto um comentário em uma rede social, dizendo que não suporto pessoas que comem alho, pelo bafo que dá depois, ninguém vai me taxar de intolerante. Agora se posto um comentário dizendo que não suporto pessoas que adotam uma prática sexual tal, que me causa repulsa, ou por que considero um risco à saúde, logo sou taxado de intolerante. Em resumo, há temos sobre os quais é proibido opinar "contra a maré". Ou você é a favor, e aplaudido, ou você é contra e taxado de "intolerante", "raivoso", "de ter ódio", e por aí vai. Aí pergunto: quem são os realmente intolerantes? Cada um julgue por si.

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