KISS. Justiça Militar condena 2 e absolve 6. MP pediu absolvição de 5. Familiares não escondem sua tristeza
O fato mais surpreendente no julgamento pela Justiça Militar, de oito bombeiros, entre a terça e esta quarta-feira, não foi a absolvição de seis deles e a condenação de dois oficiais. O que de fato chamou a atenção, pelo inusistado (embora, claro, existam casos semelhantes) foi o pedido de absolvição de cinco dos réus, pelo próprio Ministério Público.
Isso, claro, revoltou familiares das vítimas da Kiss – e elas foram 242 mortas e pelo menos 600 feridas. O argumento do presidente da associação que os reúne, a AVTSM, Sérgio da Silva é consistente. Ele o relatou ao repórter Caetanno Freitas, em material DISPONÍVEL na versão online do Diário de Santa Maria: “Eles (os promotores) expuseram aqueles bombeiros, deixaram passar dois anos e na última hora mudaram de ideia? Já que não havia como sustentar a acusação, por que expôr eles durante todo esse tempo? É um atestado de incompetência”, desabafou Sérgio.
Também pai de vítima, Paulo Carvalho, que tem reiterado suas posições no Feicebuqui, foi adiante, ao comentar especialmente a situação de três dos militares absolvidos a pedido do Ministério Público. Trouxe, inclusive, relatos do próprio Inquérito Policial, como você pode conferir AQUI.
Mas, afinal, como foi o julgamento, terminado às 2 e meia da tarde desta quarta-feira? Entre os muitos relatos feitos pela mídia (todos à disposição na internet), fiquemos com este material, publicado originalmente no G1, o portal de notícias das Organizações Globo. A reportagem é de Vanessa Backes (da RBS-TV), com fotos de Gabriel Haesbaert, do jornal A Razão e do Feicebuqui (os dois pais). A seguir:
“Justiça Militar condena dois e absolve seis bombeiros no caso da boate Kiss…
… Após dois dias de julgamento em Santa Maria (RS), a Justiça Militar decidiu pela condenação de dois bombeiros julgados por responsabilidade no caso do incêndio da boate Kiss. Eles foram condenados a um ano de prisão cada. Outros seis bombeiros foram absolvidos. A tragédia, ocorrida em janeiro de 2013, deixou 242 jovens mortos.
O tenente-coronel da reserva Moisés Fuchs e o capitão Alex da Rocha Camillo foram condenados à prisão por inserção de declaração falsa – assinatura e emissão do segundo alvará que liberava a Kiss para funcionamento.
Fuchs foi condenado ainda por prevaricação (quando um funcionário público comete crime na função), mas a pena foi suspensa. Os advogados dos condenados disseram que irão recorrer.
O tenente-coronel da reserva Daniel da Silva Adriano, que comandava a Seção de Prevenção a Incêndio (SPI), foi absolvido por falsidade ideológica.
Após o julgamento, o MP recorreu para aumentar a pena e para reverter a absolvição do Fuchs no primeiro fato e a absolvição do Adriano. Os recursos serão julgados pelo Tribunal de Justiça Militar. As sentenças serão anunciadas oficialmente no dia 22 de junho.
Resultado do julgamento
– Tenente-coronel da reserva Moisés Fuchs – absolvido por falsidade ideológica, condenado por inserção de declaração falsa (pena de um ano de reclusão) e prevaricação (seis meses de reclusão, pena revertida para apresentação à Justiça Militar a cada dois meses);
– Capitão Alex da Rocha Camillo – condenado por inserção de declaração falsa (pena de um ano de reclusão);
– Tenente-coronel da reserva Daniel da Silva Adriano – absolvido por falsidade ideológica
– Soldado Gilson Martins Dias – absolvido por inobservância da lei;
– Soldado Marcos Vinícius Lopes Bastide – absolvido por inobservância da lei;
– Soldado Vagner Guimarães Coelho – absolvido por inobservância da lei;
– Sargento Renan Severo Berleze – absolvido por inobservância da lei;
– Tenente da reserva Sérgio Roberto Oliveira de Andrades – absolvido por inobservância da lei…”
PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.
Quando mais avançamos, mais percebemos como são fracos os nossos defensores do processo de Santa Maria. Digo fracos ainda, mas, é muito estranho e inédito como você comentou, um promotor depois de dois anos usando esse processo como provas da isenção colocando bombeiros "comprovadamente " com dolo, segundo palavras de seus pares, procurador geral, subprocurador e outros do MP e agora essa incrível queda das mascaras. Ainda que seja fraqueza, nós alertamos lá atrás em setembro, outubro de 2013 quando pedimos que fossem substituídos. Ali já se configurava o quanto estavam despreparados. Faltou decisão e sobrou corporativismo ao MP-RS. Faltou a coragem necessária para perceber que precisavam fazer um movimento forte de investigação com outros membros para enfrentar um processo de tamanha importância. Erraram e muito na avaliação de seus pares. Não se colocaram devidamente a disposição dos pais familiares e de toda a sociedade, com uma maior ação em face da maior tragédia em ambiente fechado do RS. O Conselho do MP-RS conservador não vislumbrou o que poderia acontecer. Não se colocou ao lado da policia na investigação do doa a quem doer tão falada e não praticada. A história poderia ser diferente. Apostaram as suas fichas em agora bem transparentes da ineficiência. Comentei que o bonde da História estava passando e depois não haveria volta. Agora o resultado é esse e cada vez mais vergonhoso para os que não agiram em tempo. O Rio Grande do Sul, o Brasil e o Mundo a cada dia vão percebendo o que está acontecendo. As vãs tentativas do esquecimento que os sem noção tentaram com o Memorial, com frases como é preciso que a cidade volte a viver (sublinear expressão que leva a pensar que os pais das vítimas são culpados pela imagem negativa da cidade). As sórdidas declarações e a cizania tentando colocar pais contra pais. E agora José ? Quais as próximas ações… deixe-me adivinhar… os pais são os culpados. afinal isso já aconteceu na Argentina, essa fase de culpar os pais processa-los pela indignação que sofrem a cada decisão espúria, do corporativismo aqui e lá tão forte que pela impotência que pais, familiares e sobreviventes sentem… infelizmente doenças e suicídios acabam levando pais e feridos. sentindo-se culpados pelo que aconteceu. Antes que um idiota fale que isso é exposição ou qualquer expressão de se fazer de vítima, saibam que essa é a realidade que devemos falar e enfrentar de frente. Esconder esses fatos isso sim seria criminoso. Saibam que eu não desistirei de buscar o que meu Filho, honesto honrado e que deu ou daria a própria vida para salvar amigos, como já tinha demonstrado antes em sua vida se colocando na minha frente quando um assaltante me apontou uma arma. Esse Filho não será desonrado, custe o que custar, ele e os queridos Filhos de 231 familias dos 242 jovens e os sobreviventes e suas famílias saibam que eu não desistirei dessa luta. E antes que digam mais absurdos do que já ouvimos, eu estou em Paz com meu Filho.