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UFSM (6). Representação dos estudantes e também se posiciona sobre a acusação de “antissemitismo”

ufsm documentoUma nota publicada no perfil de Feicebuqui da entidade, no início da madrugada deste sábado, traz a posição do Diretório Central dos Estudantes da UFSM, a propósito do EPISÓDIO em que a instituição foi acusada de ato antissemita.

Ressalve-se que a direção atual da entidade não é a mesma signatária do documento originário, causador do forrobodó de agora. Talvez isso explique (talvez) uma curiosidade: a “nota explicativa” foi seguida de um “comentário explicativo” à “nota”. Bem, como tem sido tratado nesse caso, pelo sítio, apenas relatando os fatos, você tem a seguir a oportunidade de conferir o documento do DCE/UFSM, na íntegra:

COMENTÁRIO EXPLICATIVO:

A gestão do DCE “Pelas nossas mãos” vem a público retificar a nota publicada anteriormente sobre esta questão. Reavaliamos e consideramos que a posição sobre o boicote precisa ser melhor discutida pelos estudantes da atual gestão, que assumiu há menos de duas semanas. Posteriormente avaliaremos a melhor forma de encaminhar essa discussão com o conjunto dos estudantes.

Fomos surpreendidos sobre esta discussão e principalmente pela forma distorcida com que estava sendo divulgado o documento adulterado da UFSM. Pedimos desculpas aos estudantes da UFSM e deixaremos a nota anterior disponível no blog do DCE, para evitar qualquer tipo de mal entendido. Salientamos que somos contra qualquer tipo de atitude xenofóbica, racista e preconceituosa, e que a história de luta do movimento estudantil de Santa Maria é prova disto.

NOTA DE EXPLICAÇÃO SOBRE O DOCUMENTO DA PRPGP:

Caras e caros estudantes e população em geral, através desta nota tentaremos contextualizar a polêmica e as acusações infundadas que tem recaído sobre a UFSM e as organizações das categorias. Estivemos acompanhando as repercussões ao mesmo tempo que consultávamos membros da antiga gestão para entender todo o processo. A Reitoria já manifestou que vem tratando das questões formais e legais, além de denunciar a adulteração do documento da universidade que estava sendo divulgado. Diante disso, julgamos necessário apontar elementos que são omitidos pela mídia e que precisam ser ditos sempre que se for falar de Israel e Palestina. Especialmente dentro de um ambiente universitário.

Este processo tem origem em 2014 quando o mundo inteiro se mobilizava em solidariedade ao povo que sofria com o bombardeio que acontecia em Gaza. Segundo observadores internacionais, um total de 2.016 pessoas morreram e mais 10.196 ficaram feridas durante a ofensiva israelense a Gaza. Entre os mortos havia 541 crianças, 250 mulheres e 95 idosos. Aqui em Santa Maria formou-se o Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino ao qual o DCE se somou.

Uma das ações tomadas na época foi pedir esclarecimentos sobre um suposto convênio entre universidades gaúchas (dentre elas a UFSM) e a empresa bélica israelense Elbit (representada pela subsidiária brasileira AEL). A referida empresa fornece equipamentos ao exército israelense, além de auxiliar na construção do “Muro do Apartheid”.

O encaminhamento dado a esse documento, de forma descontextualizada, acreditamos ser a causa de tamanha confusão. O objetivo era saber se, mesmo sem convênio, já havia alguma cooperação entre a UFSM e o Estado de Israel em andamento. Por essa razão elaborou-se um documento solicitando as informações sobre convênios ou acordos de cooperação tecnológica com empresas israelenses; a intenção destes possíveis convênios; e a possível presença de profissionais ligados a esses projetos na universidade.

Solicitou-se ainda no mesmo documento a omissão de nomes em caso de resposta, considerando que o principal era buscar os projetos e convênios. O documento foi entregue em agosto de 2014 e pode ser conferido na íntegra aqui:
http://www.sedufsm.org.br/docs/noticia/2014/08/D29-220.doc

No mundo inteiro espalhavam-se manifestações de solidariedade. Aqui também, mas com uma particularidade: um convênio específico entre várias Universidades Gaúchas, o Governo do Estado e a Empresa Bélica Israelense Elbit estava sendo propagandeado pela mídia. Sobre esse convênio ou outros semelhantes na UFSM não foi encontrado nada. Caso fosse confirmada essa parceria a intenção do DCE era de barrá-la. Até agora só o que existe é um pedido de informações.

A notícia sobre o memorando da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP) aos Programas de Pós-Graduação pedindo informações sobre a presença ou perspectiva de vinda de estudantes e docentes israelenses à UFSM está tendo uma repercussão exagerada e oportunista em cima de fatos distorcidos.

Sobre a imagem que está sendo divulgada na internet:
A imagem que está em circulação com escritos “FREEDOM FOR PALESTINE, BOYCOTT ISRAEL” é falsa. O documento foi adulterado para acrescentar esta imagem e sugerir que a Pró Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa da UFSM está levantando a bandeira do BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanção), o que não é o caso.

A adulteração serviu em grande parte para atacar a imagem das entidades sindicais ASSUFSM e SEDUFSM, e do DCE da UFSM, assim como do Pró-Reitor José Fernando Schlosser. A onda de ódio gerou insinuações que beiram o absurdo, como por exemplo associar Schlosser ao nazismo por conta do seu sobrenome alemão. Desconhecemos qualquer posição e opinião do Pró-Reitor sobre a questão palestina. De qualquer forma lhe prestamos nossa solidariedade contra os ataques difamatórios.

O DCE da UFSM luta pela construção de uma sociedade plural, contra qualquer forma de opressão e/ou discriminação, como o machismo, o racismo, a xenofobia, a homofobia, e isso faz parte da nossa ação cotidiana. Defendemos que a educação e a universidade pública têm o dever de contribuir na construção desta sociedade, onde as pessoas e nações sejam respeitadas, e que isso seja critério inclusive nos acordos internacionais realizados pela universidade.

Repudiamos qualquer ato discriminatório e queremos deixar claro que de forma alguma essa seria a motivação da solicitação sobre os convênios da universidade. A forma descontextualizada em que a situação foi exposta deu margem para o entendimento equivocado e a má fé de alguns. Lamentamos também que algumas pessoas que se manifestaram agora sobre um possível caso de racismo, inclusive membros da oligarquia da mídia, não tiveram reação semelhante quando milhares de civis palestinos foram mortos no ataque desproporcional realizado pelo Estado de Israel, e que algo tão importante como a questão Palestina seja tratada como secundária ou totalmente ignorada como no caso que estamos vendo agora.

O Diretório Central de Estudantes desde já se compromete em levar esta discussão ao conjunto dos estudantes para ampliar o debate sobre esta questão dentro da Universidade.”

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

 

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7 Comentários

  1. Muito interessante a explicação do Gabriel Abelin mas porque não fizeram algum pedido sobre o acordo da UFSM com a KMW? Afinal a transferência de tecnologias poderia ser contestada pois a KMW também produz armas, blindados, etc. que são vendidos para serem usados em áreas de conflito. Será que só o povo palestino deve ser levado em conta? E os africanos? E os tibetanos? E os sírios e nigerianos? Será que esses povos não existem? Alguém vai protestar contra a política de extermínio do povo tibetano? Se o protesto for apenas contra Israel parece-me um pouco sectário. Seria necessário ampliar o debate e incluir outros povos que sofrem por causa da indústria da guerra senão vira hipocrisia. Combater a pesquisa com Israel e apoiar o acordo com a KMW é um posicionamento esquizofrênico. É necessário ser pacifista por inteiro. A guerra e a sua indústria é a própria manifestação da ignorância humana mesmo usando roupagem tecnológica.

  2. Nota de Explicação…Comentario Explicativo…
    Em breve, Adendo Esclarecedor, Anexo Informativo…

    O DCE explica e explica… Pelo que eu sabia, está gestao é a de situação, mudaram alguns membros mas o cerne é o mesmo, logo TEM compromisso com texto de pedido. tem que ver o nome de quem assina.
    Os estudantes parecem mais humildes na sua avaliação, quem sabe conseguem se colocar no lugar de um aluno israelense das artes, da letras, da veterinária, … Que aqui estivesse é não tivesse NADA a ver com foguete, VANT, empresa bélica,…e soubesse que estavam caçando judeus nascido em Israel.. Podem haver israelenses da paz atuando hoje aqui.

    Voltei.

  3. Política,alinhamento petista,burocracia semântica,palavras ao vento e respostas (quiça) de algum "chefe de gabinete".Não pode dar outra coisa… E segue o baile.Nesse monte de cegos -acho , que segue o braile…

  4. Usufruir da tecnologia desenvolvida na UFSM? Ano passado foi comemorado por aqui o lançamento de um nano-satélite. Esqueceram de comentar que tinha mais 36 parecidos juntos. Um deles era o Duchifat-1. Desenvolvido no Handasaim Herzliya HIGH SCHOOL de Israel.

  5. Aprendemos com Aury Lopes Jr. que toda história muda radicalmente de significado desde o ponto de partida em que começamos a contá-la.

    É o que se verifica mais uma vez no suposto episódio de "antissemitismo" (sic) por parte da reitoria da UFSM, a partir de um documento descaradamente descontextualizado por pessoas que, além da má-fé, demonstram todo seu entendimento de botequim sobre o crime de racismo com um grau de sofisticação e arrogância ímpares.

    Primeiro que dar uma pesquisada na jurisprudência do Supremo sobre o assunto antes de sair vomitando pedantices em redes sociais não faz mal a ninguém, mas né.. já dizia finado Brizola: "Ovelha não é pra mato."

    Segundo que como fui um dos subscritores da petição que gerou a moção que está sendo atacada, gostaria de destacar, como divulgado na nota do DCE que o objetivo era saber se, mesmo sem convênio, já havia alguma cooperação entre a UFSM e o Estado de Israel em andamento.

    Amigos, questionar se, verbis, "Há, no momento perspectiva de a UFSM receber alunos/professores/autoridades/profissionais israelenses? Se positivo, a convite/proposta de quem?", pode sim incomodar, inquietar, aborrecer sionistas e seus asseclas midiáticos (v.g., é bom lembrar que a revista VEJA – local de fala onde o Sr. Reinaldo de Azevedo manifesta suas "opiniões" – foi uma das principais financiadoras do apartheid sul-africano), mas DEFINITIVAMENTE não tem NADA A VER com crime de racismo, não possuindo condão de se justapor tipicamente à definição do artigo 20 da Lei nº 7.716/89.

    Aprendam, de uma vez por todas: ser contra a presença/política/influência de um ESTADO (vejam bem, vou repetir, de um ESTADO, vou desenhar agora; ou seja, SEM PESSOALIZAR A QUESTÃO) genocida e totalitário como o Estado de Israel no Brasil e, no particular, em Santa Maria, é ato que qualquer pessoa com um pingo de humanismo e vergonha na cara deveria reivindicar como causa moral própria, irrecusável e indelegável. Nunca é demais rememorar que o Ministério das Relações Exteriores ordenou a volta do embaixador brasileiro em Israel.

    O Boicote Acadêmico a Israel existe a nível mundial há muito tempo (Stephen Hawking e Noam Chomsky, dois dos maiores intelectuais da atualidades fazem parte do movimento. Chomsky inclusive é de origem judaica.). Este boicote está sendo respaldado por numerosas organizações acadêmicas, quem veem na ciência e tecnologia de Israel sempre um fim militar: desde o desenho dos drones que atualmente os EUA utilizam, até armas químicas que competem com as da Síria, as universidades israelenses instruem às Forças de Defesa de Israel com os métodos sociológicos, psicológicos e tecnológicos empregados para enfrentar os protestos dos palestinos contra a ocupação ilegal de seu território.

    Barrar a Elbit ou seja lá quem for que venha para cá usufruir da tecnologia desenvolvida pela nossa UFSM com mentalidade/objetivo belicista de fomentar o aprimoramento da máquina de matança do Estado de Israel é um imperativo categórico que todo humanista, independente de raça, credo, cor, religião deve assumir com desassombro e sem hesitações.

    E quanto à denúncia, basta dar uma ligada no naipe dos acusadores para saber quem está ao lado da verdade.

    Não há problema legal na solicitação sobre a existência de estudantes ou docentes de determinada nacionalidade. Assim como outros dados (cor, faixa etária, sexo), saber sobre a existência de nacionais de qualquer país é, em tese, uma informação pública (existem números disponíveis ao público sobre esse tipo de informação).

  6. A primeira pergunta do requerimento é sobre o polo espacial do RS. Pouca relação com "defesa".
    "Solicitou-se ainda no mesmo documento a omissão de nomes em caso de resposta…": não procede, basta ler os originais no site da UFSM.
    http://site.ufsm.br/arquivos/uploaded/uploads/334ac01c-7dc4-4a26-a41d-85d422e18475.jpeg
    http://site.ufsm.br/arquivos/uploaded/uploads/1fd49397-667c-41a5-b62e-dc4dcf45d719.jpeg
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  7. Foi sem dúvida a melhor nota e a que mais esclareceu a polêmica, pois colocou a questão dentro do contexto, ou seja, após o massacre de palestinos cabia averiguar se nossa universidade mantinha convênios bélicos com Israel. Fim da polêmica. A não ser que existam outros interesses, como dizia o falecido Brizola!

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