Artigos

Compromisso com o futuro – por Antonio Candido Ribeiro

candinhoAnfíbios, isso o que deveríamos ser neste inverno de diluvianas enxurradas. Assim, mais facilmente sobreviveríamos no aguaceiro, longe das gripes e dos resfriados, das crises alérgicas, das gargantas “arranhadas”, da coriza e das narinas trancadas.

Mas anfíbios não somos, somos apenas gaúchos despreparados para o enfrentamento das intempéries e das consequências das nossas ações sobre a natureza e o meio ambiente em que vivemos, que exploramos e que deveríamos de alguma forma preservar. Destruímos nossa cobertura vegetal nativa, corrompemos cerros e serras, assoreamos rios, acabamos com córregos, sangas e banhados e impermeabilizamos as ruas de nossas cidades.

E, seja por nossa crônica incapacidade de prever, projetar e administrar, seja por escassez de recursos, não realizamos as obras de engenharia que poderiam minorar os danosos efeitos das nossas ações exploratórias da Mãe Terra.

Como, então, El Niño à parte, poderíamos esperar respostas diversas daquelas que a natureza nos tem dado?

E mais sofrem os que menos sabem, os que menos podem. E mais sofrem em todos os aspectos: são os primeiros que perdem as casas e seus parcos pertences domésticos; são os  que mais ficam expostos aos rigores do tempo e que mais demandam atenção e assistência básicas, da saúde primária à mínima manutenção da vida em condições dignas. E são os que lotam os corredores dos hospitais e enfermarias de postos de saúde na esperança, não raras vezes vã, de que o Estado, provedor inepto e falido, lhes atenda nas suas necessidades fundamentais.

Não pensem, todavia, os senhores, que sou um ambientalista ortodoxo ou, mais grave, um daqueles ecoxiitas chatos e grudentos que ninguém aguenta. Não, tenho consciência de que, se queremos progredir do ponto de vista material, se almejamos um estado de bem-estar social que não exclua aqueles que hoje estão à margem dos processos produtivos e de consumo, inclusive dos bens culturais, é ainda necessário algum tipo de agressão  à natureza que originariamente recebemos.

Só que hoje, com o conhecimento que temos, com as tecnologias disponíveis, não mais se justifica que simplesmente a agridamos irresponsável e impunemente. E que não pensemos em sustentabilidade. E que não adotemos com urgência medidas compensatórias para, gradativamente, tentar recuperar, ao menos em parte, tudo que vilipendiamos e destruímos. Mudar esse estado de coisas deveria ser nosso compromisso fundamental com o futuro.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que você vê aqui é uma reprodução da internet.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Um Comentário

  1. Muito bom o texto! Retrata problemas que a décadas enfrentamos, mas não somos capaz de solucionar. Talvez os interesses financeiros e particulares, tem priorizado a tomada de decisões e ações. A solução para grande parte dos problemas que enfrentamos é o planejamento urbano. Mas infelizmente isto vem sendo esquecido, em pró de grandes empreendimentos e por não se saber proibir o que é proibido, pois isso não da voto.
    Conhecemos muito bem os locais de riscos, as tecnologias para melhorar o ambiente ao entorno, a importância do controle de ocupação e alem da necessidade analises prévias antes da implantação de grandes loteamentos. Mas muitas vezes a prevenção, ou simplesmente o dizer não, pode não ser bem visto quando existem interesses maiores por trás ou interesses futuros.
    Por fim, falando das enchentes atuais, muitas vezes escuto ou leio anúncios dizendo que o Arroio está engolindo os terrenos das casas, a água do arrio tal tomou conta da vila, arroios causam transtorno aos moradores, etc, e me pergunto: QUEM ESTAVA PRIMEIRO NAQUELE LOCAL?
    Não seria mais fácil nós respeitarmos as margens desses arroios, sua mata ciliar, a planície de inundação e outros itens ao invés de danificar, poluir e canalizar?
    Hoje temos água para distribuir para as cidades vizinhas, mas não podemos esquecer que São Paulo também tinha.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo