Conforto custa caro – por Carlos Costabeber
Essa crise vai longe, e já está trazendo uma mudança nos hábitos de consumo dos brasileiros. Enquanto caem as vendas de produtos industrializados, aumenta, por exemplo, a de farinha de trigo, e que a praticidade dos “alimentos e comidas prontas”, tem um preço elevado. Elas embutem o custo de fabricação, da embalagem (que custa mais caro que o próprio produto), dos intermediários e da onerosa “cadeia do frio” (armazenagem, caminhões, balcões refrigerados, freezers). Tudo se refletindo diretamente nos preços e no bolso.
Tenho feito palestras sobre “orçamento familiar”, justamente numa hora em que todos estão apertando o cinto. Com a queda real nos salários, estamos vendo o poder de compra regredir ao nível de cinco anos atrás. Então, é bem oportuno “reaprender” a controlar todos os gastos da família. E isso não é nada fácil, pois vivemos numa sociedade altamente consumista.
Só que essa cultura é consequência da estratégia da indústria e do comércio, em “facilitar a nossa vida”. Quando guri, ajudava a atender no “Armazém Seroni”, e tudo era vendido a granel. Os produtos eram acondicionados em sacos de papel, e pesados na frente dos clientes. Mas com o advento do “autosserviço”, tudo mudou ! Os balcões sumiram, e a clientela passou a ser atraída pela variedade de produtos, embalagens coloridas, promoções e belas lojas.
Somos bombardeados durante as 24 horas com produtos e serviços que facilitam o nosso cotidiano. Tudo é cada vez mais “prático”, “conveniente”. Todos querem nos vender “coisas prontas”, “soluções rápidas”. Tudo isso casado com as facilidades do crédito instantâneo (e perigoso). Hoje, a oferta é maior do que a demanda; isso é, não nos falta nada, não existe fila para nada. E a prova é que, em média, os brasileiros gastam 20% do seu orçamento com os chamados produtos e serviços “supérfluos”.
Só que a nova situação está nos empurrando a uma mudança de comportamento. Os supérfluos perderão espaço, e as pessoas voltarão gradativamente aos tempos em que se fazia comida em casa (mais barata e com melhor qualidade). Assim como consertar, ao invés de jogar fora; de buscar alternativas; de ter um orçamento controlado. Todo o sacrifício e criatividade serão recompensados com uma sobra de dinheiro no final do mês.
E esse exemplo serve para todos os segmentos. Nos acostumamos com as facilidades oferecidas pelas “conveniências” de toda ordem, pelo marketing que nos torna “insatisfeitos” com o que já temos (pela obsolescência planejada dos produtos), com as constantes novidades. Só que esse conforto todo, custa muito caro! E os tempos são outros !
com a gasolina nesses valores, qdo a industria automobilística( preocupadíssima com a questão ambiental)vai fazer motores mais eficientes.? Os revendedores não poderiam ajudar e "pressionar" suas marcas a fazerem mais pelo planeta?