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SEGURANÇA. Com o Estado sem troco, nada de uma DP especializada em homícidios, diz o secretário Jacini

Wantuir Jacini: em benefício dele, vamos dizer assim, só mesmo a falta de troco. Mais nada
Wantuir Jacini: em benefício dele, vamos dizer assim, só mesmo a falta de troco. Mais nada

Após três meses de silêncio, desde que esteve em visita à cidade e às repartições ligadas a sua área de atuação, falou de novo para Santa Maria o secretário estadual de Segurança Pública, delegado federal Wantuir Jacini. Foi um trabalho exclusive do jornal A Razão, em reportagem assinada por Fabrício Minussi, com foto de Gabriel Haesbaert. E vamos combinar: não são exatamente boas notícias. Para ninguém. Lamentavelmente. Confira você mesmo, a seguir:

Secretário diz que crise afeta planejamento na segurança

Já se passaram três meses desde que o secretário Wantuir Jacini, da Segurança Pública (SSP), concedeu uma longa entrevista à imprensa. À época, o Rio Grande do Sul (RS) estava às vésperas de experimentar os efeitos de um dos capítulos mais conturbados da sua economia. Vieram o parcelamento dos salários e as manifestações, ancoradas, essencialmente, pelos professores estaduais, com a efetiva adesão da Polícia Civil, Brigada Militar e Susepe. Não faltaram críticas à gestão da SSP. Aquartelamentos, serviços reduzidos nas delegacias e diminuição do policiamento levou ao aumento da sensação de insegurança. Na sexta-feira, Jacini concedeu entrevista exclusiva para A Razão. Falou sobre a crise no RS, das dificuldades de planejar ações face à crise e dos projetos para Santa Maria. Ele pediu tranqüilidade aos gaúchos e se dirigiu aos servidores da SSP.

EXCLUSIVO: ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO DA SSP, WANTUIR JACINI

A Razão – Há alguns meses a Delegacia Regional de Polícia Civil de Santa Maria solicitou, formalmente, a instalação de uma Delegacia de Homicídios na maior cidade da região Centro. Na sua última visita a Santa Maria, declarou para A Razão que o município já comporta uma delegacia do gênero e que caso estava aos cuidados do Chefe de Polícia. Há algum avanço? A cidade terá uma Delegacia de Homicídios? Quando?

Secretário – De fato faz parte do planejamento estratégico da secretaria da segurança pública do estado, a instalação de uma delegacia de homicídios, em Santa Maria, como também, em outras cidades gaúchas. Ocorre que enquanto não houver aporte de efetivo não se pode implementá-la. A finalização do concurso com a conseqüente incorporação de novos policiais civis só vai ocorrer no ano que vem.

A Razão – Há uma informação de que municípios do RS podem receber uma central de Monitoramento do tipo utilizada na Copa do Mundo. Confere essa informação? Santa Maria está nesse circuito?

Secretário – Não há previsão, no momento.

A Razão – Há um clamor para que sejam chamados concursados da Brigada Militar. Como essa questão é analisada diante da crise financeira? Há previsão de chamar aprovados em concurso?

Secretário – Só irá ocorrer no ano que vem decorrente de que o estado recebeu uma herança econômica perversa, que vem impactando todo o planejamento de segurança pública, elaborado para o estado do Rio Grande do Sul. Em 2016, o chamamento dos futuros policiais será submetido aos secretários de Fazenda e de Planejamento, para deliberação de quando será possível chamá-los.

A Razão – Alguns setores criticam a SSP por falta de políticas na área de segurança pública no RS. Qual a resposta que o senhor dá a esses segmentos?

Secretário – Foi realizado um estudo de situação, e partir desse estudo, foi elaborado um plano estadual de segurança pública para o RS. Esse plano compreende políticas baseadas nos seguintes eixos: inteligência policial, inteligência artificial, corregedoria, capacitação, investigação qualificada, programa de redução de criminalidade, avaliação institucional e dos dirigentes. Além de um plano estadual de fronteira, abrangendo os 191 municípios da fronteira do RS, incluídos os municípios que compõem a divisa com Santa Catarina. Porém a execução desse planejamento está prejudicada pela herança financeira que o estado recebeu. E que ensejou o parcelamento de salários, redução de diárias, redução de hora-extra e a recompletamento do efetivo.

A Razão – A imprensa tem falado muito em crise na segurança pública no RS. O senhor considera que existe realmente uma crise? Por quê?

Secretário – Com base nos onze crimes que mais impactam a sociedade, que são os crimes contra vida e o patrimônio, no primeiro semestre houve redução de nove. Apenas dois crimes nós ainda não conseguimos reduzir, os roubos em geral e o roubo de veículos. O roubo de veículos depende de fazer o enfrentamento à receptação, pra isso, foi encaminhado um projeto de lei à Assembléia Legislativa do RS. O PL está em fase de tramitação – uma vez que a lei federal de 2014, revogou a lei estadual que existia sobre o assunto- e tem como foco central a destruição das peças apreendidas e os desmanches irregulares no estado, que são mais de mil e quinhentos.

A Razão – A greve dos servidores e o aquartelamento do efetivo de alguma forma contribui para o aumento da criminalidade?

Secretário – Esses aspectos estão sendo analisados e só serão dimensionados ao final do semestre que está em andamento.

A Razão – Como a gestão da SSP trabalha para melhorar a relação com o efetivo, após as situações criadas com o parcelamento dos salários?

Secretário – Os efetivos da segurança pública têm plena consciência de sua responsabilidade de proteger a sociedade. E essas manifestações não foram contra sociedade, mas sim em função do parcelamento dos salários, porque o governo não tinha dinheiro. Com o pagamento dos salários, essa questão foi superada, e naturalmente, os policiais vão trabalhar com o mesmo afinco e dedicação com que sempre trabalharam.

A Razão – Quem tem maior parcela de culpa para a alegada crise na segurança no RS: o governo ao ter que parcelar os salários ou o movimento dois servidores que “impede” e incentiva a categoria a aderir às paralisações?

Secretário – A herança financeira, onde durante 40 anos o Rio Grande do Sul gastou mais do que arrecadou, e os governantes se preocuparam mais em fazer ações que mascaravam a realidade, isso agravou a situação financeira do estado em todas as áreas. Não só na segurança pública, mas na saúde, educação, e etc. Há ainda, outro aspecto, o RS tem uma administração indireta muito grande, que drena os recursos que deveriam ser destinados à administração direta. Muitas vezes, essa administração indireta, presta serviço de altos custos, de baixa qualidade e inferior ao que prestam as entidades privadas.

A Razão – Qual o recado que o senhor manda para a população gaúcha, que se sente afetada de alguma forma pela eventual redução de efetivo nas ruas e limitação aos serviços nas delegacias?

Secretário – Tenham tranqüilidade, apesar da crise nos primeiros seis meses, nós atingimos plenamente os objetivos, reduzindo a criminalidade, mesmo sem completar o efetivo.

A Razão – Qual o recado que o senhor manda aos servidores da SSP, tendo em vista que ainda existe um quadro que pode acarretar, novamente, no parcelamento de salários?

Secretário – Não vou falar sobre hipóteses, apenas sobre o que é realidade.”

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