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Sobre ato de contrição e remédios – por Antonio Candido Ribeiro

candinhoA ilustríssima senhora presidente da República, contrariando sua índole, que, na minha opinião, é prepotente, autoritária, como de resto autoritários e prepotentes foram, em sua maioria, nossos primeiros mandatários (essa parece uma triste sina que se arrima na imperial cadeira da presidência), surpreendentemente, admitiu a possibilidade de ter errado na formulação e/ou na condução das políticas públicas de seu governo e a necessidade de alterar rumos.

Não sei, se eu estiver errado me corrijam, por favor. Mas este, em muito tempo, foi o mais acabrunhado 7 de setembro que passamos. E não por que eu esteja aqui a pretender que todos nos enchamos de brios cívicos ou de ufanismo e saiamos por aí a alardear as glórias nacionais ou a desfilar pelas avenidas das cidades brasileiras nosso orgulho pelas superiores qualidades de nosso país e de nossa gente.

Óbvio que não. Até por que eu não utilizaria este ou qualquer outro espaço midiático para semelhante pregação. Acho que civismo – não ufanista – é importante na construção da identidade de um povo, de uma nação, de um país, desde que se observem parâmetros de razoabilidade. De sorte que não ultrapassemos a tênue linha que separa esse tipo de manifestação do nacionalismo exagerado e xenófobo, que, via de regra, bebe na fonte do fascismo retrógrado e contrário às mínimas luzes de qualquer civilização que se  diga ou pretenda comprometida com o progresso e a transformação da sociedade humana.

Mas, voltando à fala presidencial, ainda que se possa duvidar da sinceridade da manifestação de D. Dilma, é bom ver alguém possuidor de tamanho poder, uma pessoa sempre tão cheia de certezas e tão dona da verdade – não sem razão falei em “imperial cadeira da presidência” – exercitar a nobre virtude da humildade. Claro, que no caso concreto, não se tratou de um “ato de contrição”, de assunção de todos os pecados, mas é o princípio do reconhecimento de que, na Administração de um pais plural e complexo como o nosso, as verdades definitivas têm o tempo exato do fracasso e da frustração dos processos gerenciais macroeconômicos, refletidos na perda de apoio político no Congresso, na má avaliação dos eleitores ou em outras manifestações sociais que façam eco no Planalto Central.

Civismo à parte, tomara que os “remédios amargos” da presidente e do governador do estado sejam capazes, se não de erradicar em definitivo nossas dores e nossos males, que esse condão eles não têm, de, pelo menos, criar condições para que, ano que vem, o feriado da Pátria seja menos acabrunhado e mais alegre.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que você vê aqui é de Divulgação.

 

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