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CIDADANIA. Um projeto e viés social, da Arquitetura da UFSM: a revitalização do Pátio Feminino do Presídio

Integrantes do projeto ASA, do curso de Arquitetura (foto Agatha Azevedo/Divulgação)
Integrantes do projeto ASA, do curso de Arquitetura (foto Agatha Azevedo/Divulgação)

Por ANDRESSA MOTTER, da Coordenadoria de Comunicação Social/UFSM

Criar uma estrutura que fosse ao mesmo tempo funcional, agradável e segura. Este era o desafio dos integrantes do grupo Arquitetura de Ação Social e Ambiental (ASA) quando convocados pelo Presídio Regional de Santa Maria para planejar a reforma e revitalização do pátio feminino. O grupo, criado em 2011, é orientado pela professora Taís Alves, em parceria com o professor Carlos Fraga e também por membros do Programa de Ensino Tutorial (PET) do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSM, coordenados pelo professor Júlio Katinski.

Segundo Taís, a ideia foi criar um projeto que mantivesse a segurança do presídio e que atendesse às necessidades solicitadas, com o menor custo possível. “A meta do grupo ASA é procurar soluções para que a arquitetura com fins sociais possua qualidade estética, funcional e com tecnologias que primem pelos aspectos ambientais, desmistificando a ideia de que projetos de qualidade são apenas para as classes que possuem mais recursos financeiros. Portanto, buscamos a criatividade como meio de aliar qualidade com o menor custo possível, porque este é um projeto para ser social e tal questão se torna imprescindível”, comenta a coordenadora.

No presídio, o pátio usado diariamente pelas presidiárias e, nos horários de visita, pelos familiares e companheiros, não apresentava um espaço com área coberta suficiente para proteger a todos nos dias de chuva. O ambiente destinado aos visitantes para espera também não era agradável, assim como o local das visitas íntimas dos companheiros. Para tanto, o projeto contemplou, além do espaço coberto, um espaço de lazer, playground para as crianças e horta.

O projeto arquitetônico buscou atender às normas técnicas das construções em presídios. No pátio, planejou-se uma cobertura em formato borboleta, no intuito de proporcionar sensações de liberdade e leveza. A alegria pretendida foi estampada em murais feitos pela integrante do grupo, aluna do curso e artista AntonellaAranda Ávila. Eles apresentam desenhos com cores vibrantes, que passam uma mensagem de apoio e esperança.

Outro mural colocado no pátio tem a função de um quadro negro. Nele, as presidiárias poderão se expressar através de desenhos ou escritas, assim como os visitantes. A horta inserida em um formato ondulado e o playground conformado por linhas sinuosas, fazem parte do contraste que o projeto buscou, ora com linhas retas, ora com curvas, dentre outros aspectos estéticos e funcionais, que foram criados para tornar o local mais adequado à demanda. O grupo entregou um projeto em nível executivo, com todos os detalhes necessários para que a obra consiga ser executada.

Croqui do projeto elaborado no grupo ASA, para o Presídio: a arquitetura sob o vies social
Croqui do projeto elaborado no grupo ASA, para o Presídio: a arquitetura sob o viés social

Na visão dos alunos, participar do grupo ASA é instigante. Segundo a estudante de Arquitetura da UFSM e membro do projeto Luzia Olivier Brand, “todo profissional deve cumprir um papel social na sociedade, principalmente os alunos de uma instituição pública, que tem mais responsabilidade nisso”.

Para a professora, além de propiciar ao recém-formado a oportunidade de assumir um projeto técnico, o trabalho do grupo ASA também se relaciona com a desmistificação da profissão do arquiteto como apenas vinculada ao interesse das classes média e alta. Desta forma, trabalha com projetos para a comunidade.

A primeira ação do grupo foi referente ao projeto “Escola para Todos”, realizado em Cabo Verde, na África, em parceria com professor Eduardo Rizzatti, pró-reitor de Infraestrutura da UFSM. O objetivo era tornar acessíveis as três escolas espalhadas pelas dez ilhas que compõem o país, com a reforma e a reestruturação do pátio e das salas de aula. Este trabalho, que chegou a ser enviado para a presidência do Brasil, foi o marco inicial do grupo, que pretende ainda neste ano registrar-se no CNPQ e alçar voos maiores.

“O desafio do ASA é muito maior, pois com poucos recursos precisamos desenvolver ao máximo a nossa criatividade para que consigamos a excelência nas soluções propostas. E a sigla, ASA, vem ao encontro desta premissa, ou seja, buscarmos através da abstração da palavra ‘asa’, que nos remete aos voos dos pássaros, liberdade de criação, alçar voos imaginativos com a intenção de buscar soluções de qualidade nas mais diferentes áreas da arquitetura e urbanismo”, explica a professora Taís.

Integrantes do Grupo ASA:

Professores: Taís Maria Peixoto Alves, Giane Campos Grigoletti, Juliana Pippi Antoniazzi e Carlos André Soares Fraga. Acadêmicos: Ana Helena Leichtweis, Ana Julia Breunig de Freitas, Camila ZambenedettiLucca, Carlos Diaz Filho, Ione Bertoncello, Isadora Carpes Daltrozo, Maria AntonellaArandaAvila, Maria Cecília Pereira da Rocha, Silvia Farias, Ana Júlia Breunig Freitas, Francisco Cenzi De Ré, João Pedro Silveira, Larissa KraemerRigon, Rafaela Gelatti Senna, Renata Albernard e Luzia Olivier Brand.

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