CPI DA KISS. O celular que virou uma assombração

Se o leitor der uma passadinha d’olhos no Boletim Legislativo 35/2013, provavelmente pensará que o parlamento da comuna está na mais absoluta paz. Que nada há de importante acontecendo. Tanto que a Ordem do Dia da sessão desta terça-feira, nele contida, só tem dois projetos a ser votados em caráter terminal. Para ser preciso, duas propostas que tornam entidades “de utilidade pública’. No caso a “Associação Santa-mariense de Eventos Radicais” e a Associação Santa-mariense de Auxílio aos Necessitados. A primeira patrocinada por Admar Pozzobom e a segunda por Maria de Lourdes Castro.

Ledo engano. Na verdade, a Câmara está assombrada por uma gravação. Ninguém mais duvida de sua existência, como você leu AQUI na madrugada de sábado. Há até quem, mais que suspeitar, afiance o conteúdo. Este editor, mesmo, tem tido trabalho para não liberar comentários que citem nomes. Pelo menos enquanto o teor não ficar público.

Mas, pelo que já se sabe, o celular (que marca será?, é uma pueril curiosidade claudemiriana) que gravou a tal conversa, para muitos, é um herói. Tanto quanto seu dono. Ou sua dona, vai saber. Para outros, “vítimas” dele, pode ser (pooode) ser o atestado de óbito de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que foi parida para nada inquirir. E talvez seja também a estrada pela qual percorrerá(ão) a carreira de uns e outros, no final da qual há um cadafalso.

Daí porque, especialmente aqueles que se imaginam livres de qualquer suspeita (e estão, mesmo) só o que querem, até para serem legitimados e inocentados de qualquer ato, que a tal gravação se torne pública.

E há os que não esperam, inclusive porque já perderam seus bens mais preciosos. No caso, os familiares das vítimas da tragédia de 27 de janeiro. Por seu representante,o advogado Jonas Stecca, já entrou com representação na Comissão de Ética da Câmara. Quer saber tudo, tintim por tintim. Ele e a sociedade, que pode (é a suspeita) ter sido completamente enganada, “cantou” o celular (de que marca será, mesmo?).

Ah, e a informação do final da tarde passada é a que se esperava. Afinal, o presidente do parlamento não poderia ficar omisso diante dessa questão. E não ficará, segundo REPORTAGEM  na versão online do Diário de Santa Maria. Que diz: “o presidente da Câmara de Vereadores de Santa Maria, Marcelo Bisogno (PDT), deve pedir à Polícia Civil uma cópia da gravação, feita no próprio Legislativo por um assessor parlamentar, que teria declarações comprometedoras sobre a CPI realizada na Casa e que apura responsabilidades de servidores públicos no episódio da boate Kiss.”

Está certo. Enquanto isso não se destrinchar é o Legislativo todo que sofre. Só não sofre mais que as famílias dos 242 jovens mortos e dos mais de 600 feridos na tragédia.