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KISS. Fiscalização firme marca os dez meses da tragédia. Mas houve também abraços, barulho, fé…

Tradição que vem do primeiro mês da lembrança das vítimas da Kiss: minuto do barulho
Tradição que vem do primeiro mês da lembrança das vítimas da Kiss: minuto do barulho

Se há uma marca dos dez meses da tragédia que matou 242 jovens (e feriu pelo menos outros 600) esta pode ser a ação de fiscalização promovida por 16 conselhos profissionais os mais diversos. Num trabalho que começou ainda na segunda-feira, cerca de duas centenas de estabelecimentos de todos os gêneros receberam a visita da fiscalização dos conselhos e entidades reguladoras de muitas profissões.

Claro que isso não retirou – ao contrário, ampliou – a emoção que cerca sempre o dia 27, desde a primeira lembrança, em fevereiro. Muita fé. Muito pedido de justiça e um grande não à impunidade. E abraços. E… Bem, confira a ampla reportagem de Luiz Roese (texto e fotos), publicada também pelo portal Terra e que deve estar na edição desta quinta-feira do jornal A Razão. A seguir:

Mutirão de fiscalização visita 200 estabelecimentos

Abraços, emoção. Nada de esquecimento. Nem é o que desejam os familiares. Justiça é o objetivo
Abraços, emoção. Nada de esquecimento. Nem é o que desejam os familiares. Justiça é o objetivo

Ao visitar qualquer estabelecimento em Santa Maria, você sabe ele cumpre todas as normas? Como prevenir? A quem recorrer? Para responder questões como essa, o Fórum dos Conselhos das Profissões Regulamentadas do Rio Grande do Sul (Fórum-RS) montou uma força-tarefa para atuar na cidade desde segunda-feira. Até ontem (quarta) à tarde, cerca de 200 estabelecimentos foram visitados por integrantes de 17 entidades que agregam profissionais de diferentes áreas, gerando 15 notificações que, em sua maioria, foram pela falta de profissional habilitado. A ação marcou o “aniversário” dos 10 meses da tragédia da Boate Kiss.

Os conselhos que têm sede em Santa Maria já realizaram ações desde a segunda-feira. Na noite de terça, bares e restaurantes foram o foco, com 60 locais visitados pelos fiscais, acompanhados da fiscalização municipal e de integrantes do Corpo de Bombeiros, parta averiguação do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI).

Nos três dias da ação, nem todos os estabelecimentos visitados passaram livres. Houve farmácia, por exemplo, que não tinha um farmacêutico presente. Além de destacar a importância da prevenção, a ação do Fórum-RS queria chamar a atenção para o papel fiscalizador que o poder público pode exercer. “Queremos também uma fiscalização mais contundente do poder público em relação aos estabelecimentos. Os conselhos têm uma limitação: não podem fechar estabelecimentos, por exemplo. Por isso, o poder público precisa investir em fiscalização”, diz Everton Borges, assessor de Relações Institucionais do Conselho Regional de Farmácia e chefe de fiscalização do Fórum-RS.

Em cada local, equipes de diferentes conselhos exerciam a fiscalização. Na unidade de saúde básica Erasmo Crossetti, por exemplo, compareceram profissionais das áreas de farmácia, de engenharia e agronomia e de fisioterapia e terapia ocupacional.   

Na manhã de ontem (quarta), os mais de 30 profissionais de diversas áreas de atuação se reuniram na sede da Inspetoria do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RS) de Santa Maria, na Avenida Borges de Medeiros. Dali, as equipes de dividiram para uma operação conjunta, a primeira do tipo no Rio Grande do Sul, que fiscalizou estabelecimentos como bares, farmácias, unidades de saúde, hospital, academias e restaurantes. Foram nove equipes de fiscalização, que usaram mais de 20 veículos.

A ação reuniu profissionais de 16 conselhos: Administração, Biblioteconomia, Biologia, Contabilidade, Corretores de Imóveis, Economia, Educação Física, Enfermagem, Engenharia e Agronomia, Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição, Psicologia e Serviço Social. Também participaram profissionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS).

Também ontem, representantes dos conselhos ficaram na Praça Saldanha Marinho, junto à tenda da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), no centro da cidade. No local, eles tiraram dúvidas e distribuíram materiais informativos com orientações sobre a fiscalização das mais diversas áreas. O foco foi dar atenção para a importância da prevenção. A presença na Saldanha Marinho também trouxe um efeito colateral positivo: muitas pessoas foram até lá para fazer denúncias a respeito de locais que deveriam ser fiscalizados, porque tinham problemas flagrantes.

“Essa ação toda foi de extrema importância. Acredito que vamos fazer outras nesse sentido. Isso só legitimou a caminhada dos familiares das vítimas. Nós devemos pensar em justiça, mas também em prevenção, para que tragégias como a da Kiss não se repitam. Se houvesse a prevenção naquela época, não tinham acontecido esses assassinatos, e os pais não estariam sofrendo como estão hoje, 10 meses depois”, avalia o presidente da AVTSM, Adherbal Ferreira.

Outras ações do mesmo tipo devem se repetir em mais cidades do RS. Profissionais dos conselhos também farão campanhas para recolher alimentos para serem destinados a familiares de vítimas da Kiss que estejam passando por dificuldades.

Os abraços foram dados por familiares de vítimas da Kiss 

Durante a tarde de ontem, estava programada outra ação para marcar os dez meses da tragédia da Kiss: a distribuição de abraços no Calçadão e na Praça Saldanha Marinho. Os estudantes que haviam proposto a iniciativa não apareceram. Então, familiares de vítimas improvisaram e deram eles mesmos os abraços em quem passava pela tenda da AVTSM.

No final da tarde de ontem, familiares e amigos das vítimas se reuniram mais uma vez para uma celebração que já se tornou tradicional a cada dia 27: o “minuto de barulho”, com palmas, sinos e buzinas, para celebrar a vida alegre que as vítimas da Kiss tiveram. Logo depois, todos só atravessaram a rua para entrar na Igreja Evangélica de Confissão Luterana, para um culto ecumênico”

Fiscais também utilizaram o momento, no centro, para trazer esclarecimentos à população
Fiscais também utilizaram o momento, no centro, para trazer esclarecimentos à população

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A REPORTAGEM ACIMA TAMBÉM FOI PUBLICADA PELO PORTAL AQUI

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3 Comentários

  1. Mutirão é marketing. É mutirão da fiscalização, mutirão carcerário, mutirão de conciliação. Faz-se num dia o que deveria ser feito sistematicamente durante o ano todo.
    Existe uma queda de braço entre o Estado (que cria um emaranhado de regulamentos que não fiscaliza) e muitos donos de estabelecimentos (que só agem de maneira correta depois de serem fiscalizados).
    Cidade de São Paulo (a mais rica do país) tem 400 fiscais. Centenas de milhares de estabelecimentos. Na aldeia, como está a proporção?
    E não basta apenas aumentar o número. Qualquer erro por parte do fiscal ocasiona uma liminar que reabre o estabelecimento autuado. E o fiscal ainda pode levar um abuso de autoridade nas costas, com consequencias penais e administrativas.

  2. E então os estudantes que tinham proposto o abraço gratuito não apareceram ? O egocentrismo da últimas gerações me surpreende (negativamente) a cada dia.

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