Economia

CONJUNTURA. O novo Conselhão de Dilma e a tarefa que se impõe ao País: a economia precisa parar de cair

Por RUDOLFO LAGO, jornalista (originalmente publicado no portal Fato Online)

O que a presidente Dilma Rousseff pretende fazer na quinta-feira (28) com a ressurreição do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, já teve vários nomes no passado. Foi “pacto” no governo José Sarney. O então líder do governo no Senado na era Itamar Franco, Pedro Simon, chamou de “condomínio da governabilidade”. Ultimamente, ganha às vezes o apelido de “concertação”. Em todas essas ocasiões, visava reunir diferentes forças políticas e empresariais em torno de um consenso para tirar o país da crise.

Em nome da honestidade, é importante lembrar que nenhuma dessas tentativas anteriores de consenso foi muito longe. Em nome da honestidade, também, é preciso lembrar que, num primeiro momento, quando as reuniões foram possíveis, elas, pelo menos por um tempo, ajudaram a distensionar o ambiente. Se a presidente Dilma Rousseff conseguir isso, já terá dado um passo importante.

De acordo com uma fonte que é interlocutor tanto de Dilma quanto do ex-presidente Luiz Inácio Lula, está aí nesse retorno do Conselhão um mínimo múltiplo comum entre a criatura que hoje governa o país e seu criador. É preciso criar condições para que o Brasil, ao menos, pare agora de ver a sua economia cair e cria sinalizações concretas de retomada do crescimento.

Claro que ninguém deve esperar medidas concretas a partir desta primeira reunião. O que se pretende agora é mera sinalização política. Depois do ano conturbado que foi 2015, com conspirações florescendo a cada esquina, iniciar 2016 reunindo alguns dos principais nomes do empresariado, do mundo financeiro e do mundo sindical é o sinal de tranquilidade que Dilma precisa para tentar trilhar novo caminho.

Segundo esse interlocutor tanto de Lula quanto de Dilma, a presidente percebeu a essa altura que fez apostas erradas para solucionar a crise econômica em 2015. Sua opção por Joaquim Levy para conduzir a economia e Aloizio Mercadante para as tratativas políticas revelou-se um desastre. Por mais que o discurso de Levy fosse próximo ao mercado financeiro, essa união com Mercadante foi incapaz de construir os consensos necessários. Pelo contrário, ao final, já não havia diálogo quase nenhum no Congresso e mesmo na sociedade.

Na parte política, Lula e Dilma avaliam que a situação já começou a melhorar na virada do ano passado para 2016. Jaques Wagner, da Casa Civil, costura com o Congresso e os partidos. Ricardo Berzoini, na Secretaria de Governo, refaz as pontes com a sociedade organizada. Resta a economia. Nelson Barbosa nem era a primeira opção de Dilma para a Fazenda. Nunca foi a opção de Lula. Mas Henrique Meirelles, o nome preferido de Lula, só se fosse possível construir um projeto claro capaz de unir em torno dele o setor financeiro sem ofender as bases originais do PT. Enfim, corria-se o risco de criar outro Joaquim Levy, no máximo com mais experiência.

Nesse mínimo múltiplo comum entre Dilma e Lula, o interlocutor observa que Dilma sabe que não há possibilidade de guinada na economia. E nem ela mesma acreditaria nessa alternativa ou optaria por ela. Mas ele considera que a presidente, aos poucos, vai dando sinalizações para a retomada do crescimento. Há, ainda, no MMC de Dilma e Lula, uma impressão de que a atual inflação não seria uma inflação de demanda, mas mais provocada pelo aumento das tarifas públicas, que ficaram represadas muito tempo. A demanda, esta já estaria reprimida, o consumo já estaria baixo.

Nesse sentido, a entrevista que o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, concedeu em Davos, na Suíça, para a Folha de S. Paulo, tranquiliza por ir em posição semelhante, elogiando o Banco Central por não subir a taxa de juros e o governo por procurar alternativas de aumento do crédito para impulsionar a retomada do crescimento.

Se tudo isso vai dar certo? Depende do que se considera “dar certo”. Dilma ainda se comporta como um paciente na UTI, que tem de comemorar cada dia a mais em que acorda de manhã cedo. Se acordar mais disposta depois de quinta-feira, já terá o que comemorar.

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