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UFSM. Há exatos 30 anos, comunidade universitária, pela primeira vez, elegia o seu Reitor pelo voto direto

Rossato: DCE, liderado por nomes como Paulo Pimenta e Claudio Langone, pressionava com ações como ocupação de reitoria e trancamento da entrada do campus
Rossato: DCE, liderado por nomes como Paulo Pimenta e Claudio Langone, pressionava com ações como ocupação de reitoria e trancamento da entrada do campus

Por FRITZ R. NUNES (entrevista e texto), RAFAEL BALBUENO (foto) e IVAN LAUTERT (vídeo), da Assessoria de Imprensa da Sedufsm

No dia 23 de dezembro de 1985 tomava posse o primeiro reitor eleito pela comunidade universitária da UFSM, e um dos primeiros do país, após o fim do regime militar iniciado após o golpe de 1964, mandato que se estende até dezembro de 1989. Não foi um processo fácil, pois mesmo tendo sido eleito pela comunidade, o professor do curso de Engenharia Civil, Gilberto Aquino Benetti, precisava do aval da Presidência da República. Após um mês de idas e vindas, período em que Benetti emagreceu vários quilos, acabou nomeado. Entretanto, Benetti assume tendo um vice da gestão anterior, que era a do reitor Armando Vallandro. O professor Olinto Toaldo permanece como vice de Benetti até meados de 1987, quando o professor Ricardo Rossato, que pertencia ao departamento de Fundamentos da Educação, é eleito também pelo voto direto para a vice-reitoria e assume em junho daquele ano. Rossato cumpre uma via sacra até sua nomeação, que também passava por injunções políticas, seja na Presidência da República ou no Ministério da Educação, mesmo em um governo que já respondia pela chamada Nova República, com atitudes que deveriam ser opostas às do regime ditatorial.

Passados 30 anos, recorremos à memória do professor Ricardo Rossato, hoje aposentado e com 69 anos de idade, para saber um pouco mais sobre aquele período, tendo em vista que o professor Gilberto Benetti é falecido desde 2008. Em seu depoimento, disponível junto a essa matéria, em vídeo, Rossato lembra que a eleição direta para reitor era uma reivindicação antiga e que chegou a ser pauta da greve deflagrada em 7 de maio de 1984, ainda durante a ditadura militar. Segundo ele, na época, a ANDES (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior) lutava para que as eleições diretas fossem em todos os níveis, inclusive nas universidades, e para todos os cargos. Já anteriormente, em 1981, houve uma tentativa de eleição direta para reitor na UFSM, que não foi reconhecida pelos conselhos superiores. O processo foi chamado pela Apusm, ABS (atual Assufsm), DCE, e teve entre seus candidatos o professor Gilberto Aquino Benetti e o professor José Fernandes.

Destacamos a seguir os principais trechos da entrevista com o professor Ricardo Rossato, em que ele rememora, por exemplo, o rumoroso episódio da assembleia universitária, em que os segmentos decidiram pela greve, que acabou sendo referendada no Conselho Universitário, com o voto de desempate proferido pelo reitor Benetti. O ex-vice-reitor fala ainda sobre os conflitos com o movimento estudantil e com outros segmentos da UFSM, que esperavam uma gestão de maior proximidade em suas ações. Ricardo Rossato fala, e se emociona, sobre o terrível período em que, participar de uma greve, podia significar desde ameaça de demissão ou mesmo ameaça à integridade física, inclusive dos familiares. Acompanhe os principais trechos e, ao final da matéria, o vídeo, que tem duração de 44 minutos.

O Vice e a indicação pelo regime militar

Benetti assume, mas tem como vice durante dois anos, alguém não eleito pela comunidade, que foi o professor Olinto Toaldo. Rossato conta que, naquela época, o vice-reitor era indicado pela Presidência da República. O reitor Armando Vallandro, que também era uma das lideranças locais da antiga Arena (depois PDS), e que teve a última gestão da UFSM antes da democratização do país, segundo se comentava, tinha preferência para seu vice o professor Fugued Calil. Entretanto, acabou nomeado para a vice-reitoria, o professor Olinto Toaldo, que, segundo Rossato, era a pessoa que tinha bastante proximidade política com o então deputado Nelson Marchezan (PDS), um dos líderes de governo do general João Batista Figueiredo. Então, havia uma disputa muito forte, que passava por uma lista sêxtupla indicada à Presidência da República. Conforme Rossato, ao longo de um  ano e meio houve a disputa interna no governo até a nomeação de Toaldo, o que gera essa defasagem temporal na nomeação que se reflete depois na eleição de Rossato…”

PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.

CONFIRA, EM VÍDEO, A ENTREVISTA COM ROSSATO:

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