Pela BBC BRASIL, originalmente publicada no portal Terra
Em 1992 já havia um “Fora Cunha”. Naquele ano, em meio à turbulência em torno do processo de impeachment de Fernando Collor de Mello, o Sindicato dos Trabalhadores em Comunicação do Rio de Janeiro exigia a saída do economista Eduardo Cosentino da Cunha da presidência da companhia telefônica estadual.
“Um collorido na presidência da Telerj”, denunciava o cartaz de protesto.
Hoje o “Fora Cunha” é uma hashtag, e o ex-collorido da Telerj se tornou o poderoso presidente da Câmara dos Deputados, o homem à frente da votação que, no domingo, pavimentou o caminho que tende a levar o país a mais um processo de impeachment – a decisão, agora, está a cargo do Senado.
Cunha foi, até então, o principal opositor da presidente Dilma Rousseff na longa e cansativa batalha do impeachment, o “adversário mais à altura” que o PT já enfrentou em seus 13 anos de governo, segundo o ex-deputado Roberto Jefferson (PRB-RJ), condenado no processo do mensalão.
“Lula nunca esperou encontrar um bandido da mesma qualidade moral, intelectual que ele”, disse Jefferson em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo , publicada no último dia 31 de março.
Cunha, entretanto, tem muitos admiradores. “Ele é um político ousado, inteligente, disciplinado e trabalhador”, elogia o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), um de seus principais aliados na encarniçada guerra contra o PT. “Reúne todas essas qualidades. Leva isso ao extremo.”
De fato, Cunha sempre foi aplicado. Estuda os regimentos da Câmara com afinco, como na época em que era um estudante discreto, de cabelos compridos e óculos “fundo de garrafa” que sempre tirava boas notas, como conta um perfil publicado pelo jornal O Globo , também em março.
Mas nada em seu comportamento escolar nos anos 70 (ele nasceu em 1958; em setembro completa 58 anos) indicava que Cunha estaria hoje no centro do noticiário político do país por seu papel de principal opositor ao Poder Executivo e por conduzir o processo de admissibilidade do impeachment enquanto ele mesmo é réu no Supremo Tribunal Federal sob a suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Tesoureiro de campanha de Collor
“Cunha não era politizado quando jovem. Nunca foi de movimento estudantil nem de associação de moradores”, conta o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), ferrenho adversário do peemedebista.
“Ele vinha de uma família de classe média, era tijucano (morador do bairro da Tijuca, zona norte do Rio) como eu, e ingressou na política com um objetivo claro de ascensão social.”
Seu primeiro partido foi o PRN (Partido da Reconstrução Nacional): em 1989, ele ajudou a eleger Collor presidente, como tesoureiro do comitê de campanha no Rio, a convite “da figura mais nefasta daquele grupo, o Paulo Cesar Farias”, relata Chico.
Como se vê, a pecha de “collorido” que Cunha carregava em 1992 não era gratuita. Foi o próprio PC quem sugeriu a Collor nomeá-lo para a presidência da Telerj, em 1991. Antes de ingressar no mundo dos cargos comissionados, ele teve passagens como economista pelas empresas Arthur Andersen e Xerox….”
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Dois posts quase emendados um no outro sentando a pua no Cunha. Petistas estão mordidos mesmo.
Só que, perto do que aconteceu na Petrobrás, Cunha é um bagrinho. É só ler o noticiário antigo, “diretor devolve 70 milhões”, “gerente devolve 100 milhões”.
Mais cedo ou mais tarde a hora dele chega. Notícia importante é que, se Dilma for afastada, três ministros perdem a prerrogativa de foro e as investigações/processos vão parar em Curitiba. No cinema tem Batman contra Superman, em Brasília o filme é outro: “Super Cunha X Super Honestos”.