Por TAÍSA MEDEIROS (texto e foto), da Agência de Notícias da UFSM
O abandono de animais é um assunto recorrente e um problema de saúde pública comum no país. São vários os motivos que levam uma pessoa a abandonar um animal: desde um gato que arranhou o sofá, uma cadela que engravidou e os tutores não sabem o que fazer com os filhotes, até um cachorro que não para de latir durante a noite.
Assim, um animal que muitas vezes acabou de nascer é levado às ruas para enfrentar os mais diversos desafios e ficar vulnerável a situações de violência, fome, baixas temperaturas, entre outros.
Em Santa Maria, além do abandono nas ruas, está cada vez mais frequente o abandono de animais dentro do campus da UFSM. Por ser um lugar amplo, com espaço e área verde, e também por possuir um Hospital Veterinário e estudantes e funcionários que dão alimento e carinho, há a ilusão de que esses animais serão bem assistidos se deixados no campus.
“O pessoal sabe que tem bastante gente aqui que cuida, que alimenta. Acho que essa é uma situação que não vai acabar tão cedo, porque é uma responsabilidade cuidar de um animal, tem que passear, dar comida, carinho, tem que ter tempo”, comenta a funcionária do Departamento de Compras e Finanças Zélia Mocelin.
Zélia não é ativista de nenhuma ONG, no entanto, ao perceber animais abandonados em um lugar distante, viu que era necessário ajudar. Eram oito cachorros em uma estrada, todos estavam magros e com aparência doente, sobrevivendo até então com o pouco de comida dada por algumas pessoas que passavam pelo local. Desde então, a funcionária ajuda, dando comida e conforto, mas ao mesmo tempo tenta encontrar tutores para esses animais, o que não vem sendo uma tarefa fácil.
A adoção é uma das medidas discutidas pelo Projeto Zelo, criado em dezembro de 2014 pela UFSM para dar assistência a esses animais e inibir o abandono. Mas antes da adoção há um longo caminho a ser percorrido. “Identificar todos os animais que estão soltos é o primeiro passo. Por exemplo, há aqueles que estão sempre no mesmo lugar, é como um animal comunitário.
É um animal que não é de ninguém, mas é como se fosse de todas as pessoas que por ali transitam”, comenta o coordenador do curso de Medicina Veterinária, Alexandre Krause. Após esta identificação, é necessário capturá-los, castrá-los e chipá-los, para que haja um controle de identificação. Assim, será feito um cadastro em sites de adoção, para que todos os animais encontrem, enfim, uma família.
Para tanto, alguns fatores devem ser levados em conta na hora da procura pelo novo lar. “Não é todo mundo que tem condições de levar um desses animais para sua casa, a gente também não deve tentar assumir uma responsabilidade maior do que pode realmente”, afirma Alexandre. Também é necessário considerar que esses animais estão acostumados com o espaço do campus, por isso, a preferência é que pessoas que morem em casas, ou que possuam tempo necessário para passeios, os adotem.
Assim, após a captura, será necessário avaliar o grau de sociabilidade do animal e eventualmente submetê-lo a treinamento. “Desses animais agressivos também deve se fazer um treinamento, fazer um internato, para que eles respondam a comandos e a partir daí alguém se interesse, por exemplo, empresas de segurança”, completa o professor.
Ouvidoria registra aumento no número de reclamações
Segundo dados da equipe de Vigilância da UFSM, há no momento 58 animais abandonados no campus, um número menor do que já foi registrado em anos anteriores, mas ainda assim preocupante. O comentário geral era de que havia mais animais circulando do que nos anos anteriores, e a explicação para isto pode estar no fato de que eles têm permanecido em bandos próximos a locais de intensa circulação de pessoas, como o RU.
Segundo o ouvidor geral da UFSM, Jorge Renato Alves da Silva, as reclamações aumentaram significativamente neste ano. Jorge comenta que há relatos de agressões em paradas de ônibus, na fila do Restaurante Universitário, além de reclamações de que esses animais invadem espaços de sala de aula e moradias dos estudantes.
Muitos frequentadores do campus veem com bons olhos a presença dos cães abandonados. Para a moradora da União Universitária Lariane da Silveira Gastaldo, “os animais não invadem o espaço, o tornam mais alegre”. A estudante de Engenharia Florestal comenta que o único fator incômodo é quando começam a correr atrás de carros, bicicletas e motos e latem, provocando outros cachorros ou assustando as pessoas.
No entanto, é crescente entre a comunidade acadêmica o sentimento de que é preciso regulamentar o convívio dos animais comunitários no campus, conforme resultados de enquete no portal da UFSM.
“Tem que haver um tratamento para proteger os animais, mas na visão da Ouvidoria, é mais necessário ainda que se proteja a saúde das pessoas que frequentam o campus”, comenta Jorge Renato. Ele ressalta a importância do encaminhamento desses relatos para a Ouvidoria da UFSM. A Ouvidoria pode ser contatada pelo telefone 3220-9655 ou pelo site…”
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