ELEIÇÕES 2016. Com dificuldade para fechar a quota de candidatas mulheres, partidos tendem a improvisar
A busca de mulheres para concorrer à vereança, na boca do monte, está tirando o sono de muitos articuladores políticos. E a razão é singela: há muito menos pré-candidatos do gênero feminino que o mínimo exigido pela legislação. Explica-se.
Se um partido concorrer sozinho, e parece que será o caso em Santa Maria do PMDB e do PPL, por exemplo, poderá apresentar até 50% além do total de vagas disponíveis na Câmara de Vereadores. Isto é, 30 nomes. Destes, obrigatoriamente, 30% têm que ser mulheres. É a lei.
No caso de coligações, o número se expande para o dobro de vagas. Seriam, então, até 42 concorrentes. Destes, 12, necessariamente, serão mulheres. Mas, atenção: o número de candidatos no gênero feminino tem que ser 30% do total de candidatos e não do número máximo permitido pela lei.
Exemplo concreto: na edição desta segunda-feira o Diário de Santa Maria, reportagem assinada por Marcelo Martins, traz, entre outras informações, que uma agremiação diz ter 24 candidatos homens e 8 mulheres. Esse partido, se concorrer sozinho, terá que cortar o número de homens. Ou não cumprirá a lei. E olha que nem é o que está em “pior” situação, nesse quesito.
Dito isto, o que há, neste momento? Faltam mulheres candidatas. E não são poucas. Nenhuma agremiação, até aqui, se resolver ter o número máximo de concorrentes permitido por lei, conseguiu angariar candidaturas em número suficiente. Nenhuma, meeesmo.
Qual a saída? Ora, para manter os seus candidatos masculinos, sem cortes, só tem um jeito: incluir mulheres que serão uma espécie de “laranja”. Entram com o nome, mas não fazem campanha. Está-se delirando? Não mesmo. Isso já aconteceu em anos anteriores. É uma pena. Mas é fato. Pelo menos enquanto não houver participação das mulheres em quantidade semelhante a sua presença na política e, sobretudo, no total do eleitorado – em que elas são maioria.
Essa estória de obrigação de cotas para mulheres na lista de candidatos é no mínimo bizarra. Com certeza, míope.
Pois expressa a questão ridícula de representação de gênero, mais uma vez. Isso tem um nome: ideologia, sempre dissociada da realidade.
A questão principal na gestão pública é filtrar candidatos por competência comprovada, não é uma questão ínfima de representação de gênero.
A democracia precisa de pessoas competentes, independentes do que sejam.
Além disso há pencas de tipos de gênero hoje em dia.
Se realmente gênero fosse importante e a lei precisasse ser justa por causa disso, precisar-se-ia colocar cotas para todos os gêneros existentes, isso já prova o quanto a questão das cotas para mulheres é ridícula.