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CULTURA. Entregues prêmios aos vencedores do “Felippe D’Oliveira” e do “Fotográfico Cidade de SM”

Além do “literário”, também receberam seus prêmios os vencedores do “fotográfico”, entre eles a santa-mariense Andrea Kapssa, com a foto acima
Além do “literário”, também receberam prêmios os vencedores do “fotográfico”, entre eles a santa-mariense Andrea Kapssa, com a foto acima

Por RODRIGO RICORDI, da Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal

Santa Maria é reconhecida por cidade cultura por sua vasta movimentação artística. Daqui surgiram e por aqui passaram diversos nomes de destaque na literatura. Para celebrar a cidade como referência cultural, a Prefeitura, por meia da Secretaria de Cultura promove anualmente um concurso literário que chega em 2016 a sua 39ª edição. Também por sua quantidade de paisagens, artistas, museus, em 1978, foi criado o Concurso Fotográfico Cidade de Santa Maria, que até hoje recebe a cada ano vasta quantidade de trabalhos vindos de diversos pontos do país.

Ao final da tarde da última quarta-feira (24) foi entregue, em solenidade realizada na Câmara Municipal de Vereadores, a premiação do XXXIX Concurso Literário Felippe D’Oliveira e do XXXVIII Concurso Fotográfico Cidade de Santa Maria. Os dois concursos tiveram em 2016 recordes de trabalhos inscritos, sendo 933 textos entre contos, crônicas e poesias vindos de 19 estados do Brasil, Japão e Alemanha. No concurso fotográfico foram 613 trabalhos inscritos em cinco categorias, enviados por 165 candidatos, com participação de 22 municípios brasileiros. A lista completa com os vencedores esta no link: http://bit.ly/2bO0k0s .

A Secretaria de Comunicação e Programação Institucional, por meio da Assessoria de Imprensa divulga os trabalhos premiados nos dois concursos para download. Do concurso literário, disponibilizamos os primeiros lugares e menções honrosas, e ainda as 17 fotos premiadas.

A SEGUIR VOCÊ CONFERE A CRÔNICA VENCEDORA:

Se eu pudesse escrever como nosso cão – por MARIANA SALOMÃO CARRARA, de São Paulo

“Se eu pudesse escrever do jeito que a nossa cachorra escreveria, talvez eu pudesse descrever o som exato da sua chave no bolso, que deve tilintar sempre do mesmo jeito quando o elevador estanca aqui no último andar. O chaveiro num ruído metálico que é tão seu que ela sempre sabe se é você chegando ou só mais um vizinho do andar. 

Se fosse possível escrever do jeito que a cachorra escreveria, esse ruído da chave seria assim sinestesicamente você, mas só aquele você que vem da rua. Uma coisa que você traz quando vem do mundo lá fora, e que tem cheiro de metal, cheiro que talvez seja parecido com sangue, e que toca um sino discreto nos seus primeiros passos pra fora do elevador como se anunciasse que você está quase pronto para se tornar de novo parte da instituição preciosa do lar.

E então eu literariamente acrescentaria – mas só se eu pudesse escrever do jeito que a nossa cachorra escreveria – que esse ruído me põe ansiosa e ao mesmo tempo tranquila porque a crônica de todo dia deu certo, você venceu tudo isso que deve fazer lá fora, e voltou pra casa, e é por isso que é preciso correr até a porta e mostrar que o amor continua igual, antes que você possa avançar pela casa e pensar, por um segundo, que estava tudo bem enquanto você demorava. 

Se eu pudesse escrever assim como a nossa cachorra escreveria, eu diria que você traz da rua o cheiro de tanta coisa, e que por alguns minutos eu me sinto sufocada pelo café de uma repartição que eu não conheço, fumaça, diesel, poças na barra da calça, e eu registraria também o cheiro furtivo de outros cães que você tocou nas calçadas. E eu diria que o seu cabelo endurecido do vento da bicicleta e a pele só um pouco molhada do calor e a barba com o cheiro do sabonete do lavabo desse lugar que eu não conheço, eu diria que eu percebo tudo isso quase antes de você abrir a porta e que você seria pra mim a soma encantadora dessas informações que traz todos os dias. 

E eu escreveria sobre a diferença da sua voz quando ela vem de cima e quando ela vem debaixo, e sobre a emoção que é deitar no seu travesseiro enquanto você não vê, porque é como estar em você, quase como ser você, todos os seus cheiros dos últimos meses amalgamados em plumas ou algodões embaixo de mim, e com tudo isso eu poderia te descrever como ninguém jamais fará, só alguém que pudesse escrever como a nossa cachorra escreveria sobre você. 

E enquanto ela não escreve e enquanto estamos eu e ela aqui por acaso sem você, fico achando bom o confinamento humano do que eu possa escrever, e que eu não adivinhe o avançar dos seus chaveiros, nem os seus passos, e que eu não seja assim de tantas fidelidades e esperas, e que você chegue de repente e a gente faça junto esse espetáculo pra ela, esse show cotidiano que é tudo que ela conhece e mais ama, ela que não pode escrever sobre o que é essa casa quando não estamos aqui, esse lugar que deve ser o santuário máximo da liturgia canina. 

Enquanto ela não escreve sobre você, conto pra ela, como se fosse uma novidade, que você vai chegar e a gente vai se jogar no sofá totalmente exaustos de tudo o que acontece lá fora, e que ela vai subir ao mesmo tempo nas nossas duas cabeças, pisando agitada na nossa cara, com o coração disparado como se a felicidade fosse tanta que não pudesse caber dentro dela, dentro de nós, nem dentro da casa inteira. 

Chega logo.”

PARA CONFERIR SOBRE A SOLENIDADE, confira a reportagem “Legislativo realiza Sessão Solene de premiação do XXXIX Concurso Literário Felippe D´Oliveira e XXXVIII Concurso Fotográfico Cidade de Santa Maria”, de Clarissa Lovatto Barros, da Assessoria de Imprensa da Câmara (AQUI)

CLIQUE AQUI E CONFIRA A POESIA O Cego, DE DENISE REIS

CLIQUE AQUI E CONFIRA O CONTO Dez e Cinquenta e Sete, DE MARIANA GARGHETTI BUSS

CLIQUE AQUI E CONFIRA O CONTO Milena, DE RICARDO CRUZ

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