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TRAGÉDIA. Deputados cedem às pressões e a Lei Kiss, que era um modelo para todo o País, virou um restolho

kiss seloSó dá mesmo é para sentir saudade. 39 deputados contra um (Pedro Ruas) e a abstenção dos demais, aprovaram mais uma mudança na melhor lei de prevenção contra incêndios do País, a chamada Lei Kiss. E olha que ela, lá nos primórdios, contou com aprovação unânime dos parlamentares de então e da sociedade. E era mesmo muito boa.

Era, sim, capaz de impedir novas tragédias, como a da Kiss com suas 242 mortes de meninos e meninas. Aos poucos, foi se desfigurando. A ponto de, agora, virar um restolho (lembrança da infância do editor para o sabugo de milho que para nada prestava). Ah, e como o que é ruim sempre pode ficar pior, emenda recente, por exemplo, flexibiliza tanto a legislação original que as inspeções em casas noturnas, que seriam a ser anuais, agora só de dois em dois anos. Pois é. Ah, e os alvarás, agora, são para cinco anos. E no meio do caminho? Ah, tá.

Para saber mais do que aconteceu na Assembleia Legislativa, nesta terça, confira o material originalmente publicado no G1, o portal de notícias das Organizações Globo. A foto é de Marcelo Bertani, da Agência de Notícias do Legislativo. A seguir:

Na sessão que “flexibilizou” a Lei Kiss, PT se absteve, Adão Villaverde fez declaração de voto, Ruas foi contra. E bombeiros estiveram presentes
Sessão que “flexibilizou” a Lei Kiss: PT se absteve, Adão Villaverde fez declaração de voto, Ruas foi contra. E bombeiros estiveram presentes

Assembleia Legislativa do RS aprova projeto que altera a Lei Kiss

…A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou na tarde desta terça-feira (30) em Porto Alegre o projeto de lei que altera a Lei Complementar 14.376, conhecida como Lei Kiss por dar mais rigidez à fiscalização de casas noturnas após a tragédia que matou 242 pessoas em 2013em Santa Maria, na Região Central do estado. As alterações haviam sido aprovadas no começo de agosto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da casa.
Foram 39 votos favoráveis e um contrário, do deputado estadual Pedro Ruas (PSOL). Durante a sessão, foi aprovada uma emenda do deputado Gabriel Souza (PMDB). Com isso, ficam alterados os prazos de validade do Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (APPCI). Inicialmente o documento tinha validade de um a três anos. Agora passa a ser de dois a cinco anos, de acordo com a classificação de ocupação e uso da construção.

Além disso, as inspeções para locais de reuniões de público, como auditórios, casas noturnas, entre outros – todos de risco de incêndio médio e alto – deixam de ser anuais e passam a ser feitas a cada dois anos.  Já nos demais locais serão feitas a cada cinco anos.
Segundo a Assembleia Legislativa, não houve alterações em edificações com risco alto.

O projeto é de autoria do Executivo, e foi elaborado após o governo ouvir reivindicações de entidades que representam empresários e produtores, que defendem uma flexibilização nas regras de prevenção a incêndios.

O objetivo, segundo a justificativa elaborada pelo Piratini, é agilizar a liberação de alvarás do Plano de Proteção Contra Incêndios (PPCI) para casos de baixo e médio risco, sem prever alterações relacionadas a construções consideradas de alto risco.

A proposta sugere uma terceira possibilidade de licenciamento. Além do Plano Completo do PPCI e do Plano Simplificado do PPCI, os empresários também podem obter um certificado de licenciamento. O processo é feito de forma eletrônica e não tem custo, mas só pode ser adotado para estabelecimentos com área de até 200m², até dois pavimentos e grau de risco de incêndio considerado médio ou baixo.

“Esses empreendimentos não precisam mais passar pelo processo do alvará, nem pela análise e vistoria do Corpo de Bombeiros, mas seguem sujeitos às rotinas de fiscalização”, diz a justificativa do projeto de lei.

Ainda conforme a justificativa do texto, a proposta aumenta a responsabilidade de adequar os prédios às regras dos empreendedores e engenheiros ou arquitetos. Segundo a assessoria do deputado Frederico Antunes, o projeto não se trata de uma “flexibilização”, mas de um “aperfeiçoamento” na lei.

Pais de vítimas contestam nova regra

Entretanto, a proposta não é vista com bons olhos pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). O presidente da entidade, Sérgio da Silva, diz que flexibilizar as leis referentes à prevenção contra incêndios significa desvalorizar as pessoas que perderam parentes na tragédia em Santa Maria. “Nos sentimos sem valorização nenhuma. A lei foi feita para preservar vidas e no final o que acontece?”, questiona.

Apesar de concordar que deve haver diferenciação na legislação voltada a pequenos e grandes estabelecimentos, o militar da reserva que perdeu o filho Augusto Sergio Krauspenhauer da Silva na boate Kiss reclama de um grupo de prefeitos e empresários que tenta reduzir as exigências de prevenção. “Há um movimento de empresários que querem dinheiro e prefeitos que, em vez de proteger a sociedade, só querem investir e esquecem o cidadão”, protesta.

Silva lembrou o incêndio que causou sete mortes em Arroio dos Ratos, no dia 21 de julho. Segundo eles, há semelhanças entre o fato e o incêndio na Kiss. “Aconteceu a mesma coisa, fecharam as janelas do local”, lembrou.

O presidente da entidade também reclama da impunidade, afirmando que de nada adianta criar uma nova lei se as pessoas que a descumprirem não forem punidas, como ele acredita que aconteceu após a tragédia da Kiss em relação a integrantes da prefeitura de Santa Maria e do Ministério Público. “Se tivessem cumprido o mínimo da lei anterior, não teria acontecido”, disse.”

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

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4 Comentários

  1. “Pior, começou a “atrapalhar” a atividade econômica.”?!?!?!

    Quer dizer então que a SEGURANÇA das pessoas… Que a VIDA HUMANA… é menos importante que a “atividade econômica”???

    “Não é “ganância”, as pessoas precisam ganhar a vida”
    Ah! Tá bom!!!!!!

    Assim pensavam os “proprietários” daquela armadilha chamada “Kiss”…

    Triste ver que DINHEIRO e POLÍTICA são mais importantes que a SEGURANÇA e a VIDA HUMANA!!!!

    Realmente acho que “desembarquei” no planeta errado!!!!

  2. Até agora não via avanços em relação a antiga Lei de Prevenção e Proteção Contra Incêndio e Pânico Lei 10.98797.
    A lei antiga era muito boa, na atual os itens preventivos são praticamente os mesmos. O que continua faltando é fiscalização “in loco”, os inspecionantes do Corpo de Bombeiros são insuficientes apesar de serem capacitados. Ora como o Estado é ineficiente na fiscalização flexibiliza-se ou entre outras palavras deixa-se de fiscalizar alguns estabelecimentos que na visão de Deputados que não conhecem a realidade ou não saem de seus gabinetes acham de menor gravidade. A boate Kiss era relativamente pequena e deu no que deu. Vou dar um apenas um exemplo pela nova flexibilização aprovada: Um armazém com apenas 50,00m2 (risco médio) Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndio -APPCI liberado sem inspeção do órgão fiscalizador, que constitucionalmente deveria faze-la, tudo ok. SERÁ…. Aqui pode ocorrer um acidente pois este estabelecimentos geralmente estocam “FOGOS DE ARTIFÍCIO” de maneira totalmente inadequada e em quantidades variadas. AI A PERGUNTA. Corpo de Bombeiros não fiscalizou, Assembléia Legislativa aprovou a lei quem será o responsável, caso aconteça um acidente? RESPOSTA – Novamente o culpado será esta possível vítima.

  3. Depois da tragédia a Assembléia ficou pressionada a dar resposta. Aprovaram relativamente rápido uma legislação muito restritiva.
    Dai surgiram os problemas. A legislação antiga era regulamentada, existiam divesas portarias e notas técnicas que acabaram no lixo com a nova lei. Resultado foi mais confusão e paralisação de atividades.
    Também existia o problema de estrutura, os bombeiros não tinham pessoal capacitado em número suficiente para implementarem a lei em prazo razoável. Pior, trabalhar no setor de licensiamento virou atividade de risco. Pior, começou a atrapalhar a atividade econômica. Não é “ganância”, as pessoas precisam ganhar a vida.
    Baixada a poeira, vieram os ajustes. Não é o melhor dos mundos, mas é o factível. Ainda assim, existe gente acordando de madrugada para pegar ficha para tirar alvará em muitos lugares. Documento que demora para sair.
    Membros da associação, pelo que se sabe, têm um título de eleitor igual ao dos outros, isto é, permite votar uma vez só em cada eleição. Têm todo o direito de espernear, mas se fosse para atender só os interesses deles, a lei teria sido encomendada à associação e a assembléia simplesmente chancelaria o resultado.

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